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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Dia das Mulheres – os desafios da mulher no mercado de trabalho

Advogada enxergou uma oportunidade de auxiliar empresas e o Poder Judiciário por meio da mediação extrajudicial online

No dia 08 de março é celebrado o Dia Internacional das Mulheres. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1970, e simboliza a luta das mulheres em busca de direitos. Hoje, 53 anos depois, as mulheres seguem lutando em busca de espaço, especialmente no mercado de trabalho. É o caso da advogada, mediadora e diretora da Mediar Group, Mírian Queiroz, que para realizar o sonho e fundar a sua própria empresa, teve que enfrentar as jornadas múltiplas, a falta de incentivo aos empreendimentos liderados por mulheres e o medo do desconhecido.

Ingressar na faculdade de Direito tinha um grande significado para Mírian, o curso representava a oportunidade de fazer a diferença na vida de outras pessoas. Movida por esse senso de justiça, ela iniciou a faculdade em 2010. Na graduação, aprendeu que o bom advogado nunca cede e deve estar sempre pronto para a batalha, mas essa visão mudou.. Em 2016, ao conversar com uma amiga, se encantou pelo tema e decidiu que sua carreira jurídica passaria por uma transformação. A partir daquele dia, a advogada dedicou o seu tempo para se aprofundar no assunto e conhecer mais sobre os métodos autocompositivos de resolução de conflitos.

Os métodos autocompositivos são formas de solucionar um conflito de maneira pacífica e dialogada, com o auxílio de um terceiro imparcial e neutro (conciliador ou mediador), as partes conseguem chegar a um acordo que seja benéfico para todos os envolvidos. “Quando conheci a mediação fiquei encantada, muitos colegas e especialistas em Direito já falavam sobre a iminente crise do Poder Judiciário por causa do volume de ações. Comecei a pesquisar sobre o tema e percebi que estava preparada para atuar nessa área. Para tanto, realizei o curso de mediação judicial/extrajudicial e outros cursos complementares”, explica Mírian Queiroz, advogada, mediadora e diretora da Mediar Group – empresa especialista em acordos extrajudiciais.

Após o período de especialização, chegou o momento de colocar todo conhecimento em prática. “Entrar nessa área foi um verdadeiro desafio, apesar da mudança do Código de Processo Civil, que tornou obrigatória a audiência de conciliação antes de uma ação ser ajuizada, encontrei alguns empecilhos no caminho. A cultura do litígio está enraizada na sociedade, sendo o processo a primeira alternativa para as pessoas que buscam solucionar um conflito, o assunto ainda era muito novo, mas consegui atuar em uma câmara de conciliação”, relembra.

Atualmente, o Poder Judiciário possui mais de 77 milhões de ações em tramitação, de acordo com o relatório Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça. “Após a conclusão do meu curso atuei na área de mediação extrajudicial, mas queria fundar a minha própria empresa. Além da minha paixão pela via alternativa, o grande volume de ações no Poder Judiciário me encorajou a tirar o sonho do papel. Passei a estudar sobre empreendedorismo e descobri uma nova paixão”, diz.

O Brasil é o sétimo país com o maior número de mulheres à frente dos negócios, segundo a pesquisa realizada pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor 2020/2021), dos 52 milhões de empreendedores no país, 30 milhões são liderados por mulheres. De acordo com Mírian, a jornada não foi tão simples. “Eu trabalhava com a mediação, mas meu coração também batia forte quando pensava em ter o meu próprio negócio, mas ao avaliar a possibilidade de me tornar empresária, sentia medo do desconhecido. Ao observar o mercado, percebi que para as mulheres existiam mais desafios e que as dificuldades não ficariam restritas ao ramo jurídico”, revela.

Em outubro de 2019, Mírian realizou o seu grande sonho, lançou a Mediar Group – empresa especializada em acordos extrajudiciais. “Foi um passo muito importante na minha vida, ser empreendedora me faz refletir sobre uma série de coisas, pensava nos meus filhos, tinha receio de não conseguir dar suporte, caso eles precisassem. Além disso, tentava conciliar vida pessoal e vida profissional. Percebi que o incentivo para as mulheres que querem ter um negócio é baixo. Recordo que havia diferença no acesso ao crédito,  a taxa de juros era maior para mulheres. Iniciei o meu negócio com um computador, um celular, amigos que acreditavam no meu trabalho e muita coragem. Empreender não é fácil para ninguém, mas vi que as mulheres têm preocupações que vão além do negócio. Apesar dessas dificuldades, não desanimei. Decidi que na minha empresa seria diferente, as mulheres teriam um lugar de destaque”, comenta.

Em 2020, a advogada lançou mais uma empresa no grupo, a MediarSeg, que nasceu para auxiliar o setor securitário na redução de processos. “Estamos desenvolvendo um trabalho muito importante nesse setor. Um de nossos clientes já foi agraciado pelo CNJ e pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) por utilizar a mediação extrajudicial online na finalização de disputas. Estou muito feliz com os resultados que estamos alcançando, na verdade, é uma grande conquista, afinal, iniciei meu negócio e logo veio a pandemia, momento delicado para todos”, pontua. 

Apoio feminino
Mais de 95% do quadro de colaboradores da Mediar Group é composto por mulheres. “Já vi muitas histórias de excelentes profissionais que tiveram sua competência questionada por causa da sua dupla jornada. Particularmente, acho essa situação absurda, também sou mãe e não poderia deixar de dar oportunidade, especialmente, para o público feminino. Obviamente, todos os currículos são bem-vindos, mas acho importante abrir espaço para as mulheres “, explica.  
Para a diretora da Mediar Group, o mercado de trabalho está evoluindo. “Hoje acompanhamos mulheres assumindo cargos de liderança em grandes empresas. Acredito que as contratações e remunerações devem ser pautadas pela competência do profissional, não pelo sexo. Meu desejo é que as mulheres conquistem vários prêmios, seja na área da ciência e tecnologia, no setor jurídico, sendo destaque nos esportes ou conquistando qualquer posição que ela desejar”, finaliza. 

Autora:

Priscila Botelho

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