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quarta-feira, 24 de julho de 2024

O samba transcende fronteiras

Esse fim de semana fui a [mais uma] roda de samba. O meu programa preferido é ir para o samba. Gosto de como o coração vibra no ritmo dos tantãs e como, mesmo sem malemolência, as pernas se entrelaçam e o quadril remexe ao som do pandeiro. Para você saber sambar, você não precisa saber dançar. Você precisa sentir o samba.

Gosto do samba e das cores que só ele tem. Do gosto da cerveja gelada. Dos cheiros que se misturam. Dos amigos que se unem pelo samba e dos amores que se separam por causa do samba. E dos amores que se rendem ao samba também. Da mistura entre “insano-sagrado- profano” que é o samba.

Ainda em Barcelona, toda vez que vou a uma roda, os versos “Sabemos agora, nem tudo que é bom vem de fora” ecoam de uma forma especial. Fico pensando que essa é uma verdade universal. Ir a uma roda de samba fora do Brasil me acalenta o coração pois é o lugar, no sentido mais geográfico do conceito, onde encontro quem conhece a dor e o prazer de ser samba. Onde samba e Brasil se confundem não de uma forma caricata, mas a partir de uma “coisa de pele”, como sabiamente canta Jorge Aragão. É onde “o povo assina a direção”.

Tenho levado alguns amigos que fiz aqui no Velho Continente para as rodas de samba para mostrar que “o banjo liberta”. Gosto de ver as reações e os sorrisos amarelos quando chega um dos nossos e os abraçam em um só tom. Na roda de samba todos somos conhecidos mesmo se nunca mais nos vermos. Todos nos abraçamos para lembrar de Beth Carvalho e dos muitos que deixamos em terras brasileiras. Abraçamo-nos também para lembrar de Zeca Pagodinho e de toda a cerveja que deixamos de tomar com os que ficaram. Mas aí vem a lembrança de “Não deixe o samba morrer” que, de certa forma, também é uma maneira de não nos deixarmos morrer. Em qualquer lugar do mundo, somos samba. E nos multiplicamos a cada vez que lembramos que “O show tem que continuar”.

É bom se sentir pertencente, mesmo nas fronteiras que o mundo nos impõe. Talvez o samba seja isso: um transcender fronteiras. Por fim, lembro de registrar para os que me leem – ou apenas para eu internalizar, de algum jeito – “Minha preta não sabe o que eu sei e nem o que vi nos lugares onde andei…Quando eu contar, Iaiá, você vai se pasmar…”

Autora:

Samarane Barros

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