Quem nunca ouviu falar em Amor de Carnaval, a paixão instantânea que leva as pessoas ao delírio? Mas tem um problema: não funciona com o marido ou a esposa! Duvida?
O casamento de Hilal e Vera andava morno, sem aquela chama ardente que, a rigor, nunca existiu. Ela se envolveu com um aviador, acreditou que fosse o amor de sua vida, mas o cara voou para longe e ela ficou na mão e com teste de gravidez positivo. Aí ciscou para cima do comerciante Hilal, solteirão, 12 anos mais velho e louco por ela, e aplicou o “golpe da barriga”. Não é nenhum deus grego, mas tem muita grana, ou seja, é quase um “sultão turco”. Ele propôs casar para reparar o dano e o pai dela se emocionou, pois Vera é rodada na vizinhança. Mas com o tempo e o casamento, julgou que as fofocas terminariam.
O teste foi um falso positivo, a gravidez não vingou, mas Hilal não retrocedeu. Vera é jovem, bonita, corpo escultural e ele, embora bem de vida, é fraco de feição e jamais teria alguém como ela, exceto por dinheiro. Casaram-se em 20 dias, toda semana rolava sexo sem açúcar e sem sal, mas a volúpia da moça nunca se acabou.
As brigas e as cenas de ciúme eram constantes e Vera sugeriu casamento aberto para a relação não descambar (e para não perder as regalias propiciada pela grana do turquinho). Na hora ele topou, mas ao assuntar no boteco, o bartender Chico Fuinha explicou o que era aquilo e Hilal quase explodiu, mas se conteve.
- Então é isso? – disse aos amigos do bar. Ela quer liberdade para sair com quem quiser? Faz testdrive à vontade e depois me chuta? Ela me paga.
- Não importa o copo em que se bebe, o que interessa é ficar bêbado – foi a sugestão de Alceu, presidente do Conselho do Bar.
- O que você quer dizer?
- Faça a mesma coisa você também!
As regras do casamento aberto eram: 1) Avisar quando irá sair; 2) Não sair com amigo comum; 3) Sem perguntas no dia seguinte. Ela deve ter algum esquema, pensou. Sai 2 ou 3 vezes por semana, bem arrumada, maquiada e não tem hora para voltar. Hilal engole a seco, avisa que vai sair também, mas vai beber com os amigos.
Pouco antes do carnaval, o assunto no bar eram as desculpas em casa para dar uma escapada, até que alguém lembrou a sorte do Hilal. Com o tal casamento aberto, ele não precisa inventar desculpa. É só dizer “vou sair” e ponto final. A garçonete Magda sugeriu que saíssem no bloco carnavalesco TôKiTô, que desfilará domingo, após 2 anos inativo por causa do Covid. O TôKiTô é ideal para tiozão sem parceira e periguete à caça de patrocinador. O desfile vai das 15h às 18h, portanto sem necessidade de alvará em casa. Magda disse onde vendem abadás e máscaras e explicou as regras do bloco: os pares se formam às escuras e é proibido tirar a máscara ou revelar os nomes, mesmo se rolar sexo. É só diversão anônima e nada mais.
Vera e Hilal avisaram um ao outro que sairiam no domingo à tarde. Ninguém questionou e cada qual tomou seu rumo, ambos com uma sacola na mão. Os amigos do bar não se encontrariam. Sigilo absoluto. Depois compartilhariam a experiência no TôKiTô.
Não demorou para Hilal se dar bem. O traje de Homem Aranha cobriu o rosto por completo e ele fisgou uma Batgirl de lindos olhos, belo sorriso e corpo malhado. A máscara dela também não revelou o rosto. Após 1 hora, o calor era muito forte e ela quis se refrescar. Entraram num hotel, tiraram as fantasias, exceto as máscaras, tomaram banho e foram para a cama. A temperatura corporal foi do normal a “arre égua” em segundos, numa explosão de luz, de dar inveja à Liga da Justiça. Vários casais também abandonaram o bloco e o hotel lotou.
Às favas com as regras do bloco. Hilal retirou a máscara de Homem Aranha e Batgirl fez o mesmo. Magda, muito mais bonita sem o traje de garçonete, disse que seu primo é diretor do TôKiTô, sabia qual Homem Aranha procurar e o casal passou o restante do carnaval no hotel. Dois andares acima, a Mulher Gato e o Máscara copularam até sentirem câimbras. Também retiraram suas máscaras, mas Vera e Chico, o bartender Fuinha, não se reconheceram. Conversa vai, conversa vem, Fuinha descobriu que a Mulher Gato é esposa do Hilal, mas ficou na sua.
Na quarta-feira de cinzas, Vera e Hilal se encontraram no café da manhã na padaria, exaustos. Segundo o acordo do casamento aberto, nada perguntaram e nada disseram. Porém, ele sabia que tinha violado uma das regras, embora enganado pela máscara da Batgirl. Subitamente, decidiram acabar com o casamento aberto. Rolou até sexo de reconciliação. Diz o ditado que às vezes é melhor fazer o que se faz com vinho ruim e manter a rolha na boca. Nunca falariam sobre aqueles dias. O que acontece no carnaval, fica no carnaval.
Semanas mais tarde, Vera descobriu nova gravidez, agora garantida. Hilal, feliz da vida, voltou ao bar para contar a novidade aos amigos. Ficou sabendo que a Magda engravidou, casou com o bartender Chico Fuinha e voltaram para o Ceará.
Coincidência, pensou Hilal. As duas grávidas na mesma época! Quem seria o pai de quem? É como dizem, no carnaval, ninguém é de ninguém! Vida que segue.
Hahahahaha!
Ninguém é de ninguém e salve-se quem puder. KKK. Obrigado pelo comentário, Pascoal.
Nada como um Presidente do Conselho do Bar, para desanuviar as ideias. Miuito bom, Laerte.
Bons conselhos. KKK. Obrigado pelos comentários Regina. Publico toda sexta, 10h. Abraço.
Muito bom… As agruras do Carnaval…
Nove meses depois é o baby boom tupiniquim kkkk
Com certeza. KKK. Obrigado pelo comentário, Silvia. Publico toda sexta, 10h. Abraço.
Sempre bem humorado e criativo. Adoro suas crônicas. Muito boa
Agradeço pelo comentário Milza. Abs
Tem coisas que é melhor deixar quieto mesmo …. Rsrs
Tem razão. KKK. Obrigado pelo comentário, Márcia. Publico crônica nova toda 6a, 10h. Abraço.
Se faz parte das regras melhor ??? e sem teste de DNA
Obrigado pelo seu comentário, Rosa. Publico todas as sextas, às 10h