Na grande fazenda, os bois não discutem; apenas aceitam.
Seguem a trilha do capim verde, sem questionar.
Não se incomodam com a cerca, por mais que elas os limitem.
Vivem felizes; procriam, brincam – para eles tudo é diversão.
Acredito que sabem quando chega a hora da morte – a hora do abate!
Não se assustam, nem reclamam, apenas seguem o líder da boiada, que também morre!
Por essa fazenda já passaram milhões de bovinos. Suas vidas, além de efêmeras, não deixam nada, além de uma cartilha, que ensina a submissão aos descendentes. Nada de questionamentos ou revoltas. Ensinam a suas proles que o importante é manter as aparências! Chifres e cascos lustrados…
Entre si, eles até brigam, mas jamais discutem o porquê estão confinados. O porquê das
cercas. Detestam, ou não sabem o valor de um diálogo. E seus embates, sempre terminam
em “pizza”!
Desde pequeninos, aprendem com seus pais que a única coisa que importa é manter a barriga cheia, por isso, só enxergam o capim verde. Tudo que importa é viverem onde haja comida, água e diversão.
Lá, nesta fazenda, tudo é alegria – nos pastos trocam mensagens entre si, destacando seus atributos externos, como seus corpos, exibindo – vestuários, relógios, carros: coisas que o fazendeiro permite e vende…
E vivem um eterno carnaval…
Autor:
Jaeder Wiler
Ótima crônica… e quantas saudades da fazenda… não há lugar melhor para se viver…