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domingo, 21 de julho de 2024

A política externa francesa sob o comando do presidente Macron

A França, sob a presidência do presidente Emmanuel Macron, pelo segundo mandato, outubro 2022, conhece um declínio anotável, diante das correntes extremistas no nível do pensamento intelectual e práticas de políticas públicas, bem como no nível das manifestações dos subúrbios de imigrantes revoltantes, dada a situação social e econômica, além da oposição dos adversários internacionais, caso de Angela Merkel, ex-chanceler alemã, deixando um vazio a titulo do equilíbrio, no nível das políticas externas francesas.

 Com base em alguns tópicos da política externa francesa, levantados pelo Palácio Quai D’Orsay, referentes as tensas relações entre o primeiro-ministro italiano Meloni e Macron, e da política de rivalidade do presidente turco Erdogan contra Macron, nos dossiês da Síria, da Líbia, do Marrocos, da Argélia, e da mediação para com o saara marroquino.

Interrogando sobre a situação e posição da França?

A França conheceu ao longo desta última década, muitos congestionamentos sociais, tentativas de contornar a situação dos direitos humanos e conquistas sociais, face ao fervor das manifestações quase diárias nas ruas francesas, e nos espaços midiáticos, alimentandos o ódio, a demonização,  contra os imigrantes e o Islã, suportando a direita e extrema-direita nos conselhos regionais e parlamento, acirrando a competição nas eleições presidenciais locais, regionais e no parlamento europeu, e de forma radical e extremista.

É de fato a extrema-direita vive seus melhores dias desde 2015, em mais de um país ocidental, o caso da França do Presidente Emmanuel Macron, ele enfrenta um sério declínio face às correntes extremistas, tanto no quadro do pensamento das teorias intelectuais, como na opinião pública, cujos subúrbios dos imigrantes revoltantes,  devido as difíceis condições de vida e profissional,  num clima preocupante, e de muita reflexão sobre o andamento da situação no resto da europa. 

Muitos intelectuais consideraram que o  vazio causado pela chanceler alemã Angela Merkel tem afetado muito o desempenho de Macron, perdendo o seu equilíbrio, perante a Grã-Bretanha e a América, consequência do acordo submarino australiano anulado no valor de 35 mil milhões de euros, enorme decepção para a política externa francesa, chamando o embaixador do Washington para consultas, e Austrália foi compensar a empresa francesa Naval com 585 milhões de euros.

Tal situação, cada vez mais difícil para o Presidente francês, Macron, que interrompeu uma série de consultas com a Rússia, em 2019, perdendo o papel de mediador para com o presidente russo, Vladimir Putin, na guerra ucraniana. Uma vez que a sua mediação, no segundo turno das últimas eleições presidenciais, face a Marine Le Pen, foi em vão,  visando o  diálogo com Putin e defender a Europa.

Outro fator inflenciador na política externa francesa e do palácio Quai D’Orsay, foi ligado ao papel do ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, maio 2017 a abril 2022, a titulo do ex-presidente socialista do François Hollande, ocupando a pasta da defesa.

Lembrando que a França  tem construído suas amizades e políticas externas com base no volume de compras de armas da França, caso da visita do chefe do Estado-Maior do Exército argelino Said Chanegriha, e a primeira visita da nova ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, para África, mais precisamente o Mali, zonas de tensões tribais incessantes, acompanhada do ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, objeto das tensas relações entre o primeiro-ministro italiano Meloni e Macron, sobre o dossiê da Líbia e a expansão das empresas italianas na Argélia, bem como a empresa “ENI”, como se disse, puxando o tapete da empresa francesa “Total Energy”, dada a situação na Ucrânia, da oposição da OTAN e da imigração clandestina, preocupando europa.

O presidente Macron, apesar de ter assinado acordos de parceria estratégica com o governo de Mario Draghi, 2021, e Pedro Sanchez em 2022, surpreendeu a todos sobre o projeto “Medcat”, ligando Portugal, Espanha, França e Alemanha, na margem da cimeira euro-mediterrânica, realizada na cidade espanhola de Alicante, em dezembro de 2022.

Outras zonas cinzentas foram traduzidas nas relações entre o alemão Olaf Scholz, e o novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, outubro de 2022, sobre um acordo de limitar a imigração no Canal da Mancha em troca de $95 milhões pagos por Londres a Paris.

Revelando este segredo de rivalidade política entre o presidente turco Erdogan e Macron sobre o dossiê da Síria e Líbia, por um lado, e a mediação na guerra ucraniana com a Rússia, por outro lado, mantendo a presença turca nos países do Sahel e Saara, como uma forma de tensão em detrimento da França, dados os investimentos e a crença religiosa do pregador, “Mahmoud Deco”.

Perante tudo isso, o equilíbrio da política externa francesa permanece difícil, seja em relação com os países do Golfo, onde a manipulação dos relatórios sobre os direitos humanos, negócios de armas e injeções de muito dinheiro na economia francesa por meio da compra de empresas em dificuldades, ou em relação as antigas colônias africanas. A França deixou, por exemplo, a Tunísia, enfrentando seu destino sozinha, vulnerável e devorada pelo regime argelino, considerando-a como uma província argelina, levando a elite tunisiana a criticar de forma grosseira o regime argelino, dadas as declarações da situação interna da Tunísia, quando da visita do Presidente argelino Tebboune a Roma e perante a visita de Giorgia Meloni à Argélia.

Outro caso da ativista argelino-francesa, Amira Bouraoui, considerando as relações franco-argelinas provocantes no horizonte da visita do presidente argelino Tebboune a Paris, maio do ano passado, alguns dias antes da visita de Said Chanegriha, janeiro passado. Estas repercussões acabaram levando o presidente da Tunísia, Qais Al-Saeed, a pedir a demissão  do ministro das Relações Exteriores, motivo a oposição da Argélia, como forma de protesto.

Os protestos do regime militar argelino implicam o presidente, Macron nos dossiês, caso da memória coletiva franca-argelina, a devolução de caveiras, época da guerra civil argelina, além dos vistos para os argelinos que o presidente Tebboune argelino reclama, apesar da humilhação e da indignação, encobrindo os interesses dos colonos.  Alguns acordos econômicos foram celebrados sob novas concessões da riqueza do gás e petróleo, aumentando a rivalidade da  Rússia, através das equipas de Wagner, presentes em termos de segurança, Mas a empresa “Total Energy” instrumentaliza os investimentos nos meios de gás natural e petróleo, por preços preferenciais, visando os contratos de longo prazo, vistos pelas lentes da mídia francesa a título de parceiro confiável, dado o gás da empresa Sonatrach em favor da empresa francesa “Total Energy”.

 Além dos Representantes do partido de Macron no Parlamento Europeu comprometer-se a votar pelos interesses do regime militar argelino, em troca manter o escoamento de gás natural da empresa Sonatrach.

 Muitos pesquisadores consideram a política externa francesa arrogante, explorando o antigo passado colonial com os países africanos, causando muitas dificuldades no momento em que se conhece uma grande revolução digital e tecnológica, diminuindo assim muito o poder nos países da África Ocidental, dos quais muitos países denunciam e pedem o fim do sistema monetário único do franco francês e a diversificação dos parceiros econômicos.

 Além disso, alguns países do Sahel, Saara e África do Sul, os quais exigem que os exércitos franceses deixam seus países, cujos outros teriam assinado com as equipes russas “Wagner”, presentes nas suas terras, enquanto sete golpes militares anotados em seis países do Sahel subsaariano, cujos povos nativos consideram os golpistas militares, salvadores das pátrias ou de menor prejuízo. Isso traduz mais uma vez o título do fracasso da política externa francesa nos países do sul do Sahel saariano, seja um forte sinal da necessidade de mudar a política de acordo com a mentalidade da nova geração de líderes políticos africanos e dos sonhos dos povos africanos em explorar seus recursos naturais em programas de desenvolvimento econômico e social.

Interrogando se  a indicação do ex-ministro da Defesa e Relações Exteriores, Le Drian, 70 anos, para chefiar a administração do Instituto do Mundo Árabe no lugar de Jack Lang (83 anos), programado para o próximo mês de Março, pelo presidente Macron, e com a recomendação do Conselho Supremo do Instituto é considerado como uma continuação da consolidação da própria doutrina político-militar francesa em suas relações com países árabes e colônias antigas?

De fato, a França é rica por seus pensadores, intelectuais, profissionais, engajados em prol da França, da defesa da Carta dos Direitos Humanos, do Cidadão e da França, Luzes, das Artes e Letras. Cabendo a elite responsável de informar ao palácio “Quai D’orsay”,  que África dos anos 50 e 60, não é a África do século 21, a revolução tecnológica permitiu aos povos africanos desenvolver-se seus conhecimentos e definir seus objetivos, tornados donos de si mesmos, porque a era de tutela e dependência foi algo do passado.

Autor:

Lahcen EL MOUTAQI. Pesquisador universitário-Marrocos

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