Costumo dizer que vivemos em um mundo cada vez mais dinâmico, veloz e incerto. As coisas acontecem muito rápido, fazendo com que a economia, os mercados e empresas tenham que se adaptar rápido às novas tendências. Para quem já está dentro do mercado, essa dinâmica faz com que as pessoas tenham que aprender coisas novas e se adaptem às mudanças rapidamente. Infelizmente, neurologicamente falando, o nosso cérebro não evoluiu para essa nova dinâmica que estamos vivendo hoje, o que faz com que aqueles profissionais que têm mais resistência sofram com essa nova realidade.
Para preparar os profissionais do futuro, empresas, escolas, universidades e governos vêm criando ações para ensinar os mais jovens uma série de competências e habilidades que o mercado de trabalho inevitavelmente irá precisar. Prova disso foi a pandemia. Aquelas pessoas que não tiveram inteligência emocional para suportar essa verdadeira provação divina, acabaram não performando em suas empresas. Sabemos que a pandemia foi algo muito assustador, mas ao mesmo tempo precisávamos manter o nosso emprego ajudando a empresa a alcançar suas metas e objetivos. Quem tem inteligência emocional sabe lidar com a pressão em um cenário totalmente contrário. Para as empresas, foi um momento de perceber quem tinha determinação ou não. Uma das competências que o mercado está buscando são profissionais de alto desempenho. Uma pessoa com essa característica faz o que precisa ser feito com os recursos disponíveis sem arrumar empecilhos e desculpas. Não importa a dificuldade, ela procura encontrar uma maneira de entregar o que é preciso. Como os chineses dizem: quem quer arruma um meio, quem não quer uma desculpa. Para tanto, saber resolver problemas complexos é essencial para encontrar soluções que levem ao resultado. Infelizmente não somos ensinados desde pequenos para pensar de maneira estratégica. As escolas e universidades se tocaram disso e estão procurando criar programas, cursos e estágios que proporcionem esse despertar no aluno.
Hoje, um funcionário que tem poder de decisão e sabe mobilizar toda uma equipe multidisciplinar, se for preciso, para encontrar uma solução, vale ouro dentro de um time de trabalho. Pessoas assim são líderes natos, pois conseguem comunicar-se com eficácia, persuasão e sabem unir as pessoas em prol de um objetivo comum. Na pandemia, por exemplo, quando o problema estava acontecendo, essas pessoas foram aquelas que mobilizaram o time para se unirem em busca de soluções. Nessa hora as ideias surgiram, motivadas por um pensamento crítico da maioria. Pensar criticamente significa encontrar estratégias sem deixar que suas opiniões, valores e interesses pessoais, atrapalhem o todo. Foi nessas reuniões que surgiram as ideias que mantiveram a empresa de pé naquele momento tenso. Tenho certeza que se destacaram aqueles profissionais criativos e aqueles que têm inteligência tecnológica, que diga-se de passagem, é uma das competências mais importantes dos profissionais do futuro. Basta você ver a demanda enorme do mercado por profissionais de TI. Quero deixar claro aqui, mesmo você que não trabalhe diretamente com redes e softwares, precisa necessariamente entender como a tecnologia pode ajudá-lo no seu trabalho. E por fim, esse profissional do futuro sabe regular seu estresse e ansiedade. Eu, por exemplo, além de empresas e líderes, também trabalho com clubes e seleções. No esporte temos que ensinar técnicos e atletas, a inteligência neurofisiológica. O nosso corpo recebe diariamente uma enormidade de hormônios e neurotransmissores capazes de mudar em questão de segundos o nosso comportamento. Hoje em dia não basta apenas dar resultado, você precisa também ser feliz fazendo o seu trabalho. Lógico que a vida não é um mar de rosas. Terão dias onde o profissional estará mais concentrado e dias onde a falta de vontade irá tomar conta do seu corpo e mente. Nessas horas aquele que conhece essa dinâmica fisiológica, pode através de técnicas da psicologia e da neurociência mudar rapidamente o seu estado de humor. Saiba que a maneira como nos sentimos interfere diretamente na qualidade das nossas ações. Não é à toa que a prática do mindfulness está sendo estudada e praticada em diversos países do mundo. Portanto, esse profissional do futuro é mais completo, além de todo o conhecimento técnico adquirindo nas universidades, ele precisa ter habilidades, atitudes e conhecimentos além para ser excelente. A propósito, a palavra excelência vem do latim e significa “ir além”. O profissional desejado pelas empresas é aquele que tem esse espírito de determinação procurando com humildade aprender, aplicar e entregar um resultado que vá além da expectativa de seus líderes.
Autor:
Ronan Mairesse
