A caixa do estacionamento
Malandro romântico acha que amar uma mulher apenas é trair todas as outras. Ele sabe que se quiser se dar bem, precisa estar comprometido. Às vezes passa meses sozinho, mas é só botar um anel no dedo e começa chover interessada. Aliança funciona como ímã, mas atrai tanto saia como encrenca. Já a mulher de malandro sabe que o cabra é safado mesmo, infiel até a tampa, e dá o troco na mesma moeda, de preferência com outro malandro casado, bem melhor para manter segredo e não armar barraco.
Engana-se quem vê preconceito neste texto e acha que isso só ocorre na malandragem. Traição acontece em todas as classes sociais. Só mudam o nome e o local do crime. Na malandragem, é rolo ou esquema; na classe média é caso; na alta roda é affair. Mas o babado é o mesmo. Em vez de drive-in, a cena muda para motel, flat, apê e até iate de luxo. Mas em todos os casos, é chifre mesmo, coisa típica de humanos, que o boi usa de enxerido.
Doralice desconfia que o marido João Gilberto trai. Chega tarde, sempre cansado, não a procura. Ela o seguiu e descobriu que ele esta ciscando em cima da Carolina, a caixa do estacionamento, depois do expediente. Quer uma vingança maligna, mas não o divórcio. E casada com separação de bens, a grana é dele e não quer ficar de mão abanando. Pesquisou e descobriu que Carolina é casada com o Chico, vigia noturno no mesmo estacionamento. Trabalha das 9 às 18 e ele das 22 às 6 da manhã. Só se veem aos domingos, e olha lá. O canalha do João Gilberto pega Carolina na esquina, os pombinhos vão no motel e depois ele deixa a vadia no Metrô.
Ela procurou Chico na saída do trabalho, convenceu-o a tomar café na padaria, ganhou sua confiança e contou sobre o rolo. Disse que Chico devia aplicar um corretivo no safado. Ele cofiou a barba pensativo e respondeu:
- Dona, se eu der uma coça no cabra, e ele merece, vou ter de chapar a cara da Carolina também. Aí eu perco a esposa de fim de semana e a senhora fica na mão. Deve ter um jeito melhor.
- Então você não vai fazer nada?
- Claro que vou, mas pensa. O que falta para mim e para a senhora, sobra pros dois. Eles se divertem enquanto a gente chupa o dedo. Não é justo!
- Entendi. Sabe, você não é nada mal. A gente pode dar o troco na mesma moeda. É só você vir mais cedo para o trabalho.
O arranjo funcionou muito bem até que um dia João Gilberto e Carolina cruzaram com Doralice e Chico, 2 entrando e 2 saindo do motel. Os homens se estranharam, rosnaram, mas foram contidos pelas mulheres. Doralice falou:
- Gente, ninguém sabe de nada. Deixa como está. Vamos aproveitar a vida!
Na noite seguinte, João Gilberto chegou em casa tarde e Doralice já dormia. Beijou a testa, ajeitou a coberta e se deitou. Ele estava muito cansado.
O amigo do noivo
As amigas Cintia e Bia se encontraram na cafeteria de um Shopping na zona sul:
– Bia, querida. Que bom te ver! Miga, cê tá linda, mais magra.
– Oi Cintia. Tudo bem com você?
– Nossa, que astral mais down! O que tá pegando?
– Ah migucha. É o Ricardo, meu noivo. Que decepção.
– Para com isso! O Ricardo é o cara mais lindo que você já namorou. Causou inveja nas meninas, sabia? Ele é sensível, sarado, culto, galerista bem sucedido, charme incrível. Vocês estão juntos há meses. Ele praticamente mora no seu apê. O que ele aprontou?
– Pois é migucha, aconteceram coisas. Estou passada.
– Conta tudo miga. Abre seu coraçãozinho. Desabafa.
– Começou do nada, quando o Gustavo apareceu lá em casa.
– Quem é Gustavo?
– É amigo dele. Tinha ouvido falar mas não conhecia pessoalmente. É um jovem pintor que a Galeria está patrocinando. Muito talentoso.
– O Gustavo deu em cima de você? Ele te ofendeu?
– Não! De modo algum. Ele é gentil, fino, educado.
– Como é esse tal Gustavo? É gato que nem o Ricardo?
– Moreno alto, barba sempre por fazer, barriga tanquinho, lindo sorriso. Na estatura e no visual, lembra o Aston Kutcher. Toca violão e canta muito bem. Tem a voz mansa, pausada e aveludada, que nem o Caetano.
– Para tudo! Já me apaixonei. Quero conhecer! É comprometido? Se bem que isso é o de menos.
– Você não vai querer conhecer. Não vai dar certo.
– Epa, epa. Acho que descobri o que está rolando. Gustavo chegou e o coraçãozinho da miga balançou. Você está em dúvida entre os dois. Acertei?
– Quase. Passou perto.
– Menina, fala logo! Tá me dando nos nervos. Qual é o babado?
– O coraçãozinho balançou, sim, mas foi o do Ricardo. O canalha me dispensou, assumiu o Gustavo e foi morar com ele. Miga, tô passada!
Ha ha ha ha!
Hilário como sempre.
Já vou mais leve para o fds.
Obrigado amigo. Abs.
Obrigado Laerte, sempre motivando a galera com o seu humor.
Obrigado pelo comentário, amigo. Abs.
Ra ra ra !
Ricardo encontrou sua cara metade.
Obrigado pelo comentário.
Pobre Cintia, deu mal. Rsrs.
Obrigado pelo comentário Marcia. Abs.
Acredito que os “arranjos” acontecem mais nas classes sociais mais abastadas, mesmo porque o povo mais “humilde” resolve mesmo é na “bala”.???????
KKK. É isso mesmo Rosa. Obrigado pelos comentários. Abs.