Ela costumava se perguntar se fantasmas eram reais, se eram como nos filmes ou nas histórias de terror que ouvira quando criança. Se lembrou de um que as pessoas da rua dela
alegaram que avistaram, era uma mulher pálida, vestida toda de branco e que parecia flutuar, lembrou também da vez que disseram para ela que viram um vulto tarde da noite perto
do cemitério, ela não acreditava, mas também não desacreditava. Só que depois daquela noite, ela passou a ter certeza. Foi numa noite que não parecia noite, numa rua que não
parecia rua, numa situação que parecia amendrontadora e reconfortante ao mesmo tempo. Ela estava sozinha na rua, tarde da noite, as casas tinham suas luzes acesas, o som saía do bar
da outra rua, não era conhecido o motivo de sua saída, mas voltou logo, com o rosto pálido, olhos arregalados e tremendo. Não sabia o que fazer ao entrar em casa, nem os sapatos
ela tirou. Não contou para ninguém o que havia visto ou acontecido, até hoje um mistério, foi correndo para a cozinha, esbarrou no nada, o medo a fez perder o equilíbrio que tinha.
Foi para a cozinha pegar uma faca, achando que isso ia protege-la do que a perseguia, e logo depois foi olhar na janela, afastando a cortina e ficando atrás dela, para quem estivesse
fora não a visse dentro, estava em uma paranoia absurda. Depois disso, começou a andar pela casa para amenizar seu nervosismo, daí percebeu que havia deixado pegadas com seus sapatos
que estavam sujos de lama, os tirou e voltou para a janela para checar novamente, ela não viu ninguém e se tranquilizou. Voltou para a cozinha, guardou a faca que havia pego e bebeu
um pouco de água no primeiro copo que achou na prateleira, suas mãos estavam suando, o que fez seu copo cair e quebrar. Ela tentou pegar os pedaços do vidro no chão, mas acabou cortando
a palma da mão, ela foi correndo para o banheiro pois não queria melar a sua cozinha com sangue. Na hora que entrou no espelho, ligou a luz, ela caiu e se desesperou, ainda mais pálida,
começou a chorar e a gritar ‘Não!’ repetidas vezes, levando as mãos ao rosto, melando ainda mais o vestido e o rosto, daí saiu correndo do banheiro. Ela estava fugindo de um ‘fantasma’, e o
‘fantasma’ era ela.
Autora:
Layla Azoubel