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terça-feira, 23 de julho de 2024

Juventudes da Amazônia são protagonistas do clima no Estado do Pará e no mundo

O Brasil possui cerca de 50 milhões de jovens (15-29 anos), o que representa quase 1/4 da população total do país. Na Região Norte, 28% da população em seus territórios é composta por jovens, localizados majoritariamente em zonas urbanas. Sendo assim, o Norte é a região com maior contingente de jovens do país, seguida pela região Nordeste, com 26% (Atlas da Juventude, 2021). Sendo assim, além das juventudes serem o recorte social que sente com maior intensidade – e que sentirá por mais tempo – os impactos da emergência climática, também são a potência capaz de pensar novas perspectivas para a recuperação resiliente e sustentável da Amazônia.

Por esses motivos, as juventudes amazônidas devem estar no centro do debate sobre clima – e é para garantir esse protagonismo que o Instituto COJOVEM vem atuando no Estado do Pará e no mundo.

O trabalho da COJOVEM tem contribuido nesse sentido principalmente na reabertura de espaços democráticos voltados para ampliar a participação das juventudes nas esferas ambientais e sociais que tangem o protagonismo cidadãos das juventudes, também na perspectiva no fortalecimento de narrativas e capacidades que a COJOVEM tem oferecido que propiciam uma maior robustez sobre o entendimento de como esses impactos reverberam nas vidas e nos pluricenários dessas juventudes amazônidas tanto como elas podem agir frente a isso (…) assim como também agindo de forma propositiva, desenvolvendo uma agenda de combate às mudanças climáticas, dando a oportunidade para que as juventudes possam ser protagonistas das mudanças que querem ver nos territórios”, diz Karla Giovanna Braga, Cofundadora e Coordenadora de Projetos e Sustentabilidade da COJOVEM. 

A Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável (COJOVEM) é uma organização da sociedade civil que tem por objetivo fortalecer e engajar juventudes na Amazônia através da colaboração multissetorial para mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover a recuperação resiliente e sustentável dos territórios amazônicos na perspectiva do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

A COJOVEM esteve presente na COP27, que ocorreu em novembro deste ano em Sharm El-Sheik, no Egito. A Conferência das Partes  é a maior e mais importante conferência anual relacionada ao clima, por constituir o órgão supremo de tomada de decisão da Nações Unidas sobre Mudança Climática da (UNFCCC) que ocorre anualmente para analisar o progresso na implementação da Convenção-Quadro, um tratado internacional resultante da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, o qual estabelece obrigações básicas das 196 Partes (Estados) e da União Europeia para a mitigação das mudanças climáticas.

Durante a COP27, a COJOVEM participou de debates junto à sociedade civil e acompanhar de perto as negociações acerca das metas para a mitigação da crise climática. Além disso, a COJOVEM e outras 10 organizações de juventudes cocriaram uma carta demandando a criação de um Conselho Jovem junto ao Consórcio Interestadual da Amazônia Legal. A carta foi entregue ao Governador Hélder Barbalho, enquanto representante do Consórcio.

Representantes das 11 organizações de juventudes que assinam as cartas para o Consórcio Interestadual da Amazônia Legal e para o Presidente Lula (Foto: Laila Zaid. Divulgação: Thaís Gouveia).

Além disso, os coletivos de jovens da Amazônia se uniram a organizações de juventudes de todo o Brasil e elaboraram, em conjunto, uma Carta das Juventudes, a qual foi entregue para o Presidente Lula durante o encontro com a sociedade civil.

A COJOVEM também redigiu uma Carta-compromisso das Juventudes paraenses, demandando que o Governo do Estado do Pará se comprometa com as pautas socioambientais no atual contexto das mudanças climáticas, valorizando a cooperação multissetorial e a participação social de juventudes nesse processo, especialmente a partir de políticas públicas pensadas por e para as juventudes paraenses.

O referido documento tem como base prioridades, princípios e diretrizes mapeadas em conjunto com outras 40 organizações de juventudes, que participaram do Projeto Rebujo da Maré, uma iniciativa de pesquisa e levantamento de informações sobre o cenário de políticas públicas para juventudes e clima no Estado do Pará para a construção de uma agenda política propositiva das juventudes para materializar mudanças efetivas para a garantia de direitos nos territórios paraenses.

O Rebujo pra mim foi um reencontro com o que eu compreendo do que é intervir na sociedade, principalmente na Amazônia, nessa Amazônia urbana na qual eu estou inserido – mas, sobretudo, entender também as realialidades das Amazônias que se desdobram para além do urbano. Foi um espaço em que pudemos conhecer pessoas de diferentes origens e realidades. Pudemos ter muitas trocas, com pessoas envolvidas na cultura, na política, no trabalho, no lazer… ou seja, vários segmentos que constroem uma Amazônia com mais qualidade, mais democrática e mais justa, principalmente para jovens”, afirma Pedro Mota, mais conhecido como Boto de Belém (@botodebelem), pesquisador e integrante do  Projeto Rebujo da Maré. 

Jovens durante as atividades de imersão do Projeto Rebujo da Maré (Foto: Raphael Macedo/ Acervo COJOVEM. Divulgação: Thaís Gouveia).

Entre os dias 2 e 4 de novembro, a COJOVEM realizou uma imersão presencial do Rebujo da Maré com a presença de jovens lideranças de todo o Estado do Pará, para  traçarmos juntos as principais diretrizes e princípios para a elaboração e implementação de políticas públicas que sejam realmente efetivas para promover o Desenvolvimento Sustentável na nossa região, tendo como base os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Para Boto, “(…) o processo de cocriação dessa imersão foi tanto um objetivo quanto uma conquista do que a gente esperava do Rebujo. (…) foi algo que realmente colocou aquelas juventudes diversas em evidência, colocou um grupo em evidência – e não uma pessoa ou uma representação. É interessante entender que a nossa estratégia foi de juntar as representações em suas diferentes áreas: então, no mesmo grupo de deliberação estavam o quilombola, o indígena, o ribeirinho, o urbano… juntos ali produzindo encaminhamentos, fundamentações, enriquecendo as discussões. Foi um processo que priorizou as juventudes através das juventudes e a partir das juventudes. Isso fez com que o processo fosse realmente cocriativo, dentro de um coletivo de várias organizações juntas pensando políticas públicas. Todos os produtos do Rebujo foram retirados dos relatórios, de tudo o que foi pensado e dialogado nesse momento imersivo do Rebujo”.

Com base nesses processos cocriativos, a Carta-compromisso das Juventudes paraenses foi entregue ao Governador Hélder Barbalho durante a COP27, que se comprometeu em analisar e dar uma devolutiva acerca da assinatura durante o Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climática (FPMAC) – evento ocorrido na última segunda-feira (19/12) e não contou com a presença do Governador.

Governador Hélder Barbalho recebendo materiais institucionais da COJOVEM e a Carta-compromisso das juventudes paraenses durante a COP27 (Foto: Thaís Gouveia/ Acervo COJOVEM).

Contudo, a participação das juventudes no FPMAC não deixou a desejar: a COJOVEM viabilizou a maior delegação de juventudes da história do Fórum e presidiu a inauguração da Câmara Técnica de Juventudes e Clima ao final da plenária do evento.

Karla Giovanna Braga e Mattheus Oliveira Silva representando a COJOVEM durante fala da inauguração da Câmara Técnica de Juventudes e Clima durante o FPMAC (Foto: Thaís Gouveia/ Acervo COJOVEM).

A COJOVEM, que é membro efetivo do FPMAC e coordenadora da recém criada  Câmara Técnica de Juventudes e Clima, está responsável pela cocriação e implementação do plano de trabalho das juventudes para o ano de 2023.

“O Fórum Paraense de Mudanças e Adaptação Climática consiste em um espaço muito importante no meio institucional para estabelecer e fortalecer redes e coletivos de juventudes, assim para que possamos melhor entender os impactos da COVID-19 e da crise climática nesse público. Objetivamos, sobretudo, gerar uma agenda propositiva voltada para a mitigação desses impactos, sendo um espaço de criação e implementação de políticas públicas que nós queremos sugerir, seja de bioeconomia, serviços ambientais, projetos de redução de emissões decorrentes do desmatamento e demais outras consequências geradas pelas mudanças climáticas e as multicrises que nós juventudes vivenciamos em nossos territórios.”, afirma Mattheus Oliveira Silva, Cofundador e Coordenador de Articulação e Engajamento da COJOVEM.

Além disso, durante a plenária a COJOVEM também entregou nas mãos do Secretário de Meio Ambiente José Mauro O’de Almeida uma versão provisória da Agenda propositiva de políticas públicas para as juventudes paraenses. A versão definitiva da Agenda do Rebujo está prevista para ser lançada em fevereiro de 2023.

Representantes da COJOVEM e representantes da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (SEMAS-PA) durante o FPMAC (Foto:Acervo COJOVEM. Divulgação: Thaís Gouveia).

Para acompanhar mais o trabalho da Cooperação da Juventude Amazônida para o Desenvolvimento Sustentável, acesse o perfil da ONG no Instagram (@cojovem.br) e o site cojovem.com.

Autora:

Erlane Santos

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