A essencialidade dos microminerais para o bom funcionamento do organismo é conhecida por todos os nutricionistas, sejam de animais, vegetais e também de humanos.
Vários destes minerais são decisivos na modulação da resposta imune e, quando em deficiência, podem favorecer disfunções imunológicas, aumento de infecções e até reduzir respostas a procedimentos terapêuticos, (MACÊDO, 2010). No caso de bovinos, existe também a essencialidade de minerais para a microbiota do rúmen, fator importante na digestão que ocorre neste órgão, na síntese proteica, na produção de ácidos graxos de cadeia curta (energia) e na síntese de metabólitos como biotina e vitaminas.
As concentrações de cobre nas forrageiras variam em função da espécie, de solos, regiões e clima, sendo normalmente menores que as necessidades mínimas exigidas pelos animais em produção. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, Tebaldi (2000) demonstrou que, das 12 análises de forragens feitas em locais diferentes, que consideraram médias entre secas e águas, apenas quatro apresentaram níveis de cobre próximos das exigências de bovinos de corte de acordo com referências de Costa e Silva et al. (2015) e NRC (2000), que indicam, respectivamente, 9,7 mg/Kg e 10 mg/Kg de matéria seca ingerida. Mas, se considerarmos que, no Brasil, minerais antagônicos ao cobre como molibdênio, enxofre e ferro estão presentes nas forragens, esta situação se intensifica e níveis entre 10 mg/Kg e 15 mg/Kg de matéria seca têm sido utilizados por muitos nutricionistas no Brasil.
Moraes (2001) cita que, entre os períodos de 1987 e 1991, análises de forrageiras cultivadas na Embrapa Gado de Corte também revelaram deficiência de cobre. Embora não publicados, resultados de mais 3.000 análises de forrageiras coletadas em simulação de pastejo pertencentes ao banco de dados da Premix também corroboram os resultados publicados pela Embrapa.
Sob estas condições de deficiências, a não suplementação ou a suplementação incorreta de cobre ocasionará vários problemas no rebanho, como estresse oxidativo, morte embrionária, alteração do DNA, transtorno no crescimento ósseo, redução da imunidade, despigmentação de pele e pelagem, fragilidade de cascos, redução na síntese de colágeno, fragilidade de artérias e musculatura cardíaca, redução na produção de hemoglobina, atraso na maturação das hemácias, ataxia enzoótica ou paralisia dos membros posteriores (comum em ovinos). Em resumo, pode-se ter mais mortalidades, menor taxa de nascimentos, menor ganho de peso e alterações na expressão genética dos animais.
Redução no potencial microbicida do sistema de defesa do organismo também ocorre quando os animais estão deficientes em cobre (SILVA, 2006).
O trabalho com animais da raça Brangus em dietas contendo 75% de concentrado com deficiência de cobre mostra redução da eficiência alimentar (G.R Del Claro et al., 2013). Isso indica que suplementar corretamente o cobre pode significar muito no aumento da rentabilidade no processo produtivo.
As fontes de cobre também são fatores importantes que devem ser avaliados. Por exemplo, o óxido de cobre é considerado pior que o sulfato de cobre (KEGLEY e SPEARS, 1994). Estudos recentes têm feito comparações entre os sulfatos e fontes orgânicas, mas os resultados são bastante erráticos. Em alguns trabalhos, em condições de dietas com alto molibdênio, as fontes orgânicas foram superiores (KINCAID et al., 1986), porém, em outros, não houve diferenças (WITTENBERG et al., 1990).
Bovinos suplementados com 20 mg de cobre por kg de matéria seca através de sulfato de cobre apresentaram maior score de marmoreio (p < 0,05) em relação a mesma suplementação via citrato de cobre e/ou proteinato de cobre (ENGLE, 2000). Nesta mesma pesquisa, a concentração de colesterol no músculo longíssimus (contrafilé) tendeu a ser reduzida (p < 0,11) pela suplementação do cobre.
A suplementação de cobre em dosagens maiores que as recomendadas pelo NRC 2000 (10 mg/Kg MSI) pode ser estratégica para reduzir o colesterol e alterar a relação de ácidos graxos saturados/insaturados na carne de bovinos, criando benefícios para a saúde do consumidor (ENGLE, 2000).
Portanto, quanto às fontes de cobre, o mais sensato é utilizar sulfato de cobre ou fontes orgânicas de cobre ou até mesmo combinações de ambas com melhor custo-benefício possível, dependendo do resultado desejado pelo nutricionista.
Autor:
Lauriston Bertelli Fernandes é zootecnista e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Premix.
Nutrição é fundamental para manter a saúde animal. Excelente e importante artigo.