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domingo, 1 de setembro de 2024

Empreendedorismo feminino: Advogada aposta na mediação extrajudicial online para gerar economia aos cofres públicos e para as empresas

Para a advogada, mediadora e diretora da Mediar Group, Mírian Queiroz, é inegável que o Poder Judiciário precisa de soluções que auxiliem na redução do número de processos e que promovam economia aos cofres públicos. Após observar o grande volume de ações, a advogada uniu trabalho humanizado e tecnologia para finalizar ações judiciais fora dos tribunais. “Em 2015, ocorreu uma mudança no Código de Processo Civil, a conciliação e a mediação tornaram-se obrigatórias antes de uma ação ser ajuizada. Vi que essa era uma oportunidade para criar uma câmara privada com esse serviço, mas ser empreendedora não é uma tarefa tão simples”, revela a diretora.

Apesar do público feminino ser a maioria, 54% da população brasileira é composta por mulheres, apenas 18% das empresas têm apenas sócias e 34% das instituições têm, pelo menos, uma mulher no quadro de sócios, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na pesquisa, foram avaliados 6,8 milhões de empreendimentos. “No meu caso, tive que esperar alguns anos para iniciar o meu projeto. Além de buscar uma estabilidade financeira, outros desafios surgiram no caminho, por exemplo, preocupação com os filhos, conciliar a vida pessoal, a falta de incentivo aos empreendimentos liderados por mulheres e, até mesmo, a parte emocional acabaram trazendo um certo receio de começar um negócio”, desabafa Mírian.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com o grupo Aladas, 78% das empreendedoras iniciam o próprio negócio sem apoio financeiro, ou seja, retiram dinheiro do próprio bolso. “Essa questão do suporte financeiro foi algo que me marcou. Quando comecei a pesquisar sobre empréstimos, descobri que as mulheres possuem uma linha de crédito menor do que as margens que são ofertadas para homens. Empreender não é fácil para ninguém, acredito que o apoio deveria ser igual para todos. Na verdade, atuo em uma área repleta de desafios. Além de estar em um setor que já foi considerado majoritariamente masculino, que é o Direito, realizamos tratativas em ambiente online, estou sempre buscando inovações tecnológicas e esse ramo ainda tem pouca participação feminina, espero que a presença das mulheres cresça nesse mercado e em outros setores”, comenta.

Apesar das dificuldades, a paixão pela mediação foi uma das grandes aliadas da advogada para que a sua empresa fosse criada. “Muitas vezes ouvimos as pessoas reclamarem do Poder Judiciário, falam que a Justiça brasileira é cara e morosa. Muitas pessoas não sabem, mas é possível finalizar disputas fora dos tribunais. Por meio da mediação extrajudicial online, todos saem ganhando. O Poder Judiciário é beneficiado com a redução de processos e custos, as empresas que inserem essa forma de resolução de conflitos também reduzem os gastos, melhora a experiência do usuário e fideliza o cliente. Já a parte reclamante, tem suas necessidades ouvidas e participa da construção do acordo”, explica.

Segundo o Relatório Justiça em Números, do Conselho Nacional de Justiça, em 2021,  o Poder Judiciário somou R$ 103,9 bilhões em despesas. O custo pelo serviço de Justiça foi de R$ 489,91 por habitante. “Movimentar a máquina judiciária não é tão simples, há gastos com equipamentos, funcionários e outros dispêndios. Colocando na ponta do lápis, não é muito vantajoso para nenhum dos envolvidos. Nem todas as ações precisam passar pelas cortes”, diz.

Para a mediadora, ainda há muito trabalho para ser realizado. “Temos uma ferramenta jurídica capaz de desafogar o Poder Judiciário com economia e celeridade. Acredito que a mediação extrajudicial online pode transformar o cenário jurídico. Por isso, pretendo, com auxílio da tecnologia, ampliar a área de atuação da Mediar Group e tornar a via alternativa cada vez mais conhecida. Hoje, temos um papel importante no setor securitário com a MediarSeg, empresa que faz parte do grupo e que é especializada em processos envolvendo as companhias de seguros. Começamos a mudança de cultura por esse segmento, mas nossa intenção é alcançar outros nichos”, comenta.

Apoio feminino

Atualmente, na Mediar Group, mais de 90% do quadro de colaboradores da empresa é composto por mulheres. “Não somos excludentes, todo currículo é sempre bem-vindo, mas acho importante abrirmos espaços para as mulheres. Por vezes, o mercado pode ser muito exigente com esse público, já ouvimos muitas histórias de excelentes profissionais que perderam uma oportunidade por serem mães, precisamos mudar essa mentalidade”, afirma Mírian.

Ao analisar o mercado de trabalho, a mediadora percebe que a participação feminina está avançando. “Apoio a atuação feminina em qualquer esfera, quero ver mulheres liderando empresas, ganhando prêmios de ciência e tecnologia, elaborando projetos inovadores, ganhando destaque nos esportes e em qualquer posição que ela desejar. O mercado deve estar aberto a profissionais capacitados e comprometidos. Acredito na força feminina no mundo dos negócios e na atuação da mulher em qualquer esfera. Vale ressaltar que a união e valorização da classe feminina é importante para galgar novos caminhos e transformar o mercado de trabalho”, finaliza Mírian.

Autora:

Priscila

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