A menos de quinze dias do início da Copa do Mundo no Qatar, um dos principais destaques ligados ao tema é o investimento em inovação pensado especialmente para o evento e como as novas tecnologias podem impactar o maior acontecimento esportivo do mundo (e se o hexa vem, claro!). De modo geral, o país é considerado um dos mais ricos do mundo, com um PIB de destaque, que alcançou a marca de US$ 179,57 bilhões de dólares, em 2021, de acordo com dados do Banco Mundial. Somente este fato isolado indica a sua relevância no que diz respeito ao potencial econômico e de desenvolvimento, levando em consideração que o mundo estava em plena pandemia no ano citado.
Com uma economia predominantemente vinda da indústria petrolífera, do gás natural, bem como da exportação destes produtos, a alta demanda e o retorno financeiro são demasiadamente expressivos no país. Dito isto, o Qatar demonstra, há algum tempo, um ímpeto para desenvolver-se em outras áreas e expandir ainda mais suas capacidades, para isto, busca recursos e potenciais novidades que o destaquem dos demais.
Neste sentido, a Copa do Mundo de 2022 torna-se um cenário perfeito para este objetivo, uma vez que volta os olhares do mundo todo para o país, transformando-o em uma importante vitrine para as inovações e para o desenvolvimento da região. Confira abaixo as tecnologias desenvolvidas para proporcionar às equipes de futebol e aos torcedores as melhores condições para aproveitar o evento, algumas delas foram bem ousadas!
Principais tecnologias desenvolvidas para a Copa do Mundo no Qatar
Um dos principais tópicos abordados pelo país para a Copa do Mundo é a busca pelo baixo impacto ambiental, a partir da aplicação tecnológica. Designado à abertura e à final do campeonato, o Estádio Lusail, com capacidade para 80 mil pessoas, contará com um sistema de refrigeração sustentável para manter a temperatura ambiente em 21 graus, conforme anunciou o comitê do evento. Por ser um país de clima bastante quente, oferecer conforto climático aos espectadores e equipes é um ponto de bastante relevância.
Para tanto, conforme divulgado em entrevista de Abdul Ghani, desenvolvedor da tecnologia, no Portal Terra, a climatização dos estádios é alimentada por painéis solares e possuem isolamento térmico e sensores para utilizar a dose certa de energia em cada área, sem cometer excessos.
Esse é um exemplo muito claro de como a otimização de recursos é cada vez mais importante para os consumidores, a ponto deste tema ser prioridade nos investimentos do país sede (espero que você aí não seja uma das empresas que ainda mantém um data center próprio, cheio de recursos ociosos…). Essa é a prova de que é possível aplicar sustentabilidade pensando em diminuir o impacto ambiental, mesmo com pequenos passos.
Além disto, o estádio será transformado em um espaço comunitário para escolas, empresas, hospitais, entre outros fins, após o término da Copa.
Outro importante destaque está relacionado às chamadas “Cidades Inteligentes”, constituídas por uma série de soluções inovadoras conhecidas como Qatar Innovations Centre, que utilizam Internet das Coisas (IoT) para construir toda sua interconexão, o que facilita a vida dos visitantes que poderão planejar suas rotas com informações em tempo real sobre tráfego, táxis, sistema de transporte e, até mesmo, entradas e saídas do local. Esta interconexão é um importante exemplo de aplicação da Internet das Coisas para a vida real.
É fundamental entender que, para entregar essa solução de cidade inteligente de forma efetiva, é preciso: 1. informações digitalizadas e disponíveis de forma estruturada, 2. conexão com a internet, 3. aplicativos que garantam uma boa experiência para o usuário, 4. integração entre sistemas que permitam análise de dados e disponibilidade. Nada diferente da experiência que deveríamos oferecer para um cliente em uma loja de roupas, para o produtor rural com uma produção extensa e/ou diversa, ou mesmo para uma empresa de logística que interage com vários fabricantes e vários distribuidores.
A utilização de lâmpadas de LED nos estádios também é uma novidade relevante, no que se refere à união tecnológica e sustentável. Este modelo de iluminação é extremamente eficiente em sua proposta de iluminar, além de não ser tóxica e contar com uma vida útil elevada. Uma iniciativa simples e que aplica conceitos de ESG tão discutidos atualmente.
Para fechar, a aplicação de “smart wi-fis” oferecerá sombra e carregamento de dispositivos a partir da turbina eólica de sombreamento “ElPalm”. A ferramenta permite gerar eletricidade por meio de painéis solares e painéis fotovoltaicos bifaciais. O resultado é que as pessoas podem se sentar sob a sombra e carregar o telefone rapidamente através do USB ou até mesmo sem fio, além de usá-lo como ponto de acesso Wi-Fi. Incrível, não é?
Primeira Copa do Mundo com o 5G
O 5G chegou para oferecer altas velocidades de dados, latência ultrabaixa, mais confiabilidade, capacidade de uso massivo, maior disponibilidade e uma experiência uniforme e para mais usuários. Além disso, o maior desempenho e a eficiência aprimorada capacitam novas experiências de usuário e conectam novos setores.
Desta forma, o novo modelo impacta diretamente os espectadores, que poderão compartilhar vivências de forma instantânea. Tudo isso, oferece uma sensação ainda maior de imersão na experiência vivida.
Para quem for assistir ao evento aqui do outro lado do mundo, vale a pena acompanhar o desempenho massivo dessa tecnologia e nos prepararmos para dar experiências ainda melhores para nossos consumidores agora que também temos acesso a ela.
Vale lembrar que a velocidade adicional do 5G com relação ao 4G será também um impulsionador para a adoção da nuvem, que pode tornar sua empresa cada vez mais eficiente.
A latência ultrabaixa garante que as companhias não tenham que esperar muito para acessar os dados armazenados em Cloud ou mesmo para realizar operações em um software baseado na nuvem. Pelo contrário, a troca de informações acontece quase que instantaneamente entre os sistemas, ampliando o leque de possibilidades aos profissionais que participarão do evento (e para nós que a temos por aqui também!).
Tecnologia e Sustentabilidade
Desde 2009, o Qatar trabalha para criar espaços sustentáveis, como, por exemplo, a construção de edifícios verdes com processos de design e construção pensados para promover ao mundo o conceito de sustentabilidade, bem como para oferecer economia de energia, melhor refrigeração e uso dos recursos. Tudo isto, feito com base em planejamento, testes de possibilidades e descobertas de meios funcionais.
A partir disto, a tecnologia também oferece diversas soluções para auxiliar a sociedade a se tornar mais sustentável, facilitando a vida e promovendo novas formas de aproveitar os recursos abundantes, como o vento e a luz solar. Sistemas de construção inteligentes, robótica, IoT e outras ferramentas são fundamentais para que as cidades e organizações se tornem mais eficientes e utilizem os recursos naturais de maneira adequada.
Além do tema sustentabilidade, a Copa do Mundo no Qatar destaca, também, a importância do investimento em favor da inclusão. A criação do Fórum de Acessibilidade destaca como é possível utilizar recursos inovadores para apoiar o desenvolvimento a respeito do tema. O objetivo do país é garantir que pessoas com deficiência e mobilidade limitada possam aproveitar o torneio da mesma forma que os demais.
O impacto tecnológico da Copa de Mundo no Qatar para o futuro
De um modo geral, as soluções desenvolvidas para a Copa do Mundo, certamente, serão aplicadas em diversos outros campeonatos ao redor do mundo, tendo o Qatar como ‘patente’ desses desenvolvimentos.
Com a garantia de continuidade em seu uso, a tecnologia possibilita que não haja limitação temporal ou local, caso seja bem utilizada e projetada. Desta forma, um ponto relevante relacionado ao seu uso está nas vantagens proporcionadas a longo prazo. Por conta disso, sua aplicação deve ser, sempre que possível, pensada para um bem maior.
Diante de todos esses pontos, entende-se que eventos com essa magnitude são grandes portas de entrada para testar novas soluções que estão sendo desenvolvidas, uma vez que possuem um período de tempo limitado, o que ajuda em testes e novas possibilidades e, ao mesmo tempo, colaboram para a visibilidade e expansão no uso de determinados recursos.
Autora:
Raquel Padovese é Head Of Marketing and Growth da Sky.One, companhia especializada no desenvolvimento de plataformas tecnológicas para a evolução digital das empresas.