O câncer de intestino grosso (cólon e reto) é uma doença rastreável e passível de prevenção. Apesar disso, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) evidenciam que os tumores de intestino grosso ocupam o terceiro lugar no ranking dos mais incidentes, ficando atrás somente dos tumores de próstata e de mama (excluindo-se os cânceres de pele não melanoma).
Os números chamam atenção, com aumento progressivo nos últimos anos, em especial nos pacientes mais jovens. Estimativas para o ano de 2022 apontam para uma projeção de mais de 40 mil novos casos no Brasil, com aumento nos pacientes com menos de 50 anos.
O aumento progressivo do número de casos levanta o questionamento: onde está o problema nessa história? As pessoas estão vivendo mais e, com isso, claro, aumenta-se naturalmente o risco de desenvolvimento do câncer. Mudanças no estilo de vida decorrentes do mundo moderno, como maior incidência de obesidade e sedentarismo, além de dietas prejudiciais à saúde, também colaboram para esse cenário.
Os tumores do intestino grosso nascem de células da mucosa do cólon ou do reto que acumulam progressivamente alterações até que o câncer esteja instalado. Esse processo costuma ser lento e é descrito em uma sequência de passos que pode levar mais de 10 anos para acontecer. Todo o processo começa com o surgimento do pólipo intestinal (proliferação de células na parede do intestino), que progressivamente pode adquirir alterações (displasia) até que o carcinoma esteja instalado (célula que perde o controle do crescimento e adquire a capacidade de invasão e formação de metástases). Esse processo é chamado de sequência adenoma-carcinoma.
Como a maioria dos tumores de intestino grosso tem uma velocidade de crescimento lento (podendo levar anos para que esteja de fato instalado), temos uma janela de oportunidade para rastreamento, diagnóstico de lesões pré-malignas e tratamento precoce.
Os tumor de intestino podem não apresentar nenhum sintoma, até exibir alterações do hábito intestinal (diarreia ou constipação), sensação de que o intestino não é completamente esvaziado, presença de sangue nas fezes, desconforto abdominal inespecífico, fadiga ou perda de peso não explicada.
A prevenção é o ponto central nos tumores de intestino. A adoção de hábitos de vida saudável pode reduzir significativamente as chances de desenvolver esse tumor. Recomendamos uma alimentação saudável (evitar consumo excessivo de carne vermelha e embutidos), prática regular de exercícios físicos, evitar o álcool e o cigarro, controlar o peso, dentre outras medidas.
Além das medidas de prevenção é fundamental manter consultas médicas regulares e realizar os exames capazes de rastrearem os tumores de intestino. A principal ferramenta para o rastreamento desses tumores é a realização de colonoscopia (exame que avalia as paredes do intestino com uma câmera, introduzida pelo ânus), podendo diagnosticar lesões pré-malignas e já realizar sua retirada. O exame está indicado em pessoas com mais de 45 anos e sua frequência irá variar com os achados do exame.
Uma vez feito o diagnóstico de um tumor de intestino deve-se entender a extensão do mesmo e propor um tratamento adequado. Múltiplas modalidades são utilizadas para tratamento de tais tumores, como a cirurgia, quimioterapia, imunoterapia, radioterapia, dentre outras. Quando o diagnóstico dos tumores de intestino é feito em fases precoces as taxas de cura podem ser superiores a 90%.
Entendendo a importância dos tumores de intestino e acreditando que o conhecimento é uma forte arma no combate desse mal é que estamos lançando o livro Vencer o câncer de intestino, reto e canal anal. Esta obra foi feita para que você – homem e mulher, jovem e idoso, portador do câncer gastrointestinal ou não – possa esclarecer qualquer dúvida sobre o assunto, por meio de informações claras, objetivas e atualizadas, com a missão de evitar, tratar e curar.
Autor:
Dr. Abraão Dornellas – Oncologista Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e colaborador do Instituto Vencer o Câncer (www.vencerocancer.org.br)
