Esta quinta-feira (22h00) estreia Os Anéis de Poder, a primeira das cinco temporadas da série baseada no universo tolkeniano com o qual a Amazon pretende fazer história.
Para os fãs de O Senhor dos Anéis, é uma ocasião aguardada desde o lançamento em 2014 do último capítulo de O Hobbit. Três anos depois, a Amazon comprou os direitos das duas grandes obras de Tolkien por US$250 milhões de dólares para a adaptação da série.
Em 2018, a empresa de Jeff Bezos confiou o projeto a uma dupla de showrunners, JD Payne e Patrick McKay. Esses dois amigos do ensino médio e geeks de Tolkien, formados na produtora Bad Robot sob as ordens do mago do cinema de fantasia J.J. Abrams, prevaleceram com sua proposta sobre dezenas de roteiristas com ideias mais óbvias, quase sempre baseadas no desenvolvimento em forma de spin-offs de personagens da saga como Gandalf ou Aragorn.
Payne e McKay descobriram para seus produtores que o mapa do tesouro da série perfeita estava nos apêndices de O Retorno do Rei, o terceiro livro de O Senhor dos Anéis, onde ocorre a ascensão do sombrio e poderoso Sauron e a criação dos anéis de poder que dão origem ao épico. Lá, e em O Silmarillion, Tolkien deixou as estrelas; Restava apenas formar as constelações.
Usando o prólogo do primeiro filme de Peter Jackson como fonte, Payne e McKay delinearam o cronograma de cinco temporadas da série. Os Anéis de Poder se passa na Segunda Era da Terra-Média, o tempo que precede O Senhor dos Anéis em mais de 3.000 anos.
Após a derrota de Morgoth, o primeiro lorde das trevas, a Terra-Média vive despreocupada uma época de florescimento. Mas a elfa guerreira Galadriel, decidida a vingar a morte de seu irmão mais velho pelas mãos do tenente de Morgoth, Sauron, suspeita que essa paz idílica é apenas aparente.
Com uma obstinação clarividente Galadriel substitui o guerreiro Legolas da trilogia original. Uma elfa à frente das forças do bem numa decisão condizente com esta era de empoderamento feminino e reivindicação de minorias. Como é a figura de Arondir, o elfo latino interpretado pelo porto-riquenho Ismael Cruz Córdova, ou Míriel, a rainha regente de Númenor, interpretada pela afro-americana de ascendência ganesa Cynthia Addai-Robinson.
“Tem todo o sentido do mundo. Acho que o público está esperando por isso há muito tempo”, explica Addai-Robinson de Londres, durante a turnê de promoção da série.
“Cada vez mais veremos personagens femininas mais complexas, não apenas apoiando personagens masculinos, mas interagindo umas com as outras. Personagens que suportam o arco de sua própria história. É o caso de Míriel, e estou ansiosa para que os oito episódios da série sejam transmitidos para poder falar sobre isso, porque há muitas coisas que não posso dizer”, confessa mordendo a língua.
O sigilo faz parte do projeto desde o seu início. “No começo, quando consegui o papel, não sabia qual personagem estava interpretando. Ela só tinha uma descrição, mas não sabia quem era. Foi quando cheguei à Nova Zelândia que eles me falaram sobre a personagem e nos deram os roteiros em um iPad. Havia muita proteção em torno do material. Eu não podia contar à minha família no que eu estava trabalhando. Tudo vaza hoje, e a equipe queria garantir que o público ficasse surpreso e descobrisse a história por si mesmo. Tem coisas que acontecem no último episódio que eu nem sei, então estou ansiosa para ver”, acrescenta a atriz.
“Meu agente me enviou um esboço do projeto que acabou sendo aquele projeto sem título da Amazon que todo mundo estava falando e todos sabiam que era O Senhor dos Anéis. Você grava um teste e o envia sem esperança de ouvir uma resposta.”, explica Ben Walker, o ator que interpreta Gil-Galad, o Grande Rei dos Elfos. Mas as esperanças foram cumpridas e hoje ele é, junto com Morfydd Clark, a atriz que dá vida a Galadriel, uma das peças fundamentais desse elenco de Os Anéis de Poder, com rostos familiares mas sem superestrelas.
Ao longo de sua carreira, Ben Walker interpretou dois presidentes dos Estados Unidos, e ambos serviram de alguma forma para construir a figura real élfica de Os Anéis de Poder. “Um era um filme de vampiros – Abraham Lincoln: Vampire Hunter (2012) – e o outro era um musical (Bloody Bloody Andrew Jackson), mas ambos eram homens e líderes complexos, humanos que erram, e Gil-Galad não é uma exceção. O processo de pesquisa de cada personagem é um dos aspectos que mais gosto no meu trabalho como ator. Para esses papéis, li livros como Team of Rivals – o pulitzer de Doris Kearns Goodwin sobre Lincoln – ou a biografia de Jackson de Robert Remini; para construir Gil-Galad eu li Tolkien novamente. Então esse é um ótimo trabalho.”
Apenas 25 dias após o início das filmagens, a pandemia interrompeu as filmagens, deixando a equipe presa na Nova Zelândia. Uma circunstância que tornou a experiência ainda mais intensa. “Milhões de pessoas em todo o mundo ficaram isoladas em suas casas. Nos sentimos sortudos por poder trabalhar. Houve interrupções, mas poucas se comparadas às dificuldades que vivenciaram em outros locais”, revela Walker.
“Fazer parte de um grupo criativo tão extraordinário, capaz de um trabalho de tal envergadura na sua concepção e execução sem se descuidar de qualquer detalhe, tem sido uma grande aprendizagem.” Entre eles Juan Antonio Bayona, diretor dos dois primeiros capítulos.
“Adorei trabalhar com o Bayona, ele tem uma energia contagiante que te motiva a dar o melhor. Ele e Belén (Belén Atienza, produtor de Bayona) formam uma equipe incrível e conseguiram unir o elenco e a equipe em torno de sua visão para a série”, conta o ator.
Aliás, o editor Bernat Vilaplana (edição) e o diretor de fotografia Óscar Faura são outros colaboradores regulares do diretor espanhol que trabalharam com ele nos dois primeiros capítulos de Os Anéis de Poder, a maior série já filmada. E tudo isso está apenas começando.
Tolkien de 1 Bilhão de Dólares
Jeff Bezos realiza sonhos com um talão de cheques. O fã de Tolkien mais rico do mundo pagou US$ 250 milhões em 2017 pelos direitos de adaptação de O Hobbit e O Senhor dos Anéis.
A mesma quantia que ele pagou quatro anos antes para assumir o jornal Washington Post. “A Terra-média é um universo muito amado, e contar a história do forjamento dos anéis é um privilégio e uma responsabilidade”, disse ele recentemente à revista Time. “Espero que façamos justiça.” Por falta de dinheiro não será. Segundo a publicação norte-americana, a Amazon Studios investiu US$468 milhões de dólares nas filmagens da série. Só a estreia do trailer de Os Anéis de Poder no Superbowl custou à empresa US$13 milhões.
Estima-se que a segunda temporada, cuja produção começa em outubro, elevará o custo da série para US$1 bilhão. O salto numérico em relação aos rivais de outras plataformas é considerável. A Netflix investiu US$270 milhões de dólares nos nove episódios da quarta temporada de Stranger Things. O último episódio de Game of Thrones da HBO Max custou US$ 90 milhões.
O setor de ‘streaming’ acompanha com expectativa o que acontece com Os Anéis de Poder, marco importante para avaliar o alcance da crise do atual modelo de negócios. A favor de Bezos, os quase US$6 bilhões de doláres arrecadados pelos seis filmes de Peter Jackson.
Fonte: https://prime.blog.br/aneis-de-poder-lancamento/
Autoria:
Prime Brasil