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domingo, 23 de junho de 2024

As perguntas gostaríamos de ver nos debates

O primeiro debate presidencial já aconteceu, e o ponto alto foi a pergunta da Vera Magalhães para o Bolsonaro, e o show de misoginia que a pergunta gerou. Também se destacou o baixo nível do debate em relação as propostas para a resolução da atual crise econômica e política.

Neste sentido, vou sugerir aqui as perguntas que eu gostaria de ver os candidatos tentarem responder. São perguntas tanto voltadas as incoerências de cada candidato, como também perguntas relativas a questões programáticas. Então vamos lá:

Perguntas a Luiz Felipe dAvila:

1- Candidato, sua principal bandeira de campanha é a redução do peso do Estado sobre a economia. Contudo durante a atual conjuntura de nossa economia, boa parte da população se encontra dependente de programas sociais de distribuição de renda. Como presidente você manteria, reduziria ou aumentaria programas no estilo do Auxílio Brasil?

2- Em 2019 um estudo do Transnational Institute apontou que do ano 2000 a 2017 884 serviços foram reestatizados no mundo. Entre os países com mais reestatizações temos os EUA e a Alemanha. Isto ocorreu devido a prestação de serviços públicos essenciais como fornecimento de água e energia, coleta de lixo, programas habitacionais, etc, se tornaram caros e ineficientes quando gerenciados pela iniciativa privada. Gostaria de seu comentário acerca desta tendência mundial de reestatização dos serviços essenciais.

3- Nos quatro anos de governo Bolsonaro o partido Novo votou de forma constante a favor das agendas econômicas do governo. O senhor considera que a atual gestão de Paulo Guedes esta sendo bem sucedida, ou seu partido erra ao votar junto com as pautas governamentais?

Perguntas a Soraya Thronicke:

1- Candidata, um dos pontos centrais de seu projeto de governo é o Imposto Único, que seria uma cobrança percentual sobre qualquer transação bancária. O mais próximo disto que o Brasil já implementou foi a CPMF. A experiência foi impopular, visto que a CPMF acaba por pesar mais para as classes sociais menos abastadas. O ideal não seria fazer uma reforma fiscal que desse caráter progressivo, que arrecade mais daqueles mais capazes de contribuir? É justo que o pobre tenha a mesma carga tributária que o rico? E porque, mesmo com décadas de debate sobre o assunto, nenhum país adotou até hoje um regime de imposto único?

2- Candidata, na campanha de 2018 a senhora foi eleita como uma senadora aliada ao candidato Jair Bolsonaro. Contudo hoje a senhora faz diversas críticas muito duras ao atual presidente. O que levou a esta mudança de postura?

3- Candidata, a senhora atualmente concorre a presidência pelo partido União Brasil. O União Brasil se formou a partir da fusão entre os antigos DEM e PSL. O PSL foi o partido que lançou Bolsonaro a presidência, e o DEM, um dos principais partidos do assim chamado Centrão. A senhora será uma presidente que terá seu apoio parlamentar com o Centrão, e com isto manterá a linha política do atual governo?

Perguntas a Simone Tebet:

1- Candidata, a senhora ganhou bastante destaque nacional por sua participação na CPI da Pandemia. Apesar de várias evidências documentais e um relatório bastante robusto, a CPI não gerou consequências penais para os indiciados. Muitos brasileiros se sentem desiludidos, alguns falam em pizza. Quais os motivos que fizeram a CPI não conseguir criar inquéritos judiciais acerca dos crimes revelados?

2- Candidata, a senhora tem fortes vínculos com o Agronegócio. Atualmente o agronegócio é o principal motor da economia nacional. Contudo quase toda produção deste setor é direcionada para a exportação, não alimentando o mercado interno. Além disto, devido a alta mecanização, o agronegócio gera poucos empregos comparados com a indústria e o comércio. Por fim, graças ao sucesso do agronegócio o Brasil esta passando por um processo de desindustrialização. A longo prazo vale a pena que a economia brasileira seja direcionada principalmente para exportação de commodities?

3- A senhora tem forte envolvimento com a participação feminina na política. Contudo, devido a seu perfil mais conservador, a senhora não segue algumas das bandeiras do movimento feminista, como por exemplo a questão dos direitos reprodutivos. Então eu gostaria de ouvir da senhora qual a sua avaliação do movimento feminista no Brasil, e saber se a sua candidatura é uma candidatura feminista.

Perguntas a Ciro Gomes:

1- Até 2018 o senhor era um aliado importante para o PT. Foi contrário ao impeachment da Dilma, acusou que a prisão de Lula foi sem o devido embasamento jurídico, entre outros pontos polêmicos. O senhor ainda considera Dilma e Lula inocentes das acusações que lhe foram feitas? Se não, o que fez o senhor mudar de opinião?

2- O candidato é um dos críticos mais ferrenhos da polarização na política brasileira. Contudo o senhor faz críticas aos candidatos Lula e Bolsonaro bastante incisivas e agressivas. A ponto de muitas falas do senhor serem usadas entre apoiadores de Bolsonaro. Os seus apoiadores, a Turma Boa, é conhecida por sua agressividade na internet. O senhor não estaria incentivando o ódio e a violência política com este discurso?

3- Candidato, um dos questionamentos mais frequentes feito ao senhor é a questão da governabilidade. O senhor costuma a apresentar, entre as soluções, a “lua de mel eleitoral” dos primeiros seis meses de mandato e a convocação de plebiscitos para pontos polêmicos no Congresso Nacional. O senhor acredita que o próximo presidente terá 6 meses de lua de mel, mesmo com a questão fiscal tão desequilibrada? E como o senhor conseguiria aprovar a realização de um plebiscito sem apoio no Congresso Nacional?

Perguntas a Lula:

1- No seu governo tivemos o escândalo do mensalão. Membros de seu partido, inclusive o Chefe da Casa Civil, foram condenados por comprar votos de parlamentares para que o governo conseguisse aprovar seus projetos. O governo Dilma fracassou em ter a mesma tranquilidade no Congresso Nacional, e teve dois adversários na presidência da Câmara e do Senado. O senhor considera que a compra de votos auxiliou a seu governo? Ou entende que os condenados pelo mensalão eram inocentes? É possível conseguir apoio parlamentar sem corrupção?

2- O senhor costuma a destacar que os governos do PT deram autonomia aos orgãos de fiscalização, como a Polícia Federal e o Ministério Público. Durante o seu governo e o de Dilma os Procuradores Gerais da República sempre foram o primeiro indicado na lista tríplice. Contudo a ação do Ministério Público na Operação Lava-Jato foi no mínimo polêmica, em especial no seu julgamento. A sua resistência em dizer se continuará indicando o primeiro nome da lista tríplice para o cargo de PGR se deve a medo que o Ministério Público repita os erros do passado?

3- O Teto de Gastos é uma emenda constitucional criada para sanar o excesso de gastos públicos cometidos durante os mandatos da presidente Dilma. Seu partido se opôs ao teto quando de sua criação, e continua criticando ainda hoje este mecanismo. O senhor irá abolir o Teto de Gastos em seu governo? Se sim, qual mecanismo de controle fiscal irá substituí-lo? Ou podemos esperar outro descontrole fiscal?

4-  O seu governo foi responsável por uma forte inclusão social, trazendo, como o senhor costuma a dizer, o pobre para o orçamento. Contudo muitas das conquistas sociais atingidas foram rapidamente desfeitas no final do governo Dilma e governos posteriores. Como o seu governo conseguirá fazer que as políticas sociais implantas em seu mandato se transforme em políticas de estado, e não de governo? O quanto deste fracasso das conquistas perdurarem além de seu mandato se deve a não realização de reformas, como uma Reforma Fiscal, uma Reforma Política, entre outras?

5- Repetidas vezes o senhor declarou que poucos partidos no Brasil são partidos programáticos, com projetos e ideologias definidos. Contudo a sua campanha conseguiu uma aliança ampla, a maior aliança partidária desde a redemocratização. Todos os partidos em sua aliança são partidos programáticos? E quais medidas seu governo fará para fortalecer os partidos e diminuir a fragmentação partidária no Congresso Nacional.

Perguntas a Bolsonaro:

1- No recente debate da Band houve uma pergunta ao candidato Ciro com comentários seus que o senhor preferiu não comentar a questão, e sim por questionar a intenção da jornalista que falava. Então quero lhe dar a oportunidade de comentar o tema. O senhor considera que a atual queda na adesão popular ao PNI se deve, pelo menos em parte, a suas declarações questionando as vacinas contra COVID-19? Além disto, no seu futuro governo o senhor irá criar campanhas de vacinação para que a população volte a se imunizar?

2- O senhor e seu Ministro da Economia falam que a economia brasileira está em uma forte recuperação, e que os problemas advindos da pandemia e da Guerra na Ucrânia já estão sendo superados. Contudo a aprovação do aumento do Auxílio Brasil só foi possível por meio da decretação de um Estado de Emergência. No orçamento encaminhado ao Congresso pelo senhor não há previsão de manter o Auxílio Brasil no valor de R$ 600,00. Paulo Guedes sugeriu a decretação de Estado de Calamidade em 2023 para conseguir manter o valor atual do auxílio. A economia brasileira está decolando ou estamos em um Estado de Calamidade?

3- O senhor costuma dizer que não errou nenhuma vez no que se refere ao combate da pandemia. E que desde o início o senhor falava que haviam duas grandes crises, uma de saúde e outra na economia. Contudo isto não é verdade. Nos primeiros meses da pandemia o senho deu várias declarações que minimizavam a gravidade do vírus. Chegou a declarar que morreriam menos pessoas de COVID que de H1N1 em 2019, ou seja, apenas 800 mortes. Repetidas vezes declarou que a gravidade da doença era exagerada, e que bastava isolar os idosos e vulneráveis. O senhor não considera que subestimou por muito a gravidade da crise sanitária?

4- Atualmente está em tramitação no Senado o PL 3951/2019, que limita a possibilidade de realização de transações financeiras de alto valor em dinheiro vivo. Tal medida viza dificultar a utilização de grandes quantidades de dinheiro vivo para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio. O entendimento seria que transações como compra de imóveis em espécie seria uma manobra comum para criminosos burlar a fiscalização quanto a origem destes valores. Como o senhor vê este Projeto de Lei?

5- Em Lucas 6: 29, 30 lemos Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses; E dá a qualquer que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. Em João 18: 10, 11 lemos: Então Simão Pedro, que tinha espada, desembainhou-a, e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. E o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Põe a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu? Estes são apenas alguns dos vários trechos dos evangelhos onde Jesus defende o pacifismo e critica a violência. O senhor considera que portar armas e reagir a violência com mais violência é um valor cristão?

Autor:

Aniello Olinto Guimarães Greco Junior

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