Aproxima-se a data do esperado pleito, num dos períodos mais conturbados das últimas décadas. O evento, que antigamente ocorria em novembro, há muito foi antecipado para o outubro, em dois turnos. Quando ninguém obtém maioria necessária no primeiro turno, a definição ocorre em segundo escrutínio. Todos já se acostumaram com o processo. Existe um calendário rígido e normas claras sobre o que é ou não permitido, mas os conchavos começam bem antes da data prevista. Abusos são passíveis de punição.
O ambiente é tenso desde a última eleição, quando os perdedores não se conformaram com o resultado, embora revestido de lisura. Por causa da polarização, o pleito deste ano será duro e a comunicação com o eleitor exigirá novas estratégias. Pandemia e isolamento social afetaram o eleitor receoso, embora distanciamento e higiene tenham sido garantidos. Houve até sugestão de adiamento, ideia logo descartada. Nada de casuísmo, nada antidemocrático!
O burburinho teve início bem antes do início do prazo para registro de candidaturas. Até aquela que muitos julgavam impossível foi autorizada. Houve balões de ensaio para ver quem é bom de voto e as pesquisas indicam que é possível o retorno aos holofotes. A disputa acirrada mexe com os nervos de todos, familiares, amigos e militância.
Algumas candidaturas são projetos pessoais e outras se devem ao incentivo de pessoas próximas. Pesquisas sondam a preferência do eleitorado e chances de sucesso. O número inicial de candidaturas é alto, mas a disputa para valer sempre recai sobre 2 ou 3 nomes fortes. As campanhas são exaustivas. Vale tudo: corpo a corpo, promessas, acusações. Amizades são desfeitas, e alguns apoios prometidos não são honrados.
Alianças são seladas, umas condicionadas (é hora de negociar), e outras simplesmente negadas. Começam os boatos, as mentiras – hoje as tais fake news – e as traições. Eleição é assim mesmo, uma caixinha de surpresas. O fim, todos conhecem: festa para poucos, dificuldade em aceitar resultado adverso e choro para quem não chegou lá.
Um antigo ditado diz que urna e barriga de grávida, para saber o que tem dentro, só abrindo. Isso valia até a invenção do ultrassom e da pesquisa eleitoral. Mas, treino é treino, jogo é jogo. Pesquisa é uma coisa, eleição outra!
O político mineiro Magalhães Pinto disse: “Política é como nuvens. Você olha, está de um jeito. Olha de novo, já mudou”. As pesquisas utilizam métodos científicos, têm margem de erro, mas o que vale mesmo é a apuração, porque o ambiente muda o tempo todo, bem como a decisão do eleitor, principalmente os jovens. Pode haver falhas no processo, direcionamento do pesquisado, erro na tabulação e até má fé. Afinal, a estatística é a menos exata das ciências exatas.
O voto é secreto, mas nas localidades pequenas, todos se conhecem e sabem quem vota em quem. Existem os eternos apoiadores, por tradição, amizade ou interesse, adversários, simpatizantes de outra candidatura e indecisos. Cálculos são feitos e cada fala é analisada. Qualquer ato falho pode mudar a opinião do eleitor, até mesmo no último minuto.
A disputa é voto a voto, com muita pressão sobre os indecisos que, como sempre, são o fiel da balança nos pleitos concorridos, tornando em muitos casos impossível prever o resultado.
Acompanhei de perto a votação na pacata Poeira D’Oeste, a convite do amigo e juiz, doutor Eduardo Oliveira, figura ilustre na cidade. Vencidas as etapas, é chegada a hora da votação. Com observador, vi que felizmente tudo correu na maior tranquilidade. Apesar dos temores e ameaças de boicote, o comparecimento foi maciço. A apuração teve início imediatamente após o fim do prazo para votar, em clima de suspense e emoção. O resultado não tardou a sair, para alegria de uns, tristeza e consolo de outros.
E foi assim que, após exaustiva campanha, na pacata Poeira D’Oeste, no Colégio Agrícola, a bela estudante Priscila Soares foi eleita Rainha da Primavera. Parabéns!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, pelo menos aí o padre não melou a festa.
Agradeço pela leitura e comentário, amigo. Forte abraço.