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sexta-feira, 26 de julho de 2024

Meu inverno de cores

O inverno está chegando e meu pé de jacatirão (ou manacá-da-serra, que é como se chama essa variedade de jacatirão de inverno) só agora começou a florescer. Está atrasado, em relação aos outros, mas tem botões, muitos botões e alguns já estão abrindo. É que os outros tantos pés de jacatirão, por aí, já começaram a florir há mais de mês, por conta da desorientação das estações, que não estão muito fiéis aos seus tempos, chegando antes, chegando depois, às vezes quase não chegando. Mas o importante é que meu pé de jacatirão-manacá acabou de estrear: é sua primeira florescência. O outro pé de manacá-da-serra que eu tinha no centro do jardim morreu: eu o podei exageradamente, talvez, no ano passado e ele não brotou mais. Mas a natureza é mágica e, sem que eu plantasse, cresceu outro pé de manacá-jacatirão no jardim e ele está para estrear suas flores.

A verdade é que com o desequilíbrio climático, quase nada floresce no tempo certo, mas o meu manacá-da-serra, o meu jacatirão de jardim, não alinhou-se com os outros e parece que vai florescer na época certa. Só ele, parece, começa a florescer no inverno, como deve ser.
As primeiras duas ou três flores que desabrocharam, com suas pétalas brancas, me deixaram muito feliz, pois é como se a primavera visitasse a minha casa, em pleno inverno. E as pétalas vão ficando mais vermelhas, a cada dia, e novas brancas vão aparecendo, para passarem por um degradé e ficarem quase da cor do vinho. E o processo vai se renovando e as cores vão permanecendo.

Este ano não plantei amor-perfeito e petúnias, por isso meu jardim estava um pouco triste. Mas, por outro lado, já estou colhendo morangos, tenho bastante manjericão para temperar peixe, fazer molho pesto e defumar anchovas e tenho, também, hortelã, cana-limão, sálvia, guaco e alecrim, para fazer chá e enfrentar a gripe que vem por causa do frio. E salsinha, cebolinha, os temperinhos verdes que não podem faltar. Além de alguns pés de hibisco, que florescem fabulosamente em qualquer estação. E breve estarei colhendo maracujás doces, que o pé está carregado.

Mas ainda há tempo para plantar os amores-perfeitos e petúnias, para fazerem companhia aos jacatirões floridos e assim deixar mais colorida e feliz a minha casa. Já comprei as sementes. Dos dois pés de funcionárias que lá existiam, um ainda insiste em florescer. O outro, os mesmos bichos que comem minhas folhas de couve comeram ele todo, deixando só a raiz.

Mas nem ligo, porque meu jacatirão está cheio de botões.

Autor:

Luiz Carlos Amorim
Fundador e presidente do Grupo Literário A Ilha em SC, com 41 anos de atividades e editor das Edições A Ilha, que publicam a revista Suplemento Literário A Ilha, a revista ESCRITORES DO BRASIL e mais de 100 livros editados. Eleito Personalidade Literária de 2011 pela Academia Catarinense de Letras e Artes. Ocupante da cadeira 19 da Academia Sul Brasileira de Letras. Editor do portal Prosa, Poesia & Cia. (Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br ) e autor de 35 livros de crônicas, contos, poemas, infanto-juvenil, três deles publicados no exterior.  Blog:  http://luizcarlosamorim.blogspot.com

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