Sei que não me lês, meu grande amor, mas por isso mesmo, e apesar de mim, que orgulhosa reluto em escrever, escrevo. Escrevo para dizer-te o último adeus, que não pude dizer em tempo, quando ainda te tinha ao meu lado.
Escrevo-te -sim, é verdade- para pedir perdão se não fui para ti o que tu foste para mim.
Escrevo-te, meu primeiro Amor, por gratidão. Porque, graças a ti, sou hoje Ariel. Agradeço os risos que tivemos e até as lágrimas que deixaste na partida, pois também as melhores coisas se vão no atravanco do tempo.
Escrevo a ti mais do que a todos, G. para desejar o melhor a nós, que, hoje distantes, juramos um dia o amor eterno.
Sem saudades, eu escrevo para dizer que me tornaste Eu. Escrevo para dizer que hoje sou melhor graças ao nós que se foi na tempestade.
Escrevo com o coração leve de paz e gratidão porque a vida é plenitude.
Escrevo, enfim, para dizer “adeus”. Que a vida sorria para ti na despedida.
Autoria:
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Ariel Von Ocker é escritora, psicanalista, poliglota e acadêmica de Letras e História. Também já trabalhou no teatro como dramaturga e atriz. Autora com seis livros publicados, atua desenvolvendo pesquisas na área da psicanálise, literatura sob perspectivas historiográficas e estudos de gênero.
Atualmente é editora-chefe na Revista Ikebana, redatora no Jornal Tribuna e colunista no Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica, além de participar da iniciativa Projeto Simbiose, juntamente com Michelle Diehl e Cristina Soares. Além disso, participa do Coletivo Escreviventes.
Contato: @ariel_von_ocker
Ótima crônica, parabéns.