A curadoria de arte agrega grande potencial na composição do design: a designer de interiores Patrícia Covolo e a arquiteta Giselle Macedo mostram como pinturas e quadros, entre outros objetos artísticos, fazem toda a diferença nos ambientes |
Nessa sala realizada pelas profissionais do escritório Macedo e Covolo, o poço do elevador – um espaço muitas vezes deixado de lado –, se tornou protagonista ao adicionar vida e ares divertidos com a pintura realizada pelo artista Gen Duarte. | Foto: Evelyn Muller Arte é vida, é criatividade, é sentimento, é poesia. É o detalhe que pode tanto dar um ar divertido, alegre, quanto obscuro. É a liberdade de poder criar sem padrões ou tabus, descontrair ou até mesmo desempenhar o papel de crítica social. Não há limites, olhos ou local pré-determinado para um objeto como a arte, que pode aparecer em diferentes formatos, para qualquer pessoa e em qualquer lugar, inclusive na nossa casa. As obras, pinturas ou elementos de design são perfeitos para dar um toque final de charme, elegância, diversão ou qualquer outro tipo de sensação desejada a um cômodo. Combinadas ao restante dos elementos, têm o poder não apenas de decorar, mas de atrelar um sentimento, história, valor e, principalmente, personalidade ao ambiente. “A arte faz parte da arquitetura de interiores. Quando estamos projetando, já imaginamos quais paredes as receberão e qual iluminação será usada, entre muitos outros aspectos. No design final, ela não terá apenas a função de enfeitar as paredes, mas sim de adicionar uma nos atmosfera e sensações diferentes para os observadores”, afirma a designer de interiores Patrícia Covolo, que também é graduada em Artes Plásticas. Pensando na sua relevância para a finalização do design de interiores, ela e sua sócia, a arquiteta Giselle Macedo, seguem à frente do escritório Macedo e Covolo. Experientes, explicam sobre o emprego da arte no décor e compartilham dicas de como introduzi-las nos projetos de interiores. |
Na residência projetada pela dupla de profissionais, o dormitório ganhou um novo tom com a impressão, em lona de caminhão, realizada pelo artista Gustavo Rosa, para preencher o espaço da parede atrás das camas. Dessa forma, não houve a necessidade de pintura ou a instalação de um papel de parede para dar um ar divertido e personalidade a superfície que ficaria branca e vazia | Foto: João Ribeiro Dicas para introduzir obras de arte na decoração Durante o processo de decorar, conhecer as preferências dos moradores e as limitações do ambiente é um requisito essencial: só assim o profissional de arquitetura pode começar a planejar e organizar. Essa estruturação deve englobar questões como as medidas das paredes ou ambiente em que ela será inserida, a definição do local e da obra, a sintonia com os demais itens que também estarão no local, o orçamento disponível e o zelo para que não haja excessos. Junto com essas questões práticas, a designer de interiores também considera primordial a intenção da arte no cômodo. “Os desejos são inúmeros. A expressão artística pode tanto envolver o ambiente com diversão, sofisticação ou mesmo proporcionar a sensação de aconchego”, enfatiza Patricia. Tendo isso em mente, fica mais fácil compreender qual obra fara o fit certo com o lugar. |
Nessa varanda coberta, a ideia era acompanhar o paisagismo externo, tornando o ambiente mais fluido. Por isso, as especialistas optaram por um quadro contemporâneo da fotografia da natureza, composto por seis peças, de Will Sampaio |Foto: Evelyn Muller Como escolher o ambiente e as obras de arte Por isso, para a escolha da arte, Giselle Macedo relaciona: “O grande segredo é investir em uma obra que agrade o gosto pessoal do morador e o faça sentir-se bem”. Por isso, a dupla do escritório ressalta a importância de realizar um estudo sobre aquilo que é pretendido trazer para o ambiente – que não necessariamente está atrelado ao número, mas sim a fusão entre estilos e tamanhos diferentes. “Em muitas ocasiões, a formação de um galllery wall fica mais interessante que um quadro solitário“, esclarece a arquiteta. Obras de arte, por muito tempo, eram consideradas como artigo de luxo pela maior parte da população e, por conta desse pré-julgamento, muitos acabam deixando de lado essa etapa da decoração de interiores. Porém, a diversidade existente no mercado hoje chega para democratizar o acesso à arte, provando que qualquer pessoa pode ter esse requinte em casa. “Caso os moradores não queiram realizar um grande investimento, temos infinitas opções disponíveis. A mais popular delas são as Fine Arts, que se caracterizam por cópias impressas numeradas e autorizadas pelos artistas, como fotografias e gravuras.” apresenta Patrícia. |
Nesse living amplo e integrado, que engloba sala de estar, home theater e sala de jantar, os quadros nas paredes são fotografias compradas na Democrart, franquia que oferece um novo conceito de galeria com a disposição de Fine Art, de diversos artistas renomados, com preços acessíveis | Foto: Eduardo Pozella Como mencionado no início, a arte não tem padrões ou limitações, podendo combinar com qualquer estilo de decoração e ambiente, dada a sua diversidade e versatilidade. Por isso, por uma esfera íntima o profissional de arquitetura e decoração precisa ter em mente conexão que ela fará com o estilo e jeito de ser dos moradores, pois são eles quem conviveram com as peças todos os dias. “Todos os ambientes merecem uma obra de arte e não há restrições sobre sua presença“, declara Giselle. As únicas ressalvas estão na cozinha e no banheiro, onde deve existir um atenção extra para não as danificar. A incidência de luz solar pode contribuir para as imagens desbotarem, enquanto a umidade, além do desbotamento, pode acarretar manchas, oxidação, corrosão e até mesmo afetar a saúde dos moradores, ajudando na proliferação de fungos. “O ideal é instalar as obras em ambientes arejados“, exalta a arquiteta. Como instalar e combinar Além da escolha da obra e do local em que ela será inserida, pensar em uma iluminação e instalação condizentes são mais alguns dos detalhes importantes, assim como a combinação com outros elementos do décor. No olhar da designer e artista plástica Patricia Covolo, a arte não precisa se sobressair na decoração, mas sim fazer parte do todo. Para tanto, a dica é sempre contar com um profissional especializado para introduzir o equilíbrio. “Procuro sempre favorecê-las com a iluminação, de forma que não fique apagada entre os demais itens. Sem contar que precisamos respeitar a paleta de cores e as proporções do ambiente.” comenta a arquiteta Giselle. Um quadro pequeno em uma parede muito ampla, pode causar estranhamento na estética do projeto, assim como o excesso, que pode ser evidenciado pelo exagero de cores, pode não ser agradável aos olhos. |
Nessa sala de estar, a obra de arte da UrbanArts, galeria que busca trazer visibilidade para artistas independentes, conta com iluminação no gesso logo acima, uma parede neutra ao fundo, para não haver exageros e uma paleta de cores que complementa as cores do ambiente. | Foto: Eduardo Pozella Cuidados com as obras de arte Incidências externas podem ser prejudiciais para as obras de arte e, por isso, alguns cuidados se fazem necessários. Em relação a manutenção, as recomendações do fabricante devem ser respeitadas. Porém, no geral, o ideal é a utilização de produtos de limpeza neutros para não danificar a obra. Quadros de acrílico que rondam a obra também podem ser uma boa opção para a melhor conservação. |
Essa pintura no poço do elevador, feita pelo artista Gen Duarte, fez toda a diferença no design final da casa. Os seus 5 andares puderam ser decorados com uma obra personalizada, que destacou a essência de seus moradores. | Foto: Evelyn Muller Sobre Giselle Macedo e Patricia Covolo Giselle Macedo, arquiteta e urbanista graduada pelo Mackenzie e Patricia Covolo,?graduada em Artes Plásticas pela Universidade São Judas e em Design de Interiores pela Panamericana Escola de Arte e Design, associaram-se em 2009 e, desde então, desenvolvem projetos de arquitetura e design de interiores nas áreas residencial e comercial. Ambas acumulam vasta experiência em arquitetura, atuando em renomados escritórios desde 1998 e 2004, respectivamente. No atendimento aos seus clientes, buscam a excelência do atendimento personalizado, em que cada projeto é único, não importando a dimensão. Adequar os desejos dos moradores aos espaços é uma busca constante. Ambas visam a qualidade funcional e estética para que, ao final de cada projeto, todos sejam impactados pela satisfação de usufruir de um ambiente que reflita sua personalidade. Sempre em busca de soluções e novos materiais, Giselle e Patrícia seguem as tendências do mercado nacional e internacional e desenvolvem um trabalho com estilo contemporâneo e moderno, mas ao mesmo tempo aconchegante e sempre atual. ? |
Autora:
Beatriz Russo