Eu me perco… Me perco em mim mesmo.
E perdendo-me, encontro o que não foi escondido.
A minha vida é evidente.
O carma acaba voltando em minha mente.
Estive na situação de antagonizar o instante mal aproveitado com variações no olhar do garoto que me despiu, senti o rasgar na carne das fraudes ditas por ele. Fui ao ápice da paixão, tombei no retrocesso da perdição na manhã de abril quando desejei abandona-lo. Não precisei muito para deixa-lo ir, pois minha confiança foi estilhaçada, mas sou o tolo que andou em busca dos cacos para remenda-lo, tive como saída portas ofuscadas e semicerradas…
Ousei ir em frente desistindo em percorrer o seu corpo, meus lábios evidenciaram amargamente trapaças de suas palavras, sustentei o aconchego ao lado oposto das portas cerrando a blindagem arquitetada para mantê-lo em meus braços; observei que seus sorrisos picantes expurgaram-me com inquietação, devastei a irrealidade da verdade, no final das contas, sou um bom mentiroso…
Os risos eram meus, eram seus e jamais podem ser de alguém, pois você não tem a capacidade de amar o outro, nem a si mesmo. Afirmo talvez essa estupidez garantindo não o conhecer, a propósito quem é esse sujeito? Um desconstruído, apaixonado em ludibriar os outros? Em contrapartida, fui o amante da carência! Mais uma peça descartável de Xadrez em sua vida, enamorou minhas feridas e deixei para trás toda vivência de instantes semelhantes. Sou dominado ao nó da tolice, fiz parte de suas brincadeiras maltratando-me em noites pálidas.
Garrafas vazias foram largadas, quadros do cenário perpetrado em mentiras; oh céus nuviosos da ausência, dê a mim o fôlego de segui em frente. Vou escapar das cores imersas no hipnotizante olhar dele? O artista que tem poder sobre a mágica pulsante em meu peito, ou, sou o palhaço que sorrir no palco erguido por mim.
A plateia que ler essas frases é acolhida com o espetáculo de deslizes, falhas e inocência praticada ao reflexo da queda que tive por longas memórias envelhecidas. Não estou aqui para enfatizar o quão doloroso é conviver a ausência dessa pessoa, estou para adverti o leitor que há tantos ladrões de paixões ao toque da pele, dos sonhos aprimorados em miragens. Estejam cautelosos às migalhas oferecidas por caçadores de emoções; meus bons hábitos produziram rastros trilhados impiedosamente por ele, que saqueou a última gota de esperança.
O que foi extraviado jamais retornará para a minha infelicidade, ciclos são içados sem render-se ao mornar da frieza no olhar do vigarista que amei, causou-me dilacerações; usurpou-me à serenidade, gananciou a sepultura de rosas. Eu sei que ele virá a mim, aguardo ansiosamente com os dedos trêmulos enrolados ao punhal. Usarei o luar para atrai-lo e fazê-lo gritar, eu o faço querer gritar com prazeres mórbidos, cubra-me ao silenciar da excitação, paralisa-me ao perder o controle.
Experimente o punhal atravessá-lo igual eu provei, testemunhe calafrios iguais eu testemunhei, porque desde o início fui o enamorado intruso na relação construída para dois. Acabei extraindo a coragem de ama-lo no momento que assinei a minha sina ao beija-lo, estou livre de você? Responda-me.
Isso é o bastante! Queime em nossas loucuras, sonhe e conceba minhas ilusões. Esses são os meus desejos para amanhecermos no horizonte dos amantes na qual pertencemos.
O encanto desse cenário fragmenta a nossa despedida, observamos a veracidade do outro como estranhos, ou melhor, a sobriedade contempla o tormento que é olhar para o meu reflexo e coexistir amando uma sombra adúltera, ela no final das contas reflete quem realmente eu sou:
Eliot Satierf, um tolo desacreditado em trair.
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Autor:
J.P.L. Carmo
escrita sublime, jamais havia lido tamanhas palavras que exalam veracidade, obrigada por tamanha experiência proporcionada a todos leitores, senti e fiz minha suas dores. Genial, sublime.