As situações que envolvem alguma tipologia de investigação científica dos eventos diretos, bem como conexos, em torno das problemáticas históricas dos engenhos de cana de açúcar à época do Brasil Colonial, ainda que possuam historiografia bem alargada, ainda fascinam e continuam reclamando exame, tantas são as possibilidades de buscas em conhecer os temas econômicos, sociais e enfaticamente históricos no tempo presente.
Diante das questões levantadas, temos o livro de Evaldo Cabral de Mello cujo título é: “O bagaço da cana: os engenhos de açúcar do Brasil holandês”, sendo sua primeira edição lançada no ano de 2012, pela Penguim Classics Companhia das Letras.
Assim, torna-se oportuno considerar que o livro em baila nele encontram-se inúmeros aspectos envolvendo subtemas abordando a vida militar, comercial, política e social de um longo período da história do Brasil e, em particular das peculiaridades do ciclo da cana de açúcar da região do nordeste brasileiro, com marcas e reflexos históricos que chegam até os dias atuais.
Releve-se que ainda, que a vida cotidiana dos engenhos, girava em torno dos senhores dos engenhos e do modo de viver que emanavam, e, assim, os vínculos sociais foram se definindo nesses espaços, nos quais existem ainda interesses públicos, mas, enfaticamente, privados que se misturavam, e que agregaram colonizadores, colonos e colonizados em torno das relações do trabalho e dos princípios de prosperidade dos coletivos sociais, sem negar as questões que envolveram a escravidão indígena e negra.
Os escritos históricos do século XIX, elaborados por cronistas, letrados e historiadores, por fim, e os escritos dos viajantes e exploradores, desde o XVIII, apontam para a formação de uma sociedade do açúcar nos primeiros séculos do período colonial, ou da história mais antiga do Brasil. Levando em consideração, precipuamente, que entre os viajantes que deixaram preciosos registros da vida nos engenhos e nos sertões brasileiros, destacamos: Antonil, com seu Cultural e opulência do Brasil por suas drogas e minas… (1711) e Auguste de Saint-Hilaire e suas várias viagens às províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Goiás, em particular a Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais (1830).
Apesar dos historiadores apresentarem uma narrativa linear do tempo e uma periodização que privilegia os acontecimentos políticos na história da colônia, imperavam os engenhos como estruturas econômicas, e os senhores, regendo a vida nas vilas e cidades que surgem em torno das unidades açucareiras.
Portanto, o açúcar dos engenhos que deu o primeiro grande impulso para a ocupação efetiva e colonização do Brasil, como principal produto no comércio e com a metrópole durante mais de um século, não perdeu espaço ao longo da história, entretanto, sua importância no cenário econômico mesmo em épocas de prosperidade de outras culturas e atividades, como o período aurífero e do café, por exemplo.
É durante a primeira metade do século XX que os estudos sobre a colônia ganharam fôlego e novos olhares. Sendo assim, é a partir destes novos trabalhos de historiadores como Capistrano de Abreu e Caio Prado Júnior, que a história colonial começou a ser reescrita em outros estilos de narrativa, menos linear e político, e mais temático e, com ênfase na esfera socioeconômica.
Temos assim, na trajetória da escrita histórica, o açúcar que ainda continuam chegando à mesa dos brasileiros, trazendo alegrias e tristezas. Hoje existem variedades de tipos de açucares para todas as classes, e gêneros e gostos. No entanto, é o nordeste que está à frente, sendo o polo desta produção e distribuindo sua doçura para o restante do país. O açúcar está na pauta econômica brasileira, o Brasil é um país produtor de açúcar.
Autor:
Pedro Jorge Coutinho Guerra