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terça-feira, 30 de julho de 2024

O tatuador de Auschwit

1         Do aspecto politico

A narradora consegue trazer leveza e do¸cura em meio a tanto caos, desumanidade, mortes  e  torturas.   Lale  quis  deixar  bem  claro  que  nunca  foi  sua  intenção  corroborar  com  o  nazismo,  Heater  Morris  tem  um  trabalho  impecável.

O  romance é  lindo,  emocionante  e  avassalador,  levando-se  em  conta  o  tamanho  da  obra  e o  resumo  de  três  anos  da  vida  de  Lale.   Procurei  varias  resenhas  dessa  obra  e nenhuma  ressalta  coisas  que  me  chamam  atenção.   Podemos  trazer  um  ponto de vista politico como a forma em que Lale chega em Birkenau, o campo onde toda essa tragedia acontece.  Lale se oferece no lugar do irmão mais velho Max, que  tinha  esposa  e  dois  filhos  pequenos.   Nesse  período  o  governo  eslovaco  estava cada vez mais se submetendo a Hitler. Haviam cartazes anunciando que toda família deveria entregar um filho de 18 anos para trabalhar com o governo alemão.   Nesse  ponto  ninguém  sabia  ainda  o  que  acontecia  com  essas  pessoas, quando Lale se prepara, ele coloca sua melhor roupa e passa dias dentro de um  vagão  lotado,  cheio  de  fezes,  urina,  sentido  dor  e  fome.   Quando  falamos de  perseguição  e  opressão  de  minorias,  esperamos  algo  muito  assustador  e  de grande escala, assim acontece quando falamos do nazismo, mas a forma que contamos  a  historia  precisa  de  humanidade.  Dai  a  importância  de  obras  como essa,  generalizar  a  morte  não é  a  melhor  forma  de  trazer  reflexões  para  se  evitar  politicas  semelhantes.   Lale  e  Gita  decidem  viver  um  amor  em  condições perturbadoras,  um  motivo  para  insistirem  na  sobrevivência.   Quem  era  Lale? Também  com  um  olhar  politico  percebe-se  o  motivo  dele  ter  sobrevivido.   Se destacando dos demais, traduzindo para os demais, ele falava Eslovaco, alemão, russo, francês, húngaro e um pouco de polonês.  Lale realmente nunca se sentiu privilegiado por ocupar a posição de tatuador, pelo contrario ele fez para sobreviver,  ele  não tinha outra opção.  Da forma que  pode  ele compartilhou comida, ajudou muitos e ganhou o respeito e admiração de muitos companheiros.  Quase morreu por duas vezes, na primeira antes de se tornar tatuador quase foi jogado num monte de corpos prontos para serem incinerados e depois por uma doença tifoide  muito  comum  pelas  condições  de  insalubridade.   Um  dos  momentos  de maior tensão é quando ele se depara com Joseph Mengele, o anjo da morte como

ficou conhecido. Mengele capturou um dos parceiros de Lale. Leon teve seus testículos arrancados, depois de tanta tortura não se sabe o que pode restar de um homem. Mengele morreu no Brasil e nunca foi condenado por nenhum de seus  crimes.  Não  existe  um  consenso  apenas  a  indignação  do  porque  ele  nunca foi capturado, um desrespeito aos que sofreram e tiveram suas vidas ceifadas por Mengele.  O  nazismo  não  perseguiu  apenas  Judeus,  como  também  negros  e negras, homossexuais, gays, lésbicas, deficientes físicos, qualquer pessoa fora do padrão ”ariano”.  Perseguidos, torturados e executados.

2         Mulheres

Há um pedaço minusculo sobre o tratamento das mulheres nesse centro, Gita não estava viva quando Lale relata sua historia.  Apenas o que é citado brevemente, são  as  mulheres  de  cabelo  comprido,  todas  elas  possuíam  cabeça  raspada,  com exceção  das  prostitutas.  Além  das  que  eram  estupradas,  algumas  usavam  seus corpos para sobreviver. Gita teve dificuldades para engravidar posteriormente depois de se casar com Lale, não há duvidas que o espancamento, a fome, a dor emocional e física deixaram marcas eternas.

3         Superação

Lale era um homem atencioso, amoroso e levou isso para Gita, eles conseguem ter uma vida depois do fim da guerra. Gita engravida de Gary aos 36 anos e Lale aos

44.  O comentário de Gary ao final da obra é sem duvidas o maior presente que a autora poderia nos proporcionar.  A conduta humana e gentil de Lale sobrepõe toda  sua  contradição.  Lale  precisava  sobreviver  e  fez  isso  todos  os  dias  da  sua vida  até  falecer  em  2006.   Hoje  em  2022  analisar  e  observar  essa  historia  com complacência  é  trazer  respeito  a  essas  pessoas  que  tiveram  parte  da  sua  vida arrancada  e  marcada  em  nome  de  uma  politica  doentia  e  maquiavélica.   Que no  nosso  presente  possamos  intolerar  todo  tipo  de  desumanização,  misoginia, preconceito racial e sexual.

Nomes  completos  e  mais  informações  constam  na  obra  original  de  Heather Morris

Autora:

Alexsandra Cristina Santos Fabre

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