Um alpinista que deseja escalar o Monte Everest sabe que precisa de um guia. E não pode ser qualquer guia. A montanha de 8.849 metros tem o ponto mais alto do planeta e possui um legado de expedições malsucedidas, com corpos até hoje não resgatados. Sabendo disso, o/a alpinista procura os melhores guias da região para contratar, mitigando riscos e tendo a certeza de que serão bem assessorados.
Escolher um excelente mentor para esta jornada é crucial para chegar ao topo e voltar vivo.
Na base da montanha do Everest vivem os Sherpas, um povo considerado Herói do Himalaia, e que alguns dizem serem geneticamente preparados para escalar montanhas e superar qualquer tipo de adversidade. São os Sherpas que interpretam as condições do tempo, conhecem os caminhos mais adequados para se alcançar ao topo, sabem onde os perigos residem, e até mesmo como combater e sobreviver às adversidades.
Ao chegar ao topo da montanha, são os Sherpas que batem a fotografia do alpinista. E muitas vezes, sequer aparecem ao lado deles na foto.
Uma nova competência passa a ser discutida do mundo corporativo: A Liderança Sherpiana.
Líderes sem vaidade e orgulho que são verdadeiros servidores do desenvolvimento de sua equipe. O alcance das metas e a entrega do resultado é fundamental, mas nada disso fará sentido para os Líderes Sherpas se sua equipe não crescer vertiginosamente. É como se pegássemos um helicóptero e fossemos direto para o topo. Alcançaríamos o resultado mas não haveria desenvolvimento.
Imagine que ao ser promovido à líder você ouça de seu chefe: “Parabéns, você acaba de ser promovido a um cargo de liderança. Esperamos que você alcance os resultados e faça sua equipe chegar tão longe quanto você.” Não é algo tão ouvido nos dias atuais.
Mas quão perto nossos líderes estão desta Liderança Sherpiana? Teriam eles/elas condições de dedicar tempo e energia consideráveis para seus times alcançarem os postos mais altos pirâmide hierárquica? Estariam eles/elas preparados para fazer sacrifícios pessoais para que seus times conquistem os mais altos postos de uma empresa abrindo mão do ego e da vaidade?
Para se tornar um(a) Líder Sherpa é preciso mudar radicalmente a maneira de se ver.
Em primeiro lugar considerar-se um instrumento para antecipar o desenvolvimento da equipe. Dedicar tempo para se autodesenvolver e compartilhar o que sabe o tempo todo. É preciso ser vulnerável para admitir que é um eterno aprendiz e ao mesmo tempo estimular que sua posição de líder não seja vista como alguém que tem todas as respostas, mas sim, excelentes perguntas.
Para se tornar um Líder Sherpa é preciso saber olhar profundamente nos olhos dos colaboradores e entender as “montanhas da vida” que desejam escalar. É exigir que as pessoas saibam aguardar quando uma avalanche se desenha. É ensinar a usar as ferramentas adequadas, o ritual de se preparar sempre, e acima de tudo, respeitar a montanha, que aqui, chamo de Cultura Corporativa.
Um líder Sherpa aprende que levar o maior número de pessoas para o topo da montanha é muito mais valoroso do que ele mesmo chegar lá.
O prazer da individualidade dá lugar à devoção a entrega total. É a liderança regenerativa, praticamente indulgente. Por isso, aqui vai meu último conselho para líderes que desejam se tornar Sherpas Corporativos. Sinta prazer em liderar. A subida da montanha precisa ser incrível, para que a foto no topo seja apenas um registro. Nada pode ser melhor do que acordar todos os dias e escalar uma montanha. Com pessoas o máximo possível de pessoas seu lado.
Alberto Roitman é sócio da Escola do Caos, consultoria em liderança e inovação autor dos livros Você é o que Você entrega e A Última Chance. Podcaster no Caos Corporativo (Spotify).
Autora:
Alberto Roitman, sócio da Escola do Caos.