Quando falamos em “nova era da mobilidade urbana” a gente logo imagina cidades tecnológicas cheias de arranha céus, carros voadores e sistemas de transportes autônomos super revolucionários. Fica nítido que ainda falta muito para que esse cenário de “Os Jetsons” vire realidade. No entanto, a mobilidade urbana já está bem diferente de dois anos atrás, cada vez mais acessível e super tecnológica. Essas novas tecnologias estão apontando para um um desenvolvimento mais rentável e sustentável, a fim de reduzir cada vez mais o impacto que a sociedade causa no meio ambiente, otimizando tempo, monetizando dados e trazendo mais qualidade de vida para quem vive em grandes centros como São Paulo.
De olho na inovação e no desenvolvimento tecnológico, o tema da mobilidade orientada a dados entrou nos planos de grandes corporações que estão apostando em boas práticas ESG na mobilidade com foco em melhorar o deslocamento de clientes e colaboradores. Um bom exemplo é o recém lançado “Smart Mobility” https://lp.cubo.network/smart-mobility do CUBO Itaú (Maior Hub de inovação da América Latina), ecossistema que já nasce gigante como as presenças de players como o Bike Itaú, Icarros, Conectcar e destaque para o Vec Itaú (plataforma de veículos elétricos compartilhados) que juntos prometem impulsionar a transformação dos deslocamentos das pessoas nas cidades através do fomento ao empreendedorismo tecnológico e investimentos em mobilidade elétrica. No mercado brasileiro, por exemplo, a compra de carros eletrificados, que reduzem os níveis de carbono emitidos para a atmosfera, subiu 77% em 2021 e atingiu a marca recorde de mais de 34 mil modelos comercializado, para 2022 a projeção é que esse número chegue a 100 mil, de acordo com dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Ainda falando sobre os avanços tecnológicos da mobilidade elétrica, o carsharing já está presente nos principais ecossistemas de mobilidade mundo afora. Dados da World Resources Institute (WRI), apontam que pelo menos 5 milhões de pessoas utilizam esse sistema em deslocamentos urbanos, e com a chegada do 5G esses números tendem a crescer exponencialmente. Aliados ao conceito de Web3, a nova geração super potente da internet, as assinaturas digitais de serviço via app, em que os usuários utilizam os veículos e depois devolvem em um local indicado no mapa, pagando somente pelo tempo ou percurso que utilizou, ganham solidez e precisão de dados. A descentralização de dados e o impacto sustentável são os principais pilares dessa nova era da mobilidade, pois segundo dados da Shared Mobility, da Universidade da Califórnia, os carros compartilhado e conectados geram milhões de TeraBytes por dia, retirando em média de nove a treze automóveis das ruas (dependendo da cidade), beneficiando na redução do fluxo de veículos por micro regiões, impactando em menos trânsito, redução de emissões de CO2, ruídos e criando mais espaço na vias para outros modais como bikes e patinetes.
Outro termo que está se popularizando e deu “match” com o mercado de mobilidade 100% elétrica é o da “tokenização” de deslocamentos usando tecnologia Blockchain, trazendo a possibilidade de “ganhar dinheiro” ao escolher pela mobilidade elétrica ZeroCO2, onde por meio de criptoativos, será possível investir em créditos offset de carbono. A nova metodologia de dados busca incentivar a redução dos gases de efeito estufa (CO2), gerando NFTs (Tokens não fundíveis) que serão calculados com base nos quilômetros rodados de cada usuário indicados pela plataforma e transformados em tokens de offset de carbono contendo os dados necessários para garantir a veracidade do deslocamento ZeroCO2 nas cidades.
Além de proporcionar a experiência de dirigir um veículo 100% elétrico, a tokenização promete incluir todos esses dados de deslocamentos na nova economia de transação e investimentos em criptomoedas para os operadores e usuários destes serviços. Este tipo de tecnologia está se popularizando ao redor do mundo, e vai permitir que o setor da mobilidade urbana lucre com os chamados créditos de carbono para compensar as emissões de CO2 na atmosfera atraindo interesse de fundos de investimentos e grandes corporações. A perspectiva para o mercado brasileiro, segundo a consultoria WayCarbon, é que essas transações tem potencial de gerar entre 493 milhões e 100 bilhões de dólares até 2030.
A “nova era da mobilidade urbana” associada a web3, a descentralização de dados, ao dinamismo, ao blockchain e as criptomoedas trazem novas tendências ao mercado com transformações importantes na indústria e novos modelos de negócios que vão nos surpreender nos próximos anos. O caminho para essa revolução ainda é longo, no entanto, o ecossistema tecnológico brasileiro está borbulhando e estamos em busca de novos empreendexdores para escrever esse capítulo importante da nossa história.
Autor:
Guilherme Cavalcante é CEO e fundador do app UCorp.app, startup referência em soluções para mobilidade elétrica, eleita pelo Estadão “TOP100 Empresas mais influentes em 2021” e integrante do Smart Hub Mobility do Cubo Itaú. O executivo tornou-se especialista em desenvolver modelos de negócios e produtos digitais com foco em mobilidade em 2018. Guilherme é formado em formado em Tecnologia e Mídias Digitais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), e possui pós-graduado em Design de Projetos Especiais pela BAU-Barcelona e Inteligência de mercado pela Universidade de São Paulo (USP).