Como se Define Jornalismo? Por Que Atualmente o Jornalismo Oscila Entre a Imagem Romântica de Porta-Voz da Opinião Pública e a de Empresa Comercial Sem Escrúpulos? Como se Caracteriza a Objetividade no Jornalismo? Por Que é Difícil Distinguir Textos Jornalísticos Objetivos do Jornalismo Opinativo?
Trata-se do conjunto de normas e procedimentos éticos que regem a atividade do jornalismo. A Ética Jornalística se refere à conduta desejável esperada do profissional e, por isso, não deve ser confundida com a deontologia jornalística ligada à deôntica ([1]).
A deontologia se refere a uma série de obrigações e deveres que regem a profissão e, embora geralmente não institucionalizadas pelo Estado, estas normas são consolidadas em códigos de ética que variam de acordo com cada país.
Atualmente, o jornalismo oscila entre a imagem romântica de árbitro social e porta-voz da opinião pública e a de empresa comercial sem escrúpulos que recorre a qualquer meio para chamar a atenção e multiplicar suas vendas, sobretudo com a intromissão em vidas privadas e a dimensão exagerada concedida a notícias escandalosas e policiais.
Jornalismo é também definido como “a técnica de transmissão de informações a um público cujos componentes não são antecipadamente conhecidos”.
Este particular diferencia o Jornalismo das demais formas de comunicação. Atualmente, termo Jornalismo faz referência a todas as formas de comunicação pública de notícias e seus comentários e interpretações. O tipo de jornalismo de ética duvidosa ou contestável é chamado de “imprensa marrom”.
Objetividade
Um princípio comum no jornalismo é o da objetividade, que prega que o texto deve ser orientado pelas informações objetivas, não subjetivas — ou seja, descrevendo características do objeto da notícia, e não impressões ou comentários do sujeito que o observa (no caso, quem redige a matéria).
Por exemplo, o texto jornalístico pode conter grandezas (altura, largura, peso, volume, temperatura etc.), propriedades materiais (forma, cor, textura etc.) e descrição de ações, mas não adjetivos e advérbios opinativos (“bom”, “ruim”, “melhor”, “pior”, “infelizmente” etc.).
Mais recentemente, no entanto, diversos críticos e profissionais têm refutado este princípio, alegando que, na prática, “a objetividade não existe”, pois toda construção de texto é um discurso e uma narrativa em que ocorrem seleções vocabulares influenciadas por ideologias, pelas práxis e por outros valores subjetivos.
Estes críticos costumam referir-se a este princípio, desdenhosamente, como o “Mito da Objetividade”.
Imparcialidade
A questão da imparcialidade é também central nas discussões sobre ética jornalística. É difícil distinguir textos jornalísticos objetivos do chamado jornalismo opinativo. Jornalistas podem, intencionalmente ou não, cair como vítimas de propaganda ou desinformação.
Mesmo sem cometer fraude deliberada, jornalistas podem dar um recorte embasado nos fatos, sendo seletivos na apuração e na redação, focando em determinados aspectos em detrimento de outros ou dando explicações parciais — tanto no sentido de incompletas quanto de tendenciosas. Isto é especialmente efetivo no Jornalismo Internacional, já que as fontes da apuração estão mais distantes para serem checadas.
Verdade e Precisão
Todos os Códigos de Ética do jornalismo incluem como valores e preceitos fundamentais do jornalismo a busca da verdade, a veracidade e a precisão das informações. No Brasil, o Código de Ética da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), estabelece que “a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários” e acrescenta que “a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos”.
Por fim, o artigo 4º afirma que “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação” e que: “O jornalista não pode (…) II – submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação”.
Por sua vez, a Declaração de Princípios sobre a Conduta do Jornalista, da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ ou IFJ, na sigla em inglês), afirma que “jornalistas dignos do nome” (art. 9) devem seguir fielmente o princípio estabelecido no artigo 1º: “O respeito à verdade e ao direito do público à verdade é a primeira obrigação do jornalista”.
Confidencialidade
As fontes jornalísticas são pessoas, entidades e documentos que fornecem informações aos jornalistas, seja emitindo comentários e opiniões, verificando o rigor de dados obtidos ou aferindo a veracidade dos juízos de valor que lhes foram confiados.
Em vários casos, as fontes concordam em prover estas informações desde que sua identidade seja preservada incógnita pelo jornalista com quem conversa. Nestas situações, o profissional (repórter, editor ou redator) tem o dever de mantê-la no anonimato e só pode revelá-la caso autorizado pela própria fonte.
Quando a fonte concorda em aparecer, mas fornece uma informação pela qual não está disposto a responder ou sustentar, ou não autoriza sua publicação, diz-se que a informação é dada off the records (fora de registro), ou simplesmente “em off”. Nos EUA, entre 2003 e 2005, houve um famoso caso de quebra de confidencialidade de fonte determinada pela Justiça, envolvendo a repórter Judith Miller, do New York Times, o colunista Robert Novak do Washington Post, e a agente da CIA Valerie Plame.
Também em 2005, no mesmo país, foi revelada a identidade do informante Mark Felt, conhecido como Garganta Profunda, que entre 1972 e 1974 servira como principal fornecedor de informações confidenciais aos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein no caso Watergate.
JABÁ
Algumas relações entre jornalistas e os assuntos de suas matérias chegam a ser promíscuas, principalmente quando as fontes e personagens oferecem benefícios materiais em troca de exposição na mídia, publicidade ou elogios. Na maior parte das vezes, porém, este tipo de “propina” ou “suborno” ocorre tacitamente, veladamente, para evitar que alguma das partes seja formalmente acusada.
Uma maneira comum de oferecer esta troca é enviar presentes ao responsável pela matéria. No Brasil, esta prática de suborno implícito é chamada pelo jargão jabaculê ou simplesmente jabá. O jabá ocorre frequentemente com críticos e no Jornalismo Cultural.
Matéria Encomendada
Também é um problema ético quando determinadas assessorias de imprensa negociam com jornalistas dos veículos a inclusão na pauta de determinado assunto que seja de interesse da instituição ou do indivíduo que elas assessoram.
Nos casos em que o assunto, por conta própria, não tenha valor noticioso suficiente para ser publicado, diz-se que a matéria foi “plantada” na redação — ou seja, nascida no ambiente externo à redação, e não naturalmente, pelo “faro” dos repórteres.
Quando, por outro lado, a pauta é indicada por um superior na redação, por um dos diretores, executivos ou até pelo dono do veículo, diz-se que a matéria é “recomendada”, termo que no jargão jornalístico é conhecido como “reco”, “pauta rec” ou “pauta 500”.
Quarto Poder
Uma função do Jornalismo nos regimes democráticos é fiscalizar os poderes públicos e privados e assegurar a transparência das relações políticas, econômicas e sociais.
Por isto, a imprensa e a mídia são às vezes cognominadas de Quarto Poder (em seguida aos poderes constitucionalmente estabelecidos: Executivo, Legislativo e Judiciário).
([1]) Refere-se à deontologia, à ciência dos deveres morais, principalmente dos deveres próprios de cada profissão
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