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sábado, 20 de julho de 2024

As zebras passearam nos gramados

Semana agitada na agenda do futebol mundial. Na Champions, mais uma vez, o PSG com seu sonho napoleônico de conquista continental acabou fracassando. Contando com investimentos que contrariam a própria definição de economia que afirma que os recursos são escassos e os desejos ilimitados, a equipe parisiense fracassou mais uma vez. Só lhe restou o eterno campeonato francês.

O PSG se reforçou ainda mais para a temporada. A principal contratação, sem dúvida, foi a de Messi que deveria formar um ataque simplesmente letal ao lado de Neymar e Mbappé. Parece que o argentino, apesar de jogar com um uniforme de cores parecidas com a do seu ex-clube, não se sente em casa. Neymar, desde 2021, sofre com as constantes lesões o que certamente contribui para as suas atuações pouco convincentes, fato que também deveria preocupar o treinador da Seleção Brasileira, afinal estamos em ano de Copa do Mundo.

Mesmo com investimentos menores e, eu me atreveria a dizer, com um grupo tecnicamente inferior ao do PSG, não se pode, em hipótese alguma, descartar a força e a mítica do Real Madrid. A sua camisa é daquelas que envergam o varal de tão pesada e a Champions, em vários momentos, se confunde com o seu nome.

Vejamos a mais recente saga. O time espanhol foi completamente dominado em Paris, mas conseguiu sair vivo do confronto sendo derrotado por apenas 1X0. Em Madrid, o encaixe do jogo beneficiava o PSG que, em virtude da vantagem construída na partida de ida, tinha o campo aberto para contra-atacar. No final da primeira etapa, o gol de Mbappé e o bom futebol apresentado dava ares de que o assunto estaria resolvido. No entanto, um erro grotesco de Donnarumma na saída de bola permitiu que Benzema empatasse o confronto. O gol reascendeu o Bernabéu e a atmosfera se transformou completamente. O Real Madrid, que até então havia sido dominado, partiu para cima. Contando com as boas jogadas de Vinícius Júnior e com os passes milimétricos de Modric, o atacante francês, Benzema, completou o hat-trick e garantiu a passagem dos espanhóis para a fase seguinte.

Por aqui, a Copa do Brasil continua aprontando das suas. O modelo adotado para as duas primeiras fases permite que as zebras corram bem mais soltas. Na primeira fase ainda há um atenuante, apesar do clube pior ranqueado jogar em seu território, o visitante tem ao seu favor o resultado do empate. Na fase que iniciou nesta semana, ninguém tem vantagem. É o jogo do “tudo ou nada”. É preciso vencer o adversário no tempo normal ou nos pênaltis para avançar na competição.

Após desclassificar o Grêmio, o Mirassol perdeu para uma equipe paranaense fundada em 2018, o Azuriz. O novo clube empresa, certificado pela CBF como clube formador, tem como principal objetivo a formação de jovens talentos que deverão ser vendidos para o mercado interno e externo. Para cumprir sua missão e visão, que podem ser observadas na muito bem desenvolvida página do clube na internet, o Azuriz conta com um Centro de Treinamentos muito bem estruturado. Como curiosidade, um dos investidores no clube é o jogador Marcelo do Real do Madrid.

Mudando de região, vamos agora para a Bahia. A Juazeirense continua vitimando grandes clubes do futebol brasileiro. Ano passado, a equipe baiana eliminou o Sport, o Volta Redonda e o Cruzeiro. Contra o Santos, após ser derrotado na Vila Belmiro por 4X0, os baianos ainda ensaiaram uma improvável virada ao fazerem 2X0 nos trinta minutos iniciais do confronto. No entanto, o placar não se alterou e a equipe paulista avançou para a fase seguinte da competição.

Neste ano, os baianos enfrentaram, fora de casa, o Grêmio Anápolis. O empate sem gols permitiu que a equipe avançasse para a segunda fase. Agora, dentro de casa, conseguiram desclassificar o Vasco da Gama. No tempo normal o empate 1X1 e a vitória nas penalidades máximas. Enquanto os baianos engordaram sua conta bancária, o clube carioca conta com um elenco, ao meu ver, bastante limitado e precisará de bons reforços se quiser retornar à elite do futebol brasileiro no próximo ano.

Pela Libertadores, o América empatou em casa, em 0X0, com o Barcelona de Guayaquil. A tarefa não será fácil no Equador, mas depois da virada heroica contra o Guaraní do Paraguai, é preciso respeitar os mineiros.

O último clube brasileiro a entrar em campo na Libertadores foi o Fluminense. O tricolor carioca fez uma boa partida. Atuando em casa, começou pressionando o adversário e ainda aos 10 minutos abriu o placar. Poucos minutos depois, Fábio teve o seu momento Donnarumma. Ao tentar sair jogando, o excelente goleiro entregou a bola nos pés do adversário que só teve o trabalho de chutar para o gol vazio.

O Fluminense sentiu o gol e a partida ficou equilibrada por algum tempo. O Olimpia teve uma nova boa oportunidade, mas desta vez Fábio foi preciso e evitou a virada dos paraguaios. No segundo tempo, novamente com o domínio do jogo, o meu xará, Luiz Henrique, fez um daqueles gols que nos faz babar na gravata. Finalmente, Cano fechou o placar em favor do tricolor. Seguindo a tradição paraguaia de tensionar os confrontos e contando com alguns jogadores violentos, a maior vítima do gol de Luiz Henrique, o lateral Iván Torres, minutos depois do baile de bola que levou do brasileiro, deu uma “tesoura” no atacante do Fluminense que o tirou do jogo.

Apesar da boa vantagem, o Fluminense precisará de muita concentração na próxima partida. A conta ainda não está fechada. Os paraguaios irão provocar e catimbar. Contarão com o auxílio da torcida para deixar o clima muito hostil. Os cariocas, por sua vez, possuem um técnico muito experiente, vitorioso e capacitado, além de vários jogadores acostumados com as grandes decisões. Se os jogadores do Fluminense mantiverem a calma, se não caírem nas provocações do Olimpia, o feitiço poderá se virar contra o próprio feiticeiro. O jogo truncado poderá ser um trunfo para a equipe que já construiu o placar.

Abel Braga, que substituiu Joel Santana como símbolo dos “ultrapassados” treinadores brasileiros, acumulou 12 vitórias consecutivas. Sempre que posso ouço as suas análises sobre as partidas e elas são muito competentes. O seu prognóstico para o confronto em Assunção foi perfeito. Nesta onda de amar os treinadores com passaporte de outro país, é interessante destacar que Abel é muito querido nos clubes que treinou na França e em Portugal. O atual discurso do analfabetismo tático dos treinadores brasileiros não me convence e o Abelão deveria ser muito mais respeitado.

Autor:

Luiz Henrique Borges

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