I
Fui hoje à casa de minha mãe. Tudo estava limpo e arrumado, coisa que não me chamaria a atenção, se ela não tivesse morrido a três anos.
II
Olhei-me no espelho e não me vi.
III
Quando olhei para trás, o homem ainda estava lá.
IV
-O gosto do sangue quando provado é quase sempre nauseante. Porém, passado o primeiro enjoo, advém o irrefreável desejo por mais sangue.- disse-me a mulher na rua.
Surpreende-me não que ela o tenha dito, mas as circunstâncias em que o disse.
V
Jurei a Elliot que não fecharia os olhos. Não sei o que acontecerá agora que descumpri a promessa.
Autoria:
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Ariel Von Ocker é escritora, psicanalista, poliglota e acadêmica de Letras e História. Também já trabalhou no teatro como dramaturga e atriz. Autora com quatro livros publicados, atua desenvolvendo pesquisas na área da psicanálise, literatura sob perspectivas historiográficas e estudos de gênero. Atualmente se dedica também às artes plásticas através da iniciativa Projeto Simbiose, no qual atua no núcleo de direção em parceria com Michelle Diehl e Cristina Soares, além de ser editora chefe da Revista Ikebana. Contato: @ariel_von_ocker