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terça-feira, 23 de julho de 2024

“Contando ninguém acredita”, uma coletânea inusitada que revela as várias facetas do escritor Rafael Caputo.

Autor acaba de publicar uma coletânea de contos, poesias e crônicas, com textos premiados em diversos concursos literários espalhados pelo Brasil.

Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente o escritor Rafael Caputo quando cobri a quarta edição do Prêmio Kindle de Literatura, em fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia. Na ocasião, o autor estava concorrendo com seu romance de estreia “Larissa Start”, uma história de amor contemporânea com ingredientes curiosos: algoritmos, depressão e suicídio. Diga-se de passagem, cotado nos bastidores como um dos favoritos para ganhar a premiação.

O evento, organizado pela Amazon do Brasil, Kindle Direct Publishing e Editora Nova Fronteira, foi um dos últimos que ocorreu de forma presencial em São Paulo, e contou com cinco finalistas de um total de 1.800 romances inscritos. O prêmio acabou ficando com a escritora Barbara Nonato e seu livro “Dias Vazios”. Ainda assim, Caputo saiu de lá vitorioso. “Participar de um evento dessa magnitude e conhecer tanta gente fera, por si só, já é uma grande conquista. Ficar entre os finalistas só comprova que estou no caminho certo.”, afirmou o escritor, todo entusiasmado. E o caminho percorrido por ele vem demonstrando que, de fato, o carioca radicado em Curitiba, Paraná, possui uma escrita criativa e versátil, destacando-se no cenário literário com inúmeras participações em concursos e antologias.

Dentre os prêmios que o autor já conquistou, estão: Prêmio Microconto de Ouro, promovido pela Casa Brasileira de Livros; Prêmio Literatura Mínima de Microcontos, organizado pelo Café do Escritor; Concurso de Crônicas Lygia Lopes dos Santos, da Academia Feminina de Letras do Paraná; Prêmio Literário Paulo Setúbal; Prêmio Pérolas da Literatura; Prêmio Literário da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais; dentre outros. Ao todo, Caputo soma mais de 20 premiações e menções honrosas em concursos literários espalhados pelo Brasil, e em diversas categorias.

Agora, o escritor decidiu reunir todo esse trabalho em uma divertida e inusitada coletânea pessoal chamada “Contando ninguém acredita”. São contos, microcontos, poesias e crônicas. A maioria delas, premiadas. A variedade das obras demonstra a grande capacidade do autor em contar histórias. Destaque para o conto “O livro”, que surpreende o leitor com um final fora do comum, promovendo sensações variadas como raiva, frustração, perplexidade e até vergonha, caso o leitor não tenha captado as pistas do desfecho, deixadas propositalmente como um rastro de migalhas durante toda a narrativa. 

Já o conto “A vida é trem-bala, parceiro” é ousado e provocativo, fazendo o leitor refletir sobre os dias atuais. A história traz a morte como um cargo a ser ocupado. Justamente, por uma personalidade histórica conhecida e implacável, responsável pela pandemia da COVID-19 como estratégia bem-sucedida para alavancar sua produtividade. Essa busca latente em chocar os fãs é uma das marcas registradas de Rafael Caputo, que usa e abusa de recursos literários para provocar seus leitores.

Tal característica é ainda mais visível em seus microcontos, totalmente atípicos; e também na grande maioria de suas crônicas, sempre ácidas e repletas de muita indignação, sarcasmo e ironia. Exemplos são os textos: “Já é um começo!” e “Síndrome de Pilatos”, um triste reflexo de boa parte da nossa sociedade, infelizmente.

E se você acredita que poesia é sinônimo de amor, precisará rever seus conceitos. Nem tudo é o que parece, e até mesmo os poemas do autor tratam de temas como dor, angústia, solidão, perda, morte etc. Estrofes carregadas de duplo sentido que dão o toque necessário para interpretações pra lá de sentimentais, e em algumas ocasiões, até mesmo perturbadoras. Ainda assim, sem medo de parecer clichê, posso afirmar que “Contando ninguém acredita” é diversão garantida para todas as idades. Ao todo, a coletânea reúne 38 textos, sendo 15 poesias, 13 contos, cinco microcontos e cinco crônicas. O projeto gráfico da obra também chama a atenção ao explorar uma abordagem vintage super caprichada e muito bem feita. Vale lembrar que o livro físico está disponível na loja on-line da Editora Uiclap.

Além do romance finalista do Prêmio Kindle de Literatura e a referida coletânea, o escritor também possui em seu acervo uma coleção só de microcontos, sob o título de “Um microconto por dia”, com nada mais nada menos que 365 microcontos (um para cada dia do ano). Sem contar o livro infantojuvenil de nome peculiar: “Minha mãe foi tatuada errada”, e um outro romance intitulado “Carne Fraca”. Este, uma trama psicológica que aborda a relação doentia entre um jovem inconsequente e uma doida possessiva. Inclusive, com um final alternativo. Aquele, uma comovente história em que Guilherme, uma criança de 10 anos, ajuda as tatuagens de sua mãe a resolver uma extraordinária crise de identidade.

Assim é o multifacetado Rafael Caputo, um escritor camaleônico da nova geração. Licença poética à parte, podemos até dizer: não binário de gênero textual fluído. Porque não? Uma vez que transita entre variados gêneros literários em busca da mais autêntica liberdade de expressão: a escrita.

Como ele mesmo costuma dizer: “Viva a LITERATURA!”.

Autor:

Sérgio Machado

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