A Invenção da Revolução

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Por Que de Todas as Ideias de Hauser, Apenas os Sprinklers Chegaram ao Mercado? O Que Aconteceu Quando Hauser Tentou Lançar Seu Sprinkler? Por Que os Grandes Inventores / Empresários da Revolução Industrial Eram Privilegiados?

Fred Hauser emigrou da Suíça para Los Angeles em 1926. Mecânico de formação, ele também tinha um pouco de relojoeiro e, nessa época, Hollywood era como uma indústria relojoeira, com suas câmaras mecânicas, seus sistemas de projeção e a nova tecnologia das fitas de áudio magnéticas.

Ele conseguiu um emprego na MGM Estúdios, trabalhando em tecnologia de gravação.

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Hauser era mais do que um mecânico da empresa, pois à noite, também era inventor e sonhava com máquinas, fazia esboços desenhava plantas e construía projetos.

De início, suas invenções se inspiravam nas suas atividades na empresa, envolvendo várias espécies de mecanismos de transporte de fitas. Porém, com o passar do tempo, sua atenção se deslocou para o jardim da casa.

O sol da Califórnia e a mania de cultivar áreas verdes diante das residências impulsionaram uma forte indústria de sistemas de “sprinklers” para jardins.

A patente foi-lhe concedida em 1943, referindo-se a um sistema de sprinklers automáticos, composto de um relógio elétrico que ligava e desligava as válvulas de água.

Depois de construir o protótipo e de testá-lo no próprio jardim Hauser protocolou o pedido de patente e, com o processo ainda em andamento, ele tentou lança-lo no mercado. E aí se revelaram os limites do modelo industrial do século XX.

Era difícil mudar o mundo com uma ideia isolada, pois inventava-se uma ratoeira, mas não havia como fabricá-la aos milhões. Conforme Karl Marx, o poder pertencia a quem controlava os meios de produção.

Hauser inventou um sistema de irrigação automático em sua oficina, mão não tinha condições de construir uma fábrica em sua casa. Para chegar ao mercado, ele precisava despertar o interesse de um fabricante que se dispusesse a pagar pelo licenciamento da invenção. Os proprietários dos meios de produção decidiam o que produzir.

Hauser teve sorte, pois o sul da Califórnia era o centro da nova indústria de irrigação residencial e, depois de muita conversa, a empresa Moody concordou em contratar a exploração do sistema de sprinklers.

Em 1950, o produto chegou ao mercado como “Moody Rainmaster”, vendeu bem e a ela se seguiram projetos cada vez mais sofisticados, pelos quais Hauser recebeu royalties até 1970.

Foi uma história de sucesso entre milhares de tentativas infrutíferas, pois a maioria dos inventores trabalha em suas oficinas e nunca tem acesso aos mercados. Hauser parecia feliz e vivia com fartura, pelos seus padrões.

Sob todos os aspectos, ele era um inventor rematado. Porém, depois da sua morte constatou-se que, de suas muitas ideias, apenas os sprinklers realmente chegaram ao mercado. Sabem por quê? Porque ele era apenas um inventor, e não um empreendedor.

Os grandes inventores / empresários da Revolução Industrial (James Watt e Matthew Boulton, da máquina a vapor) não eram apenas inteligentes, eles também foram privilegiados. A maioria nasceu na classe dominante ou teve a sorte de ser aprendiz de alguém da elite.

Durante grande parte da história empreendedorismo significava abrir uma mercearia, construir outro tipo de negócio local ou criar uma empresa inspirada em algum devaneio.

Hoje estamos mal-acostumados com os frutos baixos da Internet pois, qualquer criança com uma ideia e um laptop, pode lançar as sementes de uma empresa capaz de mudar o mundo.

A beleza da Internet é a democratização dos meios de invenção e de produção. Qualquer pessoa com uma ideia de serviço pode comercializá-la com algumas linhas de software sem patente. Então, com um aperto no teclado, lança-se o produto em um mercado global de bilhões de pessoas.

Talvez muita gente veja o produto e goste, talvez não. Talvez a ideia já envolva um modelo de negócio, talvez não.

Talvez haja um pote de ouro no fim do arco-íris, talvez não. Mas, o ponto é que a distância entre “inventor” e “empreendedor” foi tão encurtada que praticamente não existe mais.

Incubadoras de startups como a Y Combinator – por exemplo – cultivam seus empreendedores primeiro e as ideias depois.

Admitem jovens apenas com base em um pouco mais que uma apresentação em Power Point e, depois de matriculados, de trabalho, os pretensos empreendedores recebem dinheiro para as despesas e ferramentas com a recomendação de imaginarem algo que justifique financiamento no prazo de 3 semanas.

A Era da Web liberou os bits; tornou-se barato criá-los, como também ficou fácil transportá-los e custos irrisórios. É algo fantástico; a economia imponderável dos bits reformulou tudo, inclusive a cultura, para não falar na economia em si.

Mas, vivemos principalmente no mundo dos átomos (o “Mundo Real dos Lugares e Coisas”) e, por maiores que sejam as indústrias da informação, elas ainda são um espetáculo paralelo na economia mundial.

Apenas para dar uma ideia, a economia digital gera cerca de US$ 20 trilhões atualmente e, pela mesma estimativa, a economia além da Web gira em torno de US$ 130 trilhões. Em suma, o mundo dos átomos é pelo menos 5 vezes maior do que o mundo dos bits.

Vimos o que o modelo da Web – inovação democratizada – já fez para impulsionar o empreendedorismo e promover o crescimento econômico. Agora, apenas imagine o que um modelo semelhante poderia fazer na economia mais ampla das “Coisas Reais”.

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