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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Meu primeiro tiro

           Vladimir era um jovem rapaz apaixonado pela natureza e seu sítio, onde tinha muitos bois e ovelhas, amava o silêncio, ele era calado, tímido, pacato talvez, não se interessava por estudos estava sempre feliz com o pouco que havia aprendido na escola daquele povoado com sua humilde professora dona Selma, brilhante profissional que apenas almejava o bem paras seus alunos que inclusive tornaram-se eternos alunos seus.

        Marilia, mulher impecável, linda.amorosa e uma verdadeira dama aos olhos dos homens que se rastejavam pela sua atenção, o difícil era ela querer, mais tudo mudou quando conheceu Vladimir, ele se apaixonará por ela, algo que não era tão difícil, pois ela carregava em si uma linda mulher e muitas estratégias para se aproximar de quem por quem tivesse  interesse, e ele a ela o interessava, pois via nele um futuro surpreendente, foi onde tudo começou, os dois desde o primeiro encontro se apaixonaram perdidamente um pelo outro, ela com reciprocidade fazia da vida dele dias melhores, memoráveis e inesquecíveis e as horas, minutos e segundos voava  quando estavam juntos, o tempo passava rapidamente e o amor só crescia, eles ficavam juntos o tempo inteiro, mais como tudo não pode ser perfeito. Marília sonhava em voltar à capital para concluir seus estudos, menina sonhadora que, via um futuro brilhante se tornando uma advogada de sucesso, e depois se tornando uma juíza quem sabe, a posição social e o status subia a sua cabeça a cada momento, quando assistia a novelas e filmes, lia a romances, obras literárias, encantada pelas mídias, Marília já não enxergava sua vida domesticada e mãe, ao lado de Vladimir, era esse seu pensamento caso chegassem a casar-se com ele. A partir daí tudo começou a pesar mais entre eles, pouco se encontravam e pouco se amavam, ele continuava como nunca, mais apaixonado ainda, mais  por sentir que ela se distanciava e não o queria mais. Marília foi a casa de Vladimir tentando aproximar-se mais dele pois estava arrependida de ter o tratado de forma cruel e fria nos últimos dias.        

        Naquele mesmo dia, Vladimir veio à fazenda do pai de Marília, pois pedira em casamento aquela que é  o  grande amor de sua vida. Marília não se recusou e aceitou seu pedido, formalizando assim um incrível momento único na vida dos dois.

          Marília pensou que saindo da casa de seus pais podia ir a capital conveceria seu futuro esposo a viajarem e pronto, tudo ficaria bem, mesmo Vladimir não aceitando tal ideia ela forçou a barra de que tudo ficaria bem.

            Marília pensou na hipótese de Vladimir querer sempre ela, por mais que acontecesse coisas que ele não o compactuava, mais assim ela o tranquilizava e apostava todas as fichas nesse novo momento juntos a de vida conjugal, o rapaz era perdidamente apaixonado e acreditava numa possível mudança de personalidade dela quando tornasse adulta, dona de casa e mãe deixando para traz todas as sua expectativas de sonhar.

        Marilia tornava seus pensamentos muito altos e discretos:

 -Não consigo saber ao certo o que realmente ele quer comigo, mas isso não me despertou nenhuma curiosidade, só  percebi que ele me ama tanto que fica feliz quando eu estou feliz e só isso basta para ele, que pena que não sinto pena. Viver é procurar aventuras daquelas mais extrovertida que a vida nos oferece, portanto, pretendo viver..

  -Quando amanheceu, ainda em meu quarto ele estava comigo, e jurou-me amor eterno, eu não o pedi nada, mas declarava-se diariamente, era até fofo a forma que ele me queria, e como queria está sempre comigo, acontece que isso não faz parte de mim, eu gosto simplesmente de aventurar-me se possível sempre, claro, por que não?

   -Após o café da manhã ele me olhou beijou-me e foi até a cidade,  eu, porém, descansei e me preparei pra um dia que logo chegará ao fim, fim para uma vida amorosa ou fim para uma vida física corriqueira, cansada e mal amada? A isso não faz medo nenhum. O que realmente importa é conhecer todos os lugares do mundo e saborear os vinhos que existem. Quem me dera, sentir essa sorte, apreciar de tal maneira a vida.

        Vladimir veio da cidade trazendo muitos presentes pra sua amada, flores, laços, roupas e muitos outros objetos. Ela porém, recebe-os de forma tão fria que ele sentiu naquele momento muita indecisão quanto ao amor dela por ele. Mais como de costume Marilia sempre dava a volta por cima, fazendo ele acreditar nela e em seu sincero sentimento.

         Após o jantar os pais de Marília fazendeiros daquele local, reuniu toda sua família no alpendre de sua casa para comunicar o casamento dos dois, com a presença de todos Marília sentiu-se triste por alguns segundos o motivo seria que Vladimir não aceitará morarem na capital após seu lace matrimonial, o que fez ela arrepender-se de tal decisão.

         O que veio a sua mente foi o termo destruição, palavra de grande estrago na vida de duas pessoas que se amam. Porém, não se martirizou e pensou o seguinte:

     -Destruição é você não aproveitar o lado bom da vida: viajar, beber e relaxar, prazer é momentâneo por que então amarra-se em apenas uma pessoa se posso ter todos ao meus pés?

        Após essa indagação e também indignação Marília estava simplesmente perfeita, trazia consigo a decisão de resolver aquilo que ela chamava de problema diante de seus olhos, não se via mais como há dois minutos atrás, pois, tinha em mente romper tudo e fugir, mais pensando por lado ela teve medo de ocasionar um estrago bem maior com sua família, e ficou quieta, calada e pensativa, chamou seu noivo para passear pela fazenda, deixando sua família ali, no alpendre sua casa, e deixou também a sua consciência limpa, pois a partir de agora não se sabia ao certo o que o futuro prévia para a vida dos dois e buscou nele forças e esperança para continuar, mas, não encontrou. Marília havia percebido que nada o mudaria nem mesmo uma vida a dois, nem mesmo a civilização da capital e a atualidade, tudo seria em vão, apoiar-se em quem não  queria ajuda-la ou pelo menos a realizar seu grande sonho, por outro lado Vladimir já sabia que sua noiva era muito cabeça quente então a capital só iria influenciá-la cada vez mais a perdição, sua família não apoia seu romance com ela, pois acham o temperamento de Marília muito forte, o que era exatamente o  oposto de Vladimir, jovem trabalhador e quieto, calmo, alguém bem cabeça, responsável e humilde de caráter singular que então estava perdido naquela paixão avassaladora, que não saia de sua mente, pois ela seria a primeira pessoa a tirar seu sono e planejar junto dele seus sonhos e seus desejos: Ser pai, ser fazendeiro de grandes criações de gado e ovelhas.

           Marília pensava a toda hora, como seria de agora para frente após a decisão de seu noivo de não morar com ela na capital, de cabeça cheia e ainda na companhia dele, ela pensava rapidamente em algum plano, plano esse que mudaria suas vidas para sempre. 

       -Quando a noite chegava, meu coração acelerava, era medo? Não, era apenas emoção por tornar apenas um plano em prática e que sentirei um grande alívio em saber que finalmente me livrarei de meus pesadelos, destruir aquele que me amou? Mas não quem eu realmente queria, ele simplesmente apareceu pra baralhar minha vida, atrapalhar meus planos, mas isso será logo resolvido. Salto 15, calça jeans apertada com meu espartilho preferido na cor rosa, onde as costas são delicadamente fixadas com velcro e onde valoriza ainda mais as belas curvas que possuo, espantosos olhos me desejam será apenas instinto masculino? Ou apenas desejos ardentes por um lindo corpo, olhos castanhos pretos e bocas carnudas? Não acredito em amor, porém, jamais me sentirei amada, e incapaz de amar alguém, sentir algo como desejo ou vontade de estar perto de alguém, isso eu sinto por Vladimir, mas, já passou, não sinto mais nada, a partir desse momento quero só distancia dele. Ele todo lindo, quase perfeito corpão forte,cabelo liso, alto, dentes brancos e muito cheiroso, caminhávamos pela estrada que nos levava para o matagal daquela fazenda, foi quando lembrei-me de voltar a minha casa por que havia esquecido de algo, ele me esperou e nesse tempo pensou por horas o que eu estava sentindo naquela tardinha quase noite, mais como pensamento não sabemos os dos outros ele ficou apenas na curiosidade, quando cheguei ele me abraçou e me jurou mais uma vez amor eterno, eu porém, ri da forma que ele se declarava constantemente e disse:

 – calma! Tudo vai ficar bem, não se preocupe, acalme seu coração, tranquilize-se e tudo passará rapidamente sem que percebamos, o tempo voa e o melhor mestre para todo problema.

   Vladimir veio em minha direção e olhou no fundo dos meus olhos e disse que não conseguiria viver sem mim então foi aí que pensei:

– pois você irá ficar sem mim por muito tempo, ou para sempre talvez.

    Puxei rapidamente a arma que peguei na gaveta da cômoda de meu pai e ele me  encostando em uma árvore para me amar, me beijar e me fazer feliz, empurrou fortemente naquele galho áspero e grosso e foi aí que apertei o gatilho, uma arma de calibre 38 não perderia seu alvo facilmente e ainda mais, a queima roupa, Vladimir não conseguiu falar nada  acertei em seu peito, sangue esbanjava e ele tremeia perdendo as forças e perdeu também seu último suspiro, veio tudo rapidamente em minha mente: Nossas viagens juntos, nossas noites de amor, nossos abraços e seu ofegante fôlego quando estávamos pertinho um do outro, todo esse pensamento foi embora com a mesma velocidade do tiro, afinal esse seria apenas o meu primeiro tiro, tenho certeza, que agora em diante serão vários, pois, a vida me deu oportunidades de ser feliz, só precisei tirar dela pessoas que atrapalham.Corri para a fazenda, cabisbaixo, meu pai me perguntou sobre Vladimir com meu silêncio e conhecendo a minha natureza, não precisei respondê-lo meu pai me tirou daquele cenário, pois não queria uma filha com seu nome sujo na sociedade, as pressa me levou para a capital e apagou de nossas mentes o ocorrido.

        Dona Selma encontrou Vladimir sem vida e embaixo da árvore, naquele mesmo local ela orou por ele, para que tivesse o descanso eterno. E pediu para que o culpado ou culpada um dia se compadece-se de tamanha crueldade.

– será?

Autora:

Camila Brito

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