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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Desespero: notas de uma miranda sem rumo

I

A palavra é o último sopro de um ser prestes a espirar: é o instante do sonho que precede o despertar.

O mundo é o Isso: um desespero expresso no limiar na palavra e do silêncio.

II

Maria serviu o último prato de arroz e feijão na segunda feira.

A menininha comeu tudo com os olhos atentos à mãe, que sorria. Terminado o prato, disse-lhe:

-Posso repetir?-

Ainda haviam seis dias para o mês virar.

III

A casa nunca vira a vida. Nascera num barranco lamacento, de sorte que somente fantasmas pálidos e sem cor haviam cruzado seu caminho.

Sem cor e sem vida eram também seus habitantes.

Autoria:

Ariel Von Ocker é escritorx, psicanalista, poliglota e acadêmicx de Letras e História. Também já trabalhou no teatro como dramaturgx e ator. Com catorze anos escreveu seu primeiro romance e por anos seguiu escrevendo sem publicar, até que em 2021 se torna colunista no maior blog sobre psicanálise em língua portuguesa com o texto de estreia Representações Sobre o Feminino: Um Olhar Histórico. Atualmente se dedica à formação acadêmica e à divulgação da arte e do conhecimento através da iniciativa Projeto Simbiose, no qual atua no núcleo de direção em parceria com Michelle Diehl e Cristina Soares e da Revista Ikebana, onde atua como editorx chefe.
Também é autorx do livro Canções da Tarde, disponível para compra através do link: https://www.amazon.com.br/dp/B09NTYWQ6Z.

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