I
A palavra é o último sopro de um ser prestes a espirar: é o instante do sonho que precede o despertar.
O mundo é o Isso: um desespero expresso no limiar na palavra e do silêncio.
II
Maria serviu o último prato de arroz e feijão na segunda feira.
A menininha comeu tudo com os olhos atentos à mãe, que sorria. Terminado o prato, disse-lhe:
-Posso repetir?-
Ainda haviam seis dias para o mês virar.
III
A casa nunca vira a vida. Nascera num barranco lamacento, de sorte que somente fantasmas pálidos e sem cor haviam cruzado seu caminho.
Sem cor e sem vida eram também seus habitantes.
Autoria:
Ariel Von Ocker é escritorx, psicanalista, poliglota e acadêmicx de Letras e História. Também já trabalhou no teatro como dramaturgx e ator. Com catorze anos escreveu seu primeiro romance e por anos seguiu escrevendo sem publicar, até que em 2021 se torna colunista no maior blog sobre psicanálise em língua portuguesa com o texto de estreia Representações Sobre o Feminino: Um Olhar Histórico. Atualmente se dedica à formação acadêmica e à divulgação da arte e do conhecimento através da iniciativa Projeto Simbiose, no qual atua no núcleo de direção em parceria com Michelle Diehl e Cristina Soares e da Revista Ikebana, onde atua como editorx chefe.
Também é autorx do livro Canções da Tarde, disponível para compra através do link: https://www.amazon.com.br/dp/B09NTYWQ6Z.