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quarta-feira, 24 de julho de 2024

La Madre

Sã consciência…está minha.

Com a minha carne alegrei os famintos de prazer…

Aos padres fiz-lhes não só uma confissão em palavras, deixei-os mergulharem no profundo mar de prazeres que jaz em mim, do qual fogem desde a sua mocidade.

Um batalhão de cedentos por algo que estimulasse o prazer adormecido passou por mim.

No meu templo não se puseram aos gritos por comezinha dor, quiçá por algo que está mais para o fundo dela;

Do meu sangue provaram, e a sede aumentava-lhes na medida certa.

Era um não querer querendo-me…

Enojei-me da vida no agora para num amanhã desfruta-lá.

Dei a todos um pouco mais do que a vida lhes tomou…

Os meus lábios foram o favo de mel achado no deserto após uma desgastante caminhada para os de coração bravo.

O meu cantar de alegria era no antes para as virgens do convento, que se privavam do morno e por vezes do quente desmedido quando duas respirações ofegantes se cruzam…onde um tocar não é apenas um tocar…onde tudo salta para o além do simples para o complexo, onde tudo não lícito é lícito.

Os meus seios guardava-os para o artista, esse enxerga não só o aparente, mas o fundo também!

 Dei-lo provar o meu coração, de costas adorava-me.

Alimentei a todos…

Se prostituiram todos…

Cada um com pedacinho de mim…

Menos o poeta, esse me fez inúmeras vezes viver, sem de mim exigir algum toque…tudo quanto não foi dado aos outros tocarem o dei, para que num lugar tranquilo se achem as minhas lembranças…oferecia-o sempre o meu verdadeiro sorriso, e retribuia ele sempre com um beijo suave e morno;

Os tambores ressoaram, o caos tomou espaço, a chuva não se deu por cair, os cães uivaram ferozmente, os corvos enxergavam-me lá do alto, o mar calmo das emoções em mim ficou brando;

Precisava de um último instante para retribuir com mais um pouco de mim ao poeta, não pela volúpia, não pelo beijo, não pelas risadas, mas por me ter despertado a vida em terra, e com a profunda arte sua, me ter jogado na felicidade;

Do fundo ressoou a poesia sua, a belíssima coisa nunca antes contemplada pela minha audição, e então se acalmaram minhas emoções;

Minha petição última antes que as chamas consumam o meu corpo, assim que se der por findado este evento dignos são o poeta e o artista de tocarem as minhas cinzas;

Prossigam, desta me calo para todo sempre!

Autor:

Susatel

Sec.XXI

Padrões Poemia ll de Susatel

Padrões poemia

Do Livro Filosofia do Amor

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