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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Feliz ano novo!

Fim de ano é sempre festa. A agitação é tanta que parece o fim do mundo, apesar de ainda não termos experimentado tal realidade. As pessoas se movimentam de forma frenética, numa perspectiva de desabastecimento geral. Parece que todos querem ser os primeiros a gastar suas reservas ou enriquecer os comerciantes com seus décimos terceiros, bonificações e qualquer renda extra ou rateio daquilo que já lhe pertence, mas distribuído como forma bondade, ou seja, esmola.

Trata-se de discurso automático e uníssono: — feliz natal! Próspero ano novo! —. É como se o natal fosse o único dia para sermos felizes e que todas as desgraças, mazelas ou benesses vividas no dia-a-dia dos trezentos e sessenta e cinco dias anteriores se revogassem exatamente às 24h de trinta e um de dezembro.

Fogos de artifício, roupas brancas ou amarelas, patuás, banhos de sal grosso, passes e despachos, cultos, dentre outras práticas (nada contra) para recomeçar aquilo que, na pratica não termina nem começa, pois, a divisão do tempo é mera invenção humana de caráter controlador. Como bem disse Publius Ovidius (43 a.C.), “tempus edax rerum” — tempo devorador de todas as coisas.

Curiosamente, as pessoas não se dão conta que a contagem em eras, o início e o fim de um ciclo, foi arquitetada. Talvez a Pós Modernidade, por meio das Ciências Exatas consiga explicar.

Mas o início ou fim de ciclo não trazem mudanças. A vida ou a morte seguem o rumo independentemente de qualquer situação. Os problemas serão os mesmos e talvez, maiores. Como afirma o dito popular, ‘se a coisa está ruim, acredite que pode piorar’.

Mas ao que tudo indica, parece que as pessoas estão sempre insatisfeitas, mas preparadas para o pior. Às vezes são responsáveis por isso. No Brasil tivemos essa experiência nas eleições presidenciais de 2018, por exemplo.

Independentemente de qualquer situação, a fragmentação do tempo, tem, cada vez mais, escravizado pessoas, colocando-as em caixinhas, tirando a liberdade de todos. O cotidiano tem mostrado que o tempo biológico não é respeitado.

Não é incomum que as pessoas comam sem fome, durmam sem sono — usam soníferos —, estudem sem desejo, trabalham insatisfeitos, casam-se com quem não gostam, compram o que não precisam.

E pelo mundo inteiro tem sempre alguém fragmentando o tempo. Principalmente para incentivar o consumo.

Findos os últimos minutos de 31 de dezembro a festa se justifica pelo ano ruim concluído. Depois vem o carnaval, semana santa, dia das mães, dia dos namorados, dia dos pais, dia das crianças …, natal.

Depois de todo o colapso de 2021, feliz 2022! Caso você consiga esse milagre, é claro.

Para não me cansar, ficarei de férias os trinta e um dias de janeiro. Mas volto.

Autor:

Pedro Paulino da Silva

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