A coragem é espetacular distrai audaciosos e persuade alguns curiosos, entretanto, sou bem diferente dos heróis que invadem meus sonhos durante à madrugada para afastar os vilões de minhas ilusões. Toda essa conclusão entre quem está certo, ou errado me deixa afoito, perdido e sem rumo na cama quentinha.
Desaproveito a suave honra dos bramidos que são calcados no telhado, viro inquieto para os lados requerendo que o anoitecer venha me cobrir com o sondar do luar. Os adornos dos lençóis são excitantes, mexidos como a última refeição que fiz antes de deitar-me.
O trovejo submerge a inquietude ao lado oposto da janela, tremulando-a por afastar o garoar cruelmente. A noite é violentada por lágrimas algodoadas, trajadas de escória, sou temeroso com os ruídos silenciosos que são trazidos com o eco da aurora. Busco esconder-me sob os farrapos de seda, porém, sou caçado por marasmos; ouço passos dimanados dos degraus inibindo a sonolência do perverso entardecer. O que poderei fazer?
A insônia é aliada que se dispõem a ouvir-me quando o emudeço dos tijolos lamenta, confio nas gralhas obedientes. Sou covarde para levantar-me, tenho receio dos mistérios que são escondidos abaixo das pálpebras do meu ego. O tic-tac do relógio marca às horas para erguer-me, todavia, estou descalço em inseguranças. Meu corpo permanece rígido e a alvorada já vai surgir, encorajo-me e tropeço nos degraus.
Desperto com a sinistralidade corroendo meus olhos, permaneço distraído com a surdez que o anoitecer traz; ele é desumano, do contrário, sou humano e não entendo o pretexto da madrugada em fazer-me sonhar. Acredito na força que ela tem sobre mim, neste instante, presumo levantar da cama, ou continuo valorizando os meus devaneios? Neles há alguém espreitando-me nos últimos degraus, eu nem sequer acordei para saber quem é.
Autor:
J.P.L. Carmo