Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
Como não ver a beleza da rachadura da Terra Seca
Fazendo desenhos em forma de fendas.
Era o jeito de distrair a mente da fome que ela espalhava
Nas casas de sapé por onde eu andava.
Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
Como não derramar as lágrimas
Ao ver o sorriso nos rostos cansados
Quando a chuva molhando a Terra,
Estalava no telhado.
Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
Que ritual é esse da velha caneca,
Cheia de café, em volta ao fogão de lenha?
Depois de um dia de dura labuta na Terra,
Tentado fortalecer a esperança e as pernas trêmulas.
Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
De vidas difíceis, transpassadas de suor e lágrimas!
Só quem criou com Honra, o filho, embaixo da força da enxada,
Poderá contar o que é a dor e a alegria dilacerada.
Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
Nas tuas fendas escorrem sangue e suor,
Saudade e cansaço, lágrimas e esperança,
Que a cada dia de chuva abençoada,
Uma vida melhor nos fosse visitada.
Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
Onde jaz Homens bravos que te enfrentam,
Mães que sofrem em silêncio,
Pais que são mais duros do que aguentam,
Na violenta batalha da sobrevivência
Verdadeiros guerreiros.
Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
Que em meio a tanto desalento
Consegue fazer nascer na alma do pobre campeiro
A alegria do brotar do feijoeiro.
Sertão, Sertão,
Ôh, meu Sertão!
Que me fez de menino, homem,
Que me trouxe dor e alento,
Que guarda tantos segredos!
Dos pés que te viveram,
Outros iguais não haverão
Sequer em pensamento!
Autoria:
Jade de Andrade