Precipícios, muros ou paredes nos aprisionam,
trazendo-nos paralisia, entre penumbras, nessas ironias.
Incompreensíveis penumbras no amanhecer de meus sentidos,
destoando minha vida nessas buscas inexplicáveis.
Busco novos dias transparentes, novos amores, novos sonhos,
entre arremedos e medos, entre sombras e claridade.
Busco a quietude, o encantamento das palavras entre versos.
Observo o vento sibilante que me liberta dessas amarras.
Entre lembranças, na perenidade desse amor, busco aconchego.
Insistentemente persigo teu cheiro, teu perfume, meu abandono.
Meu ser gretado doía, doía uma dor sentida, quietamente,
na penumbra dessa casa, na insensatez da tua partida repentina.
O tempo me fazia esperar teu retorno! Suspendi minha existência!
Eu tentava me libertar desse luto, sem dizer adeus, rompendo meus limites.
Minha libertação está refletida nos escombros dessa vida boba.
Está na claridade, na simplicidade desse caminhar, sem atropelo.
Entre quatro paredes, meus instintos, minhas fraquezas, está.
Não faço planos, não revivo os amanheceres de outrora, não reluto.
Sigo meio bêbado, meio lúcido, meio poeta, nessa quietude, sem lágrimas.
Meus sentimentos me levam aos teus braços, ao teu conforto…
Esse silêncio das palavras me machuca, esse silencio me aflige.
Esparrama, em mim, sentimentos transbordantes, nessa entrega.
Sou teu, ainda que esperando um aceno, um novo outono, novos segredos.
Fomos confidentes e amantes, entre dores e paixões, entre súplicas.
Assim mesmo partistes nesse desconforto velado, eu relutante,
nesse descompasso rítmico, nessa falta transbordante, dessa ausência.
Sinto falta de cada sorriso teu que afugentava minha melancolia.
Quero deixar o meu abrigo, restaurar minhas ruínas, quero libertar-me.
Em ti depositei minhas esperanças, nesses dias que transcorrem,
entre o ontem e o hoje, entre afazeres, me perdi nesses caminhos.
Sonhei intensamente! Os sentimentos se afloraram, ficou essa desordem.
Agora busco novos dias, dias claros, transparente, minha liberdade.
Autor:
Jonas Nery