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segunda-feira, 22 de julho de 2024

Pesar Caribenho e a Queda de Cabul

Nos últimos dez dias o mundo foi chacoalhado por notícias tristes e desalentadoras. Haiti e Afeganistão ocuparam as manchetes, ambos atingidos dramaticamente por razões distintas: o primeiro pela natureza impiedosa, devastado por um terremoto, e o segundo pela ação de um grupo fundamentalista islâmico – Taleban – que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, perdendo o poder após a invasão dos EUA ao país.

O Haiti – país caribenho que compartilha a Ilha de São Domingos (ou Ilha de Hispaniola) com a República Dominicana (Leste) – foi devastado por um terremoto de magnitude 7,2 revivendo memórias terríveis do terremoto de 2010 – quando morreram 300.000 pessoas – e, agora, causando a morte de mais de 1.300 haitianos e deixando 2.700 desabrigados. Uma tragédia!

Apesar de ambos os países compartilharem o espaço territorial, o desnível no desenvolvimento econômico entre eles é abissal. O do Leste é conhecido por suas praias, resorts e golfe. Seu território compreende floresta tropical, savana e montanhas onde habitam 10,74 milhões de dominicanos.

Ironicamente, ao lado, o Haiti, antes de sua Independência (1791), foi uma das mais ricas colônias da França na região. Grande exportador de açúcar, era controlado por uma pequena elite de brancos proprietários de terras, responsáveis pela exploração da predominante mão-de-obra escrava do local.

Difícil compreender-se, assim, como um país com recursos naturais como bauxita, cobre, ouro e carbonato de cálcio tenha vivido e convivido com um quadro de pobreza onde 72% da população (11,5 milhões de hab) vivem com menos de US$ 2 por dia sendo submetida a todo tipo de provação.

E do outro lado do mundo, no Afeganistão (30,04 milhões de hab) – país invadido pelos EUA após o ataque da Al-Qaeda às Torres Gêmeas, em Nova Iorque, em 11 de setembro de 2001, e lá permanecendo por vinte anos – os insurgentes do Taleban retomam o controle do Estado e do Governo em situação dramática.

A experiência vivida pelos afegãos – principalmente mulheres – durante o período anterior controlado pelo grupo fundamentalista islâmico – levou contingentes da população, agora, ao êxodo descontrolado com cenas de desespero durante a fuga, mortes, invasão de aviões, receio de represálias.

Um futuro incerto para o povo afegão!

Um constrangedor, humilhante e patético epílogo de mais uma malfadada intervenção externa dos EUA que durante estes 20 anos enlutou as famílias de mais de 2,3 mil militares americanos e contabilizou mais de 20 mil feridos a um custo de mais de 1 trilhão de dólares!

E não menos, o mundo desconhece as mais de 60 mil mortes nas forças de segurança afegãs e quase o dobro de mortes civis.

Uma insanidade!

Autor:

Roberto Alves de Athayde

1 COMENTÁRIO

  1. É engraçado que muitos daqueles que criticam a saída dos EUA do Afeganistão são os mesmos que criticaram a invasão em 2001. É uma pena que eles estejam saindo dessa forma, mas não é possível criticá-los pela saída, visto que os EUA não poderiam manter a presença lá para sempre.

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