A vida é relacionamento, pois estamos o tempo todo nos relacionando com alguém, embora poucos saibam que é através dos relacionamentos que temos a chance de amadurecer e ativar os valores humanos que possibilitam o nosso autoconhecimento e consequentemente a nossa evolução espiritual.
O relacionamento entre duas pessoas, sob o prisma amoroso, tem se tornado cada dia mais frágil, principalmente com a chegada do século XXI, onde vimos que o amor banalizou-se, mas com muita complexidade porque as pessoas tem amado a tudo e a todos de modo tão exagerado e genérico que este sentimento se tornou efêmero.
Quando decidimos nos relacionar com alguém e viver algo profundo que possa culminar numa união permanente, por exemplo, é importante que ao dizer SIM possamos considerar o que cada letra dessa palavrinha tão decisiva nos orienta na condução de uma vida a dois.
O primeiro estágio do SIM numa relação que se pretenda construir inicia-se pela letra I, a primeira que devemos pensar e considerar para que a relação possa crescer de forma profícua e saudável. O “I” compreende as ideias, as intenções e a inteligência.
Assim, no instante em que se conhece alguém e se tenciona manter uma relação de namoro, falamos de nossas ideias: expomos,conversamos, debatemos sobre assuntos diversos que dão norte às coisas que pretendemos colocar em ação e mencionamos as nossas intenções: o que temos vontade de realizar, o que temos planejado para a vida bem antes do encontro, e o que estamos fazendo no momento atual; enfim, tudo o que pensamos construir na vida.
No decorrer de todo esse processo chega-se ao terceiro “I”, mas de maneira quase imperceptível por nós mesmos, pois expomos a nossa capacidade de pensar e de resolver problemas que, em última análise, significa a demonstração da nossa inteligência para a pessoa com quem estamos envolvidos.
Passado esse estágio inicial dos três “Is” que não se pode determinar o tempo, pois cada pessoa tem o seu, vamos para o segundo estágio do SIM que é o da letra “S”.
O S contém os sentimentos, os sonhos e a sabedoria e ao adentrar esse estágio, a relação denota um aprofundamento maior; vamos demonstrando todos os nossos sentimentos e o outro começa a fazer o mesmo, pois já existe uma comunicação sentimental entre ambas as pessoas, e desta maneira, passamos para o segundo S, pois tende a existir um nível de confiança mútua interessante que é a confidencialidade dos nossos sonhos; sejam eles banais ou secretos… Dos mais improváveis aos mais comuns, dos mais bonitos aos mais feios. Então, é nessa etapa que surge o terceiro “S”. Desfilamos os nossos saberes, incluindo o falar sobre nós mesmos dando ao outro, a possibilidade de perceber a nossa sabedoria e tudo o que a vida já nos tatuou com o tempo.
Finalmente, chegamos ao último estágio do SIM, o estágio do “M” que compreende os medos, as mazelas, e o melhor que se pode compartilhar. Nessa etapa, o processo de confiança mútua se expande bastante, pois cada um fica à vontade para falar dos seus medos, aqueles medos mais íntimos, mais profundos… Não medo de baratas, de altura ou de alguma coisa que venha de fora para dentro, mas dos medos como: o de ficar só, o de se frustrar com algumas coisas, o de ser abandonado, o de se perder na vida, ou seja, os medos que vêm da nossa essência, medos que não sabemos muitas vezes se são ou se não são nossos… Medo como um “gigante da alma”.
Em seguida, vem o momento de expor as nossas mazelas, as doenças corporais e espirituais, as nossas fragilidades advindas com a idade, as quais confessamos somente quando a relação já tem um caráter de sossego, nessa fase destaca-se a coragem sem nenhum constrangimento das revelações. Por último, surge o amálgama da relação, pois se começa a perceber e a sincronizar o melhor do outro com o melhor de si mesmo. É nesse estágio onde podemos ver a magia da entrega e do envolvimento, é a confirmação do olhar na mesma direção. Existe efetiva superação de todos os obstáculos da relação com muita verdade e assim, o amor se cristaliza no silêncio e na paz com o outro.
Que esse texto sobre o SIM nos faça refletir sobre o relacionamento que estamos construindo na atualidade, deve ser lido não para crê ou descrê em tudo o que se disse, mas para pensar e considerar, porque parafraseando o, sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman; se relacionar com alguém, amar alguém significa abrir a porta para esse destino, para o mais sublime das condições humanas em que o medo se funde com o prazer em uma liga indissolúvel, cujos elementos não podem ser separados.
Autor:
JDCasteloBranco, graduado em Psicologia. De Recife/PE/BRASIL
Muito bom. Ainda com o SIM, deve se ter em mente que respeito e lealdade são fundamentais.