O Alzheimer é um tema extremamente relevante e pertinente na atualidade, é o tipo mais freqüente de demências cerebrais, uma doença genética degenerativa que causam a diminuição progressiva da capacidade cognitiva, alterações de comportamento e perda da funcionalidade, irritabilidade, agressividade, e comportamento repetitivo.
Considerando alta incidência de pessoas acometidas por esta patologia após os 60 anos de idade, a matéria disponível no Portal da Assembléia Legislativa do Estado de Mato Grosso, datada de 23 de Setembro de 2020, estima que a estatística é de que 60% da população Brasileira acima de 60 anos são acometida por esta doença, e que em MT atinge 100 mil idosos, segundo a matéria este percentual deve dobrar a cada 20 anos.
Nos últimos 8 anos desempenhei as minhas funções como servidora pública junto ao Componente Especializado, e pude constatar que esta doença muitas vezes silenciosa, e incompreendida até mesmo pelos familiares que vê por vezes vê as alterações de comportamento do paciente idoso como rabugice , tem sido um desafio ao diagnóstico inicial. Pode-se perceber que é uma doença que tem um prognóstico ruim com alto índice de óbitos , e se não for diagnosticada precocemente a perspectiva de vida do paciente não é nada promissora.
A Dra Rosana Alves, Neurocientista com três pós doutorado, relata em uma de suas palestras, que após atender uma paciente que havia passado por um procedimento cirúrgico recente, a mesma começou apresentar posteriormente comportamento depressivo, embotamento afetivo, isolamento, e perda de sua capacidade de autocuidado, bem como da sua rotina diária , e isolamento social.
Ao questionar os familiares sobre a mudança brusca de comportamento, os mesmos esclareceram que a paciente não havia tido episódios semelhantes anteriormente, e que ela era uma pessoa bem esclarecida, e muito ativa.
Um estudo para investigar a apatia na doença de Alzheimer realizado por S E Starkstein, R Jorge, R Mizrahi, R G Robinson (2007), teve como objetivo verificar o impacto negativo da apatia sobre a progressão da doença. Esse estudo analisou também se a apatia é um indicador significativo de mais rápido declínio cognitivo, funcional e emocional em idosos
‘Os pesquisadores concluíram que a apatia na doença de Alzheimer é um marcador de comportamento de uma demência mais agressiva, caracterizado por uma progressão mais rápida da disfunção cognitiva, funcional e emocional do indivíduo’
De acordo com a Dra Rosana, dentre tantos fatores desencadeador, pôde se constatar que o gatilho que acionou precocemente o quadro de Alzheimer nesta paciente, foi a anestesia e ainda não se sabe ainda o porquê, porém isso é algo mais comum do que possamos imaginar, e deveras passa despercebido.
Geralmente o cuidador destes pacientes também é idoso, e tem uma grande dificuldade de compreensão do comportamento, e estratégias de tratamento, uma vez que a medicação por si só não reverte o prejuízo da memória recente, apenas mantém os sintomas da doença controlada e retarda a progressão (agravamento da degeneração cerebral).
A maioria dos usuários já diagnosticados que fazem uso de medicamentos, e procuram o sistema público com esta patologia é desprovido de condição financeira, o que torna a continuidade do tratamento, (consultas especializadas, exames, medicamentos, ) etc , ainda mais difícil.
É preciso uma mudança de comportamento, e quebra de paradigma visando melhor qualidade de vida, e ter consciência que não é uma doença que acomete somente pessoas idosas.
Pelo contrário, uma matéria disponível no UOL VIVA BEM datada de 23 do Junho de 2019, menciona um estudo feito pela Universidade do Arizona (EUA), e publicado periódico (eLif) com mais de 60 mil pessoas com idade entre 18 e 85 anos no MindCrowd, um dos maiores projetos de avaliação de como funcionam os cérebros saudáveis, nos mostra que a doençapode sim acometer adulto jovem dando os primeiro sinais de prejuízo (defict ) de memória até 40 anos antes, ou seja pessoas na casa do seus 25 anos, no esplendor da juventude
Atenção e cuidados com as doenças crônicas como; diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia, depressão, dormir bem, não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas são algumas recomendações que podem ajudar a prevenir o desencadear da doença.
A neurociência tem comprovado que mudança de hábitos alimentares, atividade física, lazer, buscar novos desafios, novas leituras, aprender até mesmo novas profissões, novas línguas, exercitar o cérebro com atividade que possam corroborar para (neurogênese hipocampal), é a mola propulsora, o caminho que nos conduz para envelhecimento saudável com memória, lucidez e saúde psicoemocional.
Percebe-se que é preciso haver um engajamento entre todos os profissionais da rede, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Médico da Atenção Primária, Enfermeiros, Centro de Referência, Médicos Especialista (Neurologista, Psiquiatras, Geriatras), Psicólogos, Educador Físico, Assistente Social, Família, dentre tantos outros, para o diagnóstico precoce e garantia de sucesso do tratamento.
Em breve seremos parte destes pacientes acima de 60 anos, e envelhecer com qualidade de vida e a mente saudável, significa independência para o nosso autocuidado. Pense Nisso!!!
Autora:
Marta Germano: Esposa, Servidora Pública, Cuidadora Infantil de 0 a 7 anos, Técnica em Enfermagem, Acadêmica de Serviço Social, e uma apaixonada estudante informal da Psicanálise