A entusiasmo do centrão com Tarcísio de Freitas chega a ser quase comovente – se não fosse tão previsível, dado o histórico do grupo em transformar qualquer nome viável em seu novo escudo político e garantia de sobrevivência institucional. Tarcísio, visto como o único que pode unir banqueiros da Faria Lima, aliados bolsonaristas ou condenados ou anistiados por projeto próprio, e os caciques do centrão que defendem o “equilíbrio” — ou seja, proteção mútua para continuar tocando negócios e cegando aliados das operações policiais que, uma vez ou outra, ameaçam chegar perto demais do mundo político.
Nem a aproximação das operações da PF contra o PCC e o esquema bilionário de Faria Lima tirou o sono dos líderes desse bloco, que se apressam em montar uma candidatura onde o nome de Tarcísio serve como fortaleza: quando o cerco aperta (quem nunca?), logo brotam discursos sobre anistia, moderação e projetos nacionais, todos desenhados para proteger quem realmente sustenta o sistema por dentro. Não falta entusiasmo empresarial, agronegócio sorridente, reuniões com banqueiros nem acenos públicos dos craques do centrão como Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto, já de olho na vice-presidência e na garantia de não serem incomodados nem por investigações, nem por escrúpulos.
No fundo, o apoio escancarado a Tarcísio é um investimento mútuo: ele protege o centrão ao manter as operações longe dos corredores do poder, enquanto o centrão o protege das turbulências de um país em que a polícia sempre “descobre” mais do que pode, mas nunca o suficiente para ameaçar quem realmente manda.