Tenho a honra e o prazer de prefaciar esta obra do Prof. Cesar Tólmi, filósofo, psicanalista, idealizador da Neuropsiquiatria Analítica, integrada aos campos clínico, forense, jurídico e social, conferencista, mas acima de tudo, pessoa humana, sensível aos grandes temas e problemas vivenciados pelo povo brasileiro e, de modo geral, pela humanidade. Sou grato por este privilégio!
O Leviatãde Thomas Hobbes é um clássico do pensamento universal. Chamamos de clássica a obra que se caracteriza por ter atributos e valores de tamanha relevância para a humanidade ou parte significativa da sociedade, que se torna, por tais atributos, ATEMPORAL. Em qualquer tempo uma obra clássica é válida, não caduca, não prescreve, não esgota… Ao ser relida contribui para ressignificar um determinado tempo, uma determinada realidade. Não estamos diante de um possível novo clássico? Cesar Tólmi, em seu livro O Leviatã Contemporâneo, assumiu o desafio de nos revelar “o novo ou mesmo verdadeiro formato do monstro”. Com leveza de linguagem, espírito extremamente observador, arguição fundamentada e crítica, analisa “11 pontos-chave”, que como tentáculos, “o Grande Monstro Leviatã mergulha disfarçadamente nas águas profundas e também superficiais da nossa sociedade para impor os seus princípios e valores, quase sempre nefastos. Cada capítulo é uma “leitura da nossa realidade”, contrapondo-se a esse clássico universal, passando pelos grandes temas do nosso tempo: o fenômeno avassalador das redes sociais; o capital, com suas redes múltiplas, que invade nossa vida e rompe em nós os limites da “ética racional”; o constante conflito entre o “estado natural”e o “pacto social”; a influência do comércio na estruturação da personalidade, gerando uma “sociedade de consumo”. O professor Cesar Tólmi descortina o “leviatã”, esse “monstro”que atinge nefastamente o homem na sua relação com o meio, com o ambiente de modo geral, distorcendo valores, definindo a felicidade não como algo a construir, mas como algo a consumir; o robô, a realidade virtual, a inteligência artificial roubando a essência do humano… O
“leviatã”, com seus princípios e valores, interfere na educação das novas gerações, na linguagem, produzindo uma comunicação pouco saudável. Por um lado o penúltimo capítulo é um facho de esperança, analisando o “Ser-aí-em-o mundo”, de Heidegger, demonstrando que é nossa responsabilidade o “ser-aqui-no mundo”, e por outro é uma advertência: “Cuidado, pois o ‘leviatã contemporâneo’ está devorando a humanidade.”.
Cesar Tólmi ressalta, no último capítulo, uma diferença muito importante entre o “Leviatã”de Hobbes e “O Leviatã Contemporâneo”: o primeiro representa o poder governamental, o Estado, e reivindica a importância deste como força reguladora da sociedade, sendo, portanto, um “monstro para proteger o ser homem do próprio ser humano”. Para Hobbes, controlar opiniões é mais importante do que a garantia da liberdade de expressão, porque _segundo Hobbes_ elas podem desestabilizar o Governo. O segundo, isto é, “O Leviatã Contemporâneo”, apresenta o “monstro”não como distinto da sociedade, e sim, como parte dela. O Estado Maior, isto é, o Governo de modo geral, e a sociedade da qual faz parte _salienta o autor do presente livro_ influenciam-se mutuamente, tanto para o bem como para o mal. Cesar Tólmi deixa claro que Governo e sociedade são, simplesmente, extremos de uma mesma coisa: “O Leviatã Contemporâneo”.
Por favor, leitor (a), dê mais uma olhadinha na ilustração da capa: um dos tentáculos do “polvo”, lindo, envolvente, mas que te carrega para um desconhecido caminho de perigos, dor e morte… Leia com calma o presente livro, se conseguir, porque na hora que iniciamos a leitura, queremos continuar e tendemos a nos apressar, desejando saber o que mais o livro tem a nos mostrar, pois é cativante, envolvente, verdadeiro e nos impulsiona à irreflexão.
José Manfroi
Vice Presidente do IDHMS (Instituto de Direitos Humanos de Mato Grosso do Sul), graduado em Filosofia, mestrado e doutorado em Educação, professor, pesquisador e orientador na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB); um dos idealizadores e coordenadores do Programa Estudo dos Clássicos do Curso de Direito (presencial e EAD) com ênfase na filosofia jurídica; participa do programa do PIBIC e do processo de TCC dos cursos de Filosofia e Direito; professor e orientador em cursos de Pós-graduação Lato Sensu de várias Instituições em que ministra as disciplinas de Métodos e Técnicas de Pesquisa e Metodologia do Ensino Superior; colaborador no Departamento de Pós-Graduação Stricto Sensu do Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento Local da UCDB; professor convidado da Escola Superior de Magistratura (ESMAGIS/MS) em que ministra a disciplina de Sociologia do Direito; co-autor em várias obras, entre elas, “Metodologia da pesquisa e do
trabalho científico”, que já se encontra na 5ª edição.
Obs.: prefácio do livro que promete descortinar uma realidade pouco analisada com profundidade.
Autoria:
EPISTEME – Centro de Apoio Acadêmico
E-mail: epistemecaa@gmail.com
