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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Laços inquebráveis: o amor fraterno que supera tudo

Entre seus afazeres domésticos, Ana se recordou de quando criança era muito apegada ao seu irmão Lino, quatorze anos mais novo. Ela o tinha como um filho, o tratava como tal e sua vida era voltada para aquele irmão que ela tanto amava.

Ana sentia que o amor que sentia por Lino era de outras vidas, como se ela tivesse sido presenteada pelo Universo para esse novo encontro terreno.

Lino era introspectivo e muito reservado, ao contrário de Ana. Ela, boêmia por natureza, vivia na noite enquanto Lino se reservava a manter a discrição de viver no seu quarto, o seu mundinho protegido.

Notívagos, ela fora de casa e ele em seu quarto, não tinham nada em comum, a não ser o gosto musical quando Ana apresentou a Lino o rock e ele se encantou pelas músicas.

Ele sempre foi seu melhor amigo. A amizade daqueles irmãos era notável. Era um pelo outro. E foi assim desde sempre.

Lino admirava Ana pela sua costumaz facilidade de viver a vida, sem impor limites, sem pensar no amanhã, pois ela vivia um dia de cada vez sem pensar em projetos para o futuro. Por outro lado, Ana se orgulhava do homem que seu irmão se tornara: era um homem incorruptível; abnegado e focado, tinha princípios de dar inveja a qualquer pessoa ao seu redor e Ana se orgulhava por ele ser assim, mesmo sabendo que ela não tinha os mesmos princípios ou valores provenientes da mesma educação que ambos tiveram de seus pais.

O tempo passou e ele, já com seus trinta e poucos anos, se distanciou de Ana por não concordar com as escolhas de sua irmã e resolveu, então, se afastar dela para dar tempo ao tempo até que ela se encontrasse novamente.

Aquele momento de ausência do irmão fez com que Ana desacreditasse no amor fraternal e ela hibernou por um longo tempo. Sem a presença do irmão em sua vida, chorava copiosamente e pedia ao Universo que reaproximasse os dois novamente.

Ana sofreu muito com a ausência daquele irmão que tanto amava. Era como se um pedaço dela tivesse sido arrancado, um parto à fórceps: sofrido e dolorido. 

Mas, algo dentro de Ana dizia para ela insistir em estar perto do irmão amado e assim ela fez. Foi, pouco a pouco, conquistando novamente a confiança dele e aos poucos restabelecendo a conexão entre os dois. Lino, muito cauteloso, se soltava aos poucos com Ana. O olhar dele já não era o mesmo de anos atrás porque, de alguma forma, ele tinha receio de sofrer pelas escolhas da irmã, então foi meticuloso. Já Ana, intensa como ela só, transbordava carinho em direção a ele, na tentativa de quebrar aquele muro de Berlim que havia sido construído entre os dois e ela, com muita insistência, conseguiu.

Esse reencontro trouxe à baila todo o amor que ficou incubado por tantos anos de distância e Ana não cansava de dizer para Lino o quanto ela o amava na tentativa de preencher aqueles anos em que ficaram silentes um do outro.

Ana pensou que esse momento não iria acontecer novamente, que eles nunca mais se reencontrariam nesta vida, mas, mais uma vez o Universo permitiu que eles tivessem uma segunda chance de cuidar um do outro como sempre fizeram.

Com o passar do tempo, Lino aprendeu que as escolhas de Ana, mesmo que erradas, eram dela e não competia a ele julgar ou sofrer por isso, pelo contrário, viu que ele tinha um importante papel na vida da irmã: o de estar presente e sempre a proteger.

A partir dessa premissa, Lino focou em sua irmã novamente e permitiu que o gelo que havia em seu coração derretesse e ele, enfim, externou todo o seu amor novamente à irmã que tanto amava.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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