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terça-feira, 27 de agosto de 2024

O cotidiano

Eu pego o ônibus todos os dias e vejo o cotidiano de perto. Ele me encara e, ao que me parece, anda cansado, apático, não anda bonito, parece esgotado e sem esperança de nada. Apenas segue. Para onde? Por quê? Aonde quer chegar? Só eu que me faço essa pergunta? Não é possível! Ele quer chegar no fim da semana, no fim do mês, no fim do ano, mas para quê? Eu não entendo. Ou melhor, não entendia nada.

Se apresenta ele a mim, como se apresenta para ele? Ou para ela? Talvez o cotidiano sorria quando olhar para ela e lhe diga que tudo é possível. Uma traição! Ou, talvez, diga para ele que deve lutar, entregar corpo e alma e que sua vida e a de outros depende disso, que é ele quem faz a diferença. Que pena. Uma desilusão.

O cotidiano existe por necessidade para muitos, por sonhos para alguns, e prazer para uns poucos. O que poucos sabem ou sequer procuram saber é que, na verdade, o cotidiano tem mais uma função. Função essa que fica escondida, mantida em segredo. Que se mostra apenas aos que estão dispostos a observar com cautela. O cotidiano esconde a vida. É para isso que ele existe e muitos, com o passar dos anos, vão se esquecer de observar a beleza que o cotidiano carrega — beleza do caos no meio da vida.

Autor:

Eduardo Lira

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