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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Caótica como a primavera

Quando nada sabia sobre primavera e estações, em meados de 2014, coloquei como nome do meu perfil no Instagram: @juprimavera_. Para mim a primavera se vinculava apenas ao florescimento, ou seja, tudo que há de mais lindo nesse planeta.

Sempre tive uma paixão intensa sobre tudo que eu gostaria que fizesse parte da minha personalidade, como: calmaria, paz e passividade. E ao meu ver as flores combinam bastante com meu desejo incessante de ser dona de um temperamento de princesa injustiçada que responde a todos os vilões de sua própria história com gentileza. Como uma menina obediente que morre de medo de decepcionar. Exatamente como a rosa da cantiga “O Cravo Brigou com a Rosa”, que numa briga com o cravo, além de ter saído despedaçada, ainda foi visitá-lo depois que o mesmo ficou doente. Pois, na minha cabeça rosas tinham que ser apenas gentis, não importa pelo que tivessem passado.

Tudo que faz parte de mim e se desvincula dessas características perseguidas pela minha neurose de ser perfeita, sempre me tomou de muita agonia e descontentamento comigo mesma. 

Vivo uma constante desaprovação dos meus atos, praticamente como se tudo que saísse da minha boca fizesse da minha vida uma grande confusão. Como se eu fosse o Chris do seriado “Todo mundo odeia o Chris” ou o Chaves, que volta e meia se esconde no seu barril da auto decepção.

Confesso que após ler várias vezes o pequeno príncipe, custei a assumir que flores podem ser convencidas, melodramáticas e conter atos narcísicos, ou seja, nem sempre com ingenuidade e frescor que inventei na minha cabeça. Às vezes me pergunto de onde vem essa obsessão pelo arquétipo de princesa encantada que me seduziu com cantos, flores, lindos vestidos e no fim não passou de uma história sobre uma mulher que vivia sofrendo, limpando chão, sendo humilhada, renegada e rebaixada, para no fim, só ser feliz quando o filme acaba. Foi então que pensei: nossa! então eu não tenho nada a ver com primavera. Mas após duas primaveras sentidas e observadas de perto, tive a epifania! 

E percebi que muita semelhança existe entre mim e dona primavera. Pois a primavera não se trata apenas do florescimento de belas plantas amarelas, brancas, rosas, vermelhas e azuis. Mas de uma estação caótica que no mesmo dia que faz sol e chove granizo, nasce um arco-íris. Exatamente como aconteceu ontem. É, eu não estava errada, eu sou sim a Juprimavera, com direito a chuvas de uma semana sem parar, até porque se não molhar (chorar) nada irá nascer. 

Autora:

Juliana Sena. Redatora Publicitária – Escritora no blog: O Mundo de Ju Wix. Gosta de escrever crônicas sobre o seu mundo: onde tudo é possível e toda dor é sublimada. Siga seu trabalho nas redes sociais através do Instagram: @primaverapoetica

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