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sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Se você soubesse a vontade dura de viver me daria vida eterna

Se você soubesse a vontade dura de viver me daria vida eterna. Compreendo os lapsos do momento, sou profunda angústia.

Pedir demais da vida é para os iludidos. Eu não quero pedinchar nada. Eu sou o mundo. Direito de não implorar nada e receber tudo.

Adentra dentro de mim e perceba que eu sou Deus. Olha para o que há de verdade e você, vida, se curvará.

É naquela rua escura de transeuntes acelerados que você mira a sua próxima vida. Você tem dois reais, um real, cinquenta centavos? Pode ser dez, dez, centavos. Você tem?

Não tenho nada, senhor, me desculpa (autor). Passo acelerado, drogas do momento. Sinto falta da loucura de minha mãe, e dos conselhos de José, meu amigo.

Ontem, ele passou na rua, quis me esconder. Não posso, não posso, não tenho dois reais e José vem aí. Mas era rua estreita, sem becos nem entradas. José na minha frente, mente acelerada. Se eu pelo menos tivesse um cigarro, e um isqueiro, seria diferente, mas me tremo de desconforto, nem nicotina, nem nada.

Cara, você tá bem? To bem, to bem. Silêncio desconfortável, corpo ansioso, fluxo de drogas. Vamos ali na esquina comprar uma marmita, uma gelada, qualquer coisa. Preciso de nada disso não, Zé. Você tem cigarro, comida, acabei de comer, tô me virando bem, se sabe isso aqui é liberdade. Mente acelerada, corpo ansioso, mente drogada.

Cigarro? que isso cara.

Anda, José desgraçado. Egoísta. Quer dar comida, não cigarro. Eu não disse pra ele que comida eu tinha acabado de comer.

Morreu ontem na avenida 354.

Disseram que tinha brigado, e o mataram. Estão falando por aí que era por causa de um cigarro. O cara era mais louco que ele, mas ele era drogado. Não teve vez.

Morreu ontem na avenida 354, por causa de um cigarro.

Autor:

 Felipe Rocha de Oliveira 

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