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domingo, 1 de setembro de 2024

A mulher da 18 em Israel

Constantemente preocupada, Janice se desdobrava entre seus afazeres domésticos em sua casa e na casa de outras pessoas. 

Mesmo sendo muitas vezes humilhada na casa de seus patrões, não se abalava pelos desprazeres da vida e pedia misericórdia divina e, diante do esgotamento diário, não deixava a educação dos filhos de lado e sempre estava presente  em qualquer situação.

Obstinada, não deixava os problemas do dia a dia a consumir e tentava sempre mostrar os caminhos corretos para que seus filhos pudessem seguir.

Religiosa, estava sempre presente na igreja na tentativa de ver atendidos seus inúmeros pedidos.

Janice era uma mulher guerreira, mas muito desconfiada da vida. Por ter sofrido tanto quando mais nova, principalmente no momento em que se viu expulsa da casa de sua mãe com uma criança no colo e outra em seu ventre, tinha suas reticências em relação às pessoas.

Mas, ela conheceu um senhor que abriu as portas de sua casa e a acolheu até o leito de morte dele. Com ele, aprendeu muito, principalmente o seu altruísmo. Não deixava de  se compadecer da dor do próximo e sempre estava ajudando, seja cuidando de um enfermo, seja com doação de alimentos, mas nunca deixava de ajudar.

Mas, ela também era brava. Não se deixava ser enganada e sempre questionava o que lhe era dito.

Admirava-a de perto e queria ter a fortaleza que ela tinha.

Engajada em querer ter uma vida melhor, foi atrás de novos trabalhos e deixou de lado a vida de doméstica para trás.

Iniciou, então, a atividade de copeira e desempenhava suas atividades com verdadeira abnegação, se destacando em suas funções.

O tempo passou e ela foi se reestruturando devagarinho. 

Com os filhos já criados, resolveu alçar voo para deixar no passado aquela casa da 18 que a havia acolhido quando ainda era jovem de vinte e poucos anos com quatro filhos.

O sentimento de deixar para trás aquela casa, a qual também tivera tantas alegrias, não a fez esmorecer em querer uma vida melhor. E ela foi. O sentimento de pesar por ter deixado a 18 era constante, mas, ela resolveu seguir em frente.

Muito moderada financeiramente, foi guardando um aqui, outro ali, e os filhos, em meio às brincadeiras que faziam com ela, perguntavam sobre o colchão mágico que nunca existiu em sua casa.

Janice ajudava os filhos em tudo que podia. Nunca os deixava sem uma solução e os filhos admiravam a força que ela tinha.

Por conta do seu trabalho, conheceu grande parte dos estados brasileiros, até que quando os filhos perceberam, ela estava de malas prontas para ir a Israel.

Aquela mulher da 18 havia alavancado a sua vida de uma forma tão gigantesca que não tinha mais volta. Era só conquistas que a vida lhe proporcionava e seus filhos, emocionados, pensavam no tanto que ela tinha superado todas as dores pelas quais havia passado na maior parte de sua vida.

Ao vê-la partir para outro continente, os filhos festejaram, brindando à nova fase da vida daquela mulher grandiosa e perceberam que ela havia dado uma guinada e o voo que a vida lhe proporcionou era de muitas vitórias e conquistas.

Nunca duvidaram da força que a mãe deles tinha, mas, ficaram surpresos em como aquela mulher da 18 superaria tudo e teria uma vida a qual sempre sonhou com o fruto do seu trabalho, comprometimento e fé.

Autora:

Patricia Lopes dos Santos

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