O escritor

O escritor. Um ser estranho, inquieto. Fala coisas estranhas e desconexas. Ninguém entende bem. Dá pra entender? Como se entende alguém que não entende a si mesmo? Confuso, não é? O problema do escritor é que ele não é ele mesmo. Isto é, ele não é apenas ele, compreende? Ele é o conjunto de várias histórias dentro de uma só. E essas histórias gritam, loucas pra sair, para serem contadas, mas o escritor precisa escrever a história dele também, não é? Ele precisa viver, precisa respirar, comer, dormir, ler, etc.

Em alguns momentos o escritor está em paz. Ele trabalha, escreve o que gosta (com tranquilidade) e se contenta com sua mera existência. Mas em outros, as histórias vêm subitamente, inesperadamente, e ele se vê descontente. Como uma dor aguda e que parece interminável e não importa o que faça, nada a cura. O escritor pensa que vai morrer.

Ainda mais quando a luta é somente sua. Ah! Aí ele é um coitado! Os mais próximos não o entendem e como já estabelecemos antes, como poderiam entender, não é? Mas, nas raras exceções, quando ele conhece outros escritores, a vida parece que ameniza um pouco. Ele percebe que não está louco e se estiver, sua loucura não parece tão desvairada a estes poucos.

O escritor não dorme, ele sonha. Acorda cansado. Inquietações da mente, suspiros do coração. Escrever é uma doença e pega, viu? Pega rápido que nem gripe. Mas escrever também é uma terapia, um alívio, um grito por socorro, talvez. E o que é o escritor? Um contador de histórias, um terapeuta e um paciente. Um sonhador, um lunático que se recusa a enxergar a realidade como ela é. E por que deveria?

Acima de tudo isso, o escritor é humano. Talvez, o ato de escrever seja o ato mais humano que um ser humano possa ter. Porque é na escrita que falamos, pensamos, sentimos e existimos. Ser escritor é uma enorme responsabilidade e a maioria não vai aceitar.

Autor:

Eduardo Henrique de Lira