Vivemos uma era de vitrines. Onde todo mundo quer parecer inteligente, bem-sucedido, equilibrado e pleno. O feed é uma exposição de conquistas. Gente correndo maratona, fechando contrato, ganhando prêmio, trocando a biomassa de banana pelo brioche francês.
É o mundo dos filtros — e não só os do Instagram.
Só que tem um detalhe: ninguém posta boleto atrasado. Ninguém faz stories do jantar de arroz com ovo. E ninguém, absolutamente ninguém, publica a dor de cabeça causada pela solidão ou o medo de estar ficando para trás.
Aí, no silêncio da comparação, a gente começa a achar que tá fracassando.
Mas olha só que curioso: o fracasso é democrático. Ele já visitou CEOs e estagiários, empreendedores e poetas, atletas e aposentados. E, se você ainda não foi visitado por ele… espera.
O fracasso nunca me subiu à cabeça — como dizia o Pereio.
Frase torta, mas certeira.
Porque, diferente do sucesso, o fracasso não ilude. Ele mostra. Escancara. Rasga a fantasia do “tá tudo bem” e convida a gente a se olhar no espelho sem maquiagem.
O fundo do poço, minha amiga Cris Paz já disse, é o lugar mais visitado do mundo. E sabe por quê? Porque é lá que a gente reaprende a subir. É lá que nasce o tal do caráter, a humildade, a reinvenção.
O fracasso já sentou na minha sala, pegou café, abriu a geladeira.
Já dormiu no sofá.
Já dividiu silêncio comigo.
E quer saber? Foi ele quem me ensinou a reconhecer o que vale a pena.
Porque enquanto o sucesso empina o nariz, o fracasso te dobra.
E dobrado… a gente finalmente aprende a levantar.
Will Fiori é autor do livro Diversa-IDADE e um dos principais nomes quando o assunto é diversidade geracional no Brasil. Com mais de 20 anos de atuação, tem liderado transformações profundas no mercado ao aproximar marcas, pessoas e gerações. Estrategista e inovador, participou da construção de marcas icônicas como Bigfral, Addera e Benegrip, deixando sua marca em gigantes como Hypera e Ontex Global. Foi citado no livro Longevity Hub, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), como o maior especialista brasileiro em longevidade. Professor no Hospital Israelita Albert Einstein e convidado da FIA, UFRJ, PUC-SP e INSPER, tem levado o futuro da longevidade para o centro das decisões corporativas. Seu trabalho já foi reconhecido com prêmios da ONU Latin America e com o Selo Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo.