Quantas vezes você passa o dia todo falando, resolvendo, entregando… mas sem escutar ninguém de verdade?
A história de Kevin Berthia, na Golden Gate Bridge, não é apenas sobre tentativa de suicídio. É sobre ausência. Sobre o peso de não ter espaço para existir sem julgamento, sem interrupção, sem a pressa de quem já quer resolver.
Em 2005, Kevin já acumulava 22 internações psiquiátricas, dívidas impagáveis e um silêncio interno que berrava. Quando subiu na grade da ponte, não levava apenas o corpo — levava a dor de anos sem escuta. Sem alguém que dissesse: “fala, eu tô aqui”.
Mas naquele dia, algo diferente aconteceu.
O sargento Kevin Briggs não tentou ser herói. Não deu discurso. Não trouxe soluções mágicas. Ele apenas ouviu.
Por 92 minutos, ele ficou ao lado de Kevin. Olhou nos olhos. Silenciou junto. Escutou com o corpo inteiro.
E isso foi suficiente.
No livro Diversa-IDADE, que escrevi com Tati Gracia, dedicamos um capítulo inteiro à escuta ativa, porque acreditamos que ela é o verdadeiro ponto de partida para qualquer transformação — seja na vida de alguém à beira do colapso, seja nas empresas que buscam engajar seus times com mais humanidade.
Escutar salva. Escutar transforma.
Escutar conecta.
Na liderança, nas relações e no cotidiano, a escuta ativa é o gesto mais poderoso — e mais negligenciado — que podemos oferecer.
Kevin Berthia sobreviveu. E hoje é um ativista que fala sobre o poder da escuta.
Mas naquele dia, tudo começou com alguém que simplesmente disse:
“Ei… espera um minuto…”
E você? Quem está ao seu lado, esperando o seu silêncio para poder finalmente falar?
Willians Fiori é neurocientista, psicanalista e referência em saúde mental, empatia e escuta ativa no ambiente corporativo. É autor do livro Diversa-IDADE, professor do Hospital Israelita Albert Einstein e palestrante sobre temas que unem ciência, humanidade e transformação organizacional.
