No período, mais de 200 animais marinhos foram resgatados vivos em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, entre eles, albatrozes, petréis, tartarugas e pinguins
Nesta terça-feira, dia 10 de junho, o Instituto Albatroz completa um ano de execução do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BC/ES) da Petrobras em parte da Região dos Lagos. No período, 569 animais marinhos entre aves e tartarugas foram recolhidos (216 vivos e 353 mortos) nas 25 praias monitoradas – de Unamar, em Cabo Frio, à Prainha, em Arraial do Cabo, passando pelas praias de Búzios – somando 54 quilômetros de litoral. A realização do PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.
Neste primeiro ano foram realizadas 55 solturas de animais marinhos reabilitados – entre elas, um grupo de oito pinguins-de-Magalhães e um albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos). Adicionalmente, espécies raramente vistas na região, como dois petréis-gigantes (Macronectes giganteus), uma pardela-preta (Procellaria aequinoctialis) e um rabo-de-palha-de-bico-vermelho (Phaethon aethereus), reintegrados ao seu habitat natural. Para completar a festa, na Semana do Meio Ambiente, duas pardelas-escuras (Ardenna grisea) e uma pardela-de-barrete (Ardenna gravis) reabilitadas pelo Instituto foram devolvidas para a natureza.
Gaivotas, atobás, fragatas e trinta-réis, entre outras aves marinhas típicas da região, também foram soltas no período. Contudo, apesar do sucesso dessas solturas, o Instituto enfrenta desafios significativos, como a morte de muitas aves e tartarugas devido à ingestão de plásticos descartados nas praias e intoxicação por alimentos fornecidos por banhistas. Estes incidentes evidenciam a necessidade urgente de conscientização ambiental e de medidas para mitigar a interação prejudicial entre a vida selvagem e as atividades humanas.
Temporada de Pinguins
Vale lembrar que, a partir do mês de junho até meados de setembro, os pinguins estão em migração, em busca de águas mais quentes e maior disponibilidade de alimentos, que se tornam escassos na Patagônia durante o inverno. Durante este período, muitos pinguins acabam nas praias da nossa região devido ao cansaço extremo ou doenças. Nestes casos – e, também, nos casos de tartarugas marinhas, outras espécies de aves marinhas e mamíferos marinhos (vivos ou mortos) – os banhistas devem acionar imediatamente o PMP-BC/ES através do telefone 0800 991 4800.
É importante ressaltar que, ao encontrar um pinguim na praia, não se deve tentar devolvê-lo ao mar, alimentá-lo ou tocá-lo. Não os coloque em recipientes com água ou gelo, pois eles já estão sofrendo com o frio. É fundamental ressaltar a importância de não tirar fotos com animais encontrados na natureza, especialmente aqueles que estão feridos ou debilitados. Esses animais já estão experienciando altos níveis de medo e ansiedade, e manipulá-los para fotos pode não apenas intensificar essas sensações como também agravar quaisquer ferimentos que possam ter.
Resgate e Reabilitação
O monitoramento de praias pelo Instituto Albatroz é feito diariamente a pé e com o uso de quadriciclos por técnicos e monitores. Durante a atividade, aves e tartarugas marinhas encontradas vivas pelas equipes de campo são encaminhadas para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da fase de transição, em Araruama, também sob responsabilidade do Instituto Albatroz. Os animais encontrados sem vida também seguem para o CRD, onde são submetidos à necropsia para que a causa da morte seja determinada, sempre que possível.
No CRD, as aves marinhas passam por tratamento e são reavaliados para atestar se estão aptos a serem soltos, o que ocorre após a marcação com anilhas metálicas (no caso de aves voadoras) cedidas pelos Centros Nacionais de Conservação e Pesquisa (CEMAVE). Já os pinguins, ao invés de receberem anilhas, são equipados com nano chips subcutâneos. Essas medidas permitem o acompanhamento caso os animais apareçam novamente, mesmo em outra região. O CRD conta com uma equipe formada por médicos veterinários e tratadores. As tartarugas marinhas resgatadas vivas são estabilizadas no CRD de transição do Instituto Albatroz e então seguem para reabilitação no CRD do Instituto BW para a Conservação e Medicina da Fauna Marinha (IBW).
Em animais mortos é realizada necropsia para identificar a causa da morte e avaliar se houve interação com atividades humanas, como embarcações, petrechos de pesca ou ingestão de resíduos não biodegradáveis (como plástico, linhas de pesca, isopor, balões e outros).
O Instituto Albatroz está presente em Cabo Frio desde 2014 e também realiza o Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras. O projeto conta com um Centro de Visitação e Educação Ambiental Marinha às margens da Lagoa de Araruama, oferecendo um circuito imersivo sobre os ecossistemas da Região, os albatrozes e petréis e as ameaças que enfrentam, além da Cultura Oceânica. Durante a visita, é possível compreender melhor a relação entre os animais que vivem no oceano e o impacto das atividades humanas na conservação dessas espécies.
Sobre o PMP
O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da PETROBRAS de produção e escoamento de petróleo e gás natural, conduzido pela Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Marinhos e Costeiros (CGMAC) da Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
O PMP está inserido em quatro núcleos, atuando nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (onde está inserida a Região dos Lagos), Sergipe-Alagoas e Potiguar. Eles abrangem o litoral de dez estados, somando três mil quilômetros de costa brasileira. O projeto tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo e gás sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.
A coleta desses dados fornece informações valiosas sobre essas espécies, contribuindo significativamente para a formulação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade marinha. A população também pode contribuir, acionando as equipes de monitoramento ao avistar um animal marinho vivo ou morto nas praias, através do telefone 0800 991 4800.



Sobre o Instituto Albatroz
O Instituto Albatroz é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que desde 2003 trabalha em parceria com o poder público, empresas pesqueiras e pescadores para a conservação de albatrozes e petréis que se alimentam em águas brasileiras. O Instituto Albatroz coordena o Projeto Albatroz, que atualmente conta com bases em Cabo Frio (desde 2014), Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC) e Rio Grande (RS).
Telefone de contato para acionamento do PMP-BC/ES na Região dos Lagos: 0800 991 4800
Autora:
Gracie Croce