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quarta-feira, 11 de junho de 2025

Instituto Albatroz completa um ano de execução do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) na Região dos Lagos

No período, mais de 200 animais marinhos foram resgatados vivos em Cabo Frio, Búzios e parte de Arraial do Cabo, entre eles, albatrozes, petréis, tartarugas e pinguins

Nesta terça-feira, dia 10 de junho, o Instituto Albatroz completa um ano de execução do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP-BC/ES) da Petrobras em parte da Região dos Lagos. No período, 569 animais marinhos entre aves e tartarugas foram recolhidos (216 vivos e 353 mortos) nas 25 praias monitoradas – de Unamar, em Cabo Frio, à Prainha, em Arraial do Cabo, passando pelas praias de Búzios – somando 54 quilômetros de litoral. A realização do PMP-BC/ES é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama. 

Neste primeiro ano foram realizadas 55 solturas de animais marinhos reabilitados – entre elas, um grupo de oito pinguins-de-Magalhães e um albatroz-de-nariz-amarelo (Thalassarche chlororhynchos). Adicionalmente, espécies raramente vistas na região, como dois petréis-gigantes (Macronectes giganteus), uma pardela-preta (Procellaria aequinoctialis) e um rabo-de-palha-de-bico-vermelho (Phaethon aethereus), reintegrados ao seu habitat natural. Para completar a festa, na Semana do Meio Ambiente, duas pardelas-escuras (Ardenna grisea) e uma pardela-de-barrete (Ardenna gravis) reabilitadas pelo Instituto foram devolvidas para a natureza.

Gaivotas, atobás, fragatas e trinta-réis, entre outras aves marinhas típicas da região, também foram soltas no período. Contudo, apesar do sucesso dessas solturas, o Instituto enfrenta desafios significativos, como a morte de muitas aves e tartarugas devido à ingestão de plásticos descartados nas praias e intoxicação por  alimentos fornecidos por banhistas. Estes incidentes evidenciam a necessidade urgente de conscientização ambiental e de medidas para mitigar a interação prejudicial entre a vida selvagem e as atividades humanas. 

Temporada de Pinguins

Vale lembrar que, a partir do mês de junho até meados de setembro, os pinguins estão em migração, em busca de águas mais quentes e maior disponibilidade de alimentos, que se tornam escassos na Patagônia durante o inverno. Durante este período, muitos pinguins acabam nas praias da nossa região devido ao cansaço extremo ou doenças. Nestes casos – e, também, nos casos de tartarugas marinhas, outras espécies de aves marinhas e mamíferos marinhos (vivos ou mortos) – os banhistas devem acionar imediatamente o PMP-BC/ES através do telefone 0800 991 4800

É importante ressaltar que, ao encontrar um pinguim na praia, não se deve tentar devolvê-lo ao mar, alimentá-lo ou tocá-lo. Não os coloque em recipientes com água ou gelo, pois eles já estão sofrendo com o frio. É fundamental ressaltar a importância de não tirar fotos com animais encontrados na natureza, especialmente aqueles que estão feridos ou debilitados. Esses animais já estão experienciando altos níveis de medo e ansiedade, e manipulá-los para fotos pode não apenas intensificar essas sensações como também agravar quaisquer ferimentos que possam ter.

Resgate e Reabilitação

O monitoramento de praias pelo Instituto Albatroz é feito diariamente a pé e com o uso de quadriciclos por técnicos e monitores. Durante a atividade, aves e tartarugas marinhas encontradas vivas pelas equipes de campo são encaminhadas para o Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) da fase de transição, em Araruama, também sob responsabilidade do Instituto Albatroz. Os animais encontrados sem vida também seguem para o CRD, onde são submetidos à necropsia para que a causa da morte seja determinada, sempre que possível.

No CRD, as aves marinhas passam por tratamento e são reavaliados para atestar se estão aptos a serem soltos, o que ocorre após a marcação com anilhas metálicas (no caso de aves voadoras) cedidas pelos Centros Nacionais de Conservação e Pesquisa (CEMAVE). Já os pinguins,  ao invés de receberem anilhas, são equipados com nano chips subcutâneos. Essas medidas permitem o acompanhamento caso os animais apareçam novamente, mesmo em outra região. O CRD conta com uma equipe formada por médicos veterinários e tratadores. As tartarugas marinhas resgatadas vivas são estabilizadas no CRD de transição do Instituto Albatroz e então seguem para reabilitação no CRD do Instituto BW para a Conservação e Medicina da Fauna Marinha (IBW).

Em animais mortos é realizada necropsia para identificar a causa da morte e avaliar se houve interação com atividades humanas, como embarcações, petrechos de pesca ou ingestão de resíduos não biodegradáveis (como plástico, linhas de pesca, isopor, balões e outros).

O Instituto Albatroz está presente em Cabo Frio desde 2014 e também realiza o Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras. O projeto conta com um Centro de Visitação e Educação Ambiental Marinha às margens da Lagoa de Araruama, oferecendo um circuito imersivo sobre os ecossistemas da Região, os albatrozes e petréis e as ameaças que enfrentam, além da Cultura Oceânica. Durante a visita, é possível compreender melhor a relação entre os animais que vivem no oceano e o impacto das atividades humanas na conservação dessas espécies.

Sobre o PMP

O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) foi desenvolvido para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da PETROBRAS de produção e escoamento de petróleo e gás natural, conduzido pela Coordenação Geral de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Marinhos e Costeiros (CGMAC) da Diretoria de Licenciamento Ambiental (DILIC) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). 

O PMP está inserido em quatro núcleos, atuando nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo (onde está inserida a Região dos Lagos), Sergipe-Alagoas e Potiguar. Eles abrangem o litoral de dez estados, somando três mil quilômetros de costa brasileira. O projeto tem como objetivo avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo e gás sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos. 

A coleta desses dados fornece informações valiosas sobre essas espécies, contribuindo significativamente para a formulação de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade marinha. A população também pode contribuir, acionando as equipes de monitoramento ao avistar um animal marinho vivo ou morto nas praias, através do telefone 0800 991 4800.

Sobre o Instituto Albatroz

O Instituto Albatroz é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que desde 2003 trabalha em parceria com o poder público, empresas pesqueiras e pescadores para a conservação de albatrozes e petréis que se alimentam em águas brasileiras. O Instituto Albatroz coordena o Projeto Albatroz, que atualmente conta com bases em Cabo Frio (desde 2014), Santos (SP), Itajaí e Florianópolis (SC) e Rio Grande (RS).

Telefone de contato para acionamento do PMP-BC/ES na Região dos Lagos: 0800 991 4800

Autora:

Gracie Croce

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